BM26 - InterMETAL

www.intermetal.pt 2025/3 26 Preço:11 € | Periodicidade: 4 edições por ano | Julho, Agosto, Setembro 2025 A chapa metálica molda o mundo de amanhã, e nós moldamos o mundo da chapa metálica. As nossas soluções tornam muito simples até o corte mais preciso e a dobragem mais complexa. Vamos moldar o futuro juntos hoje. bystronic.com Solutions as unique as your business

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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_intermetal@interempresas.net www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 26 – Julho, Agosto, Setembro 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 Indústria metalomecânica no centro da nova vaga de investimento sueco em Portugal 10 Entrevista com André Castro Pinheiro, diretor-geral da Fuchs Portugal 12 INEGI promove debate sobre o impacto real da IA na indústria 14 EMO 2025 promete inovação, diálogo e networking para os visitantes portugueses 18 Expositores apostam em soluções para produção mais sustentável, eficiente e automatizada 24 Indústria da defesa em debate na EMAF 2025 29 EMAF 2025: tecnologia, sustentabilidade e parcerias que impulsionam a indústria ibérica 32 25 anos de igus em Portugal 38 ISQ participa em projeto europeu que torna veículos elétricos 15% mais leves 40 Hexagon participa no projeto do maior reator de fusão nuclear em construção 42 CePHIM – Centro Híbrido de Produção Inteligente para Estampagem 48 Risco, resiliência e reinvenção: a história de sucesso da Epalfer 50 Bystronic implementa novas funções na Xpert Pro para uma produtividade otimizada 54 Especialista em... Tratamento térmico de metais 56 Os requisitos de dados do ciclo térmico 58 Em segurança se solda, corta e molda metais… [3] 62

4 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Roboplan representa Drives & Motion da Yaskawa A Roboplan continua a ampliar o seu portefólio de produtos e é agora representante oficial da área ‘Drives & Motion’ da Yaskawa para o mercado português. Desta forma, a empresa alicerça a posição no mercado nacional com uma área de negócio complementar à sua atividade principal na área da robótica industrial. Com a nova oferta de produtos Drives & Motion da Yaskawa, a Roboplan garante uma resposta mais ampla às necessidades dos seus clientes que procuram os variadores de frequência, servomotores/servopacks, e controladores de movimento de alto desempenho da marca japonesa, concebidos para oferecer precisão inigualável, eficiência e fiabilidade nas suas aplicações industriais. Projeto europeu Weldify promove formação qualificada na área da soldadura O projeto europeu Weldify, ‘Formação Avançada em Soldadura para uma Indústria Digital, Sustentável e Inclusiva’, arrancou com o objetivo de modernizar a formação em soldadura e responder aos novos desafios tecnológicos, ambientais e laborais deste setor. O objetivo do projeto é preparar a futura força de trabalho europeia para enfrentar a crescente procura por profissionais qualificados em setores estratégicos como o automóvel, que representa aproximadamente 7% do emprego na União Europeia e que enfrenta uma escassez de soldadores e técnicos especializados. Os programas de formação do Weldify contemplam tecnologias como a realidade aumentada e virtual, robótica, interação homem-máquina e digitalização dos processos de soldadura, com o objetivo de melhorar a produtividade, a segurança e a sustentabilidade dos ambientes industriais. Um dos principais objetivos é a criação de um kit educativo virtual, compatível com os sistemas europeus de transferência de créditos académicos ECTS e ECVET e adaptado às normas europeias em vigor. Além disso, irá incorporar um sistema de microcredenciais digitais integradas no Europass, facilitando o reconhecimento das competências adquiridas a nível internacional. Financiado com cerca de 1,5 milhões de euros pelo programa Erasmus+ da União Europeia (UE), o Weldify é coordenado pelo Centro de Investigação e Tecnologia Hellas (CERTH) e conta com a participação de 13 organizações de 10 países europeus.

5 Novas tarifas sobre metais ameaçam exportações europeias A indústria global de metais enfrenta uma fase de forte instabilidade, marcada pela imposição de novas tarifas sobre o aço e o alumínio, a transição energética e o excesso de capacidade instalada. De acordo com um estudo da Crédito y Caución, o setor deverá registar um crescimento modesto de 2,2% em 2025 e apenas 0,7% em 2026. As novas tarifas aduaneiras, aplicadas pelos Estados Unidos, terão um impacto significativo sobre as exportações europeias, afetando produtos no valor de 26 mil milhões de euros — cerca de 5% do total exportado pela UE para o mercado norte-americano. A Alemanha, com forte exposição no setor automóvel, e a Itália, décimo maior fornecedor de metais para os EUA, serão dos países mais atingidos. Fora da Europa, o Canadá também será severamente afetado, já que 87% das suas exportações de aço em 2024 tiveram como destino os EUA. A China, embora pouco dependente do mercado norte-americano neste setor, enfrenta os seus próprios desafios, como a desaceleração da construção e a sobrecapacidade produtiva. Por outro lado, a Índia destaca-se pelas perspetivas positivas, prevendo-se um crescimento da produção metalúrgica de 6,1% em 2025 e 6,5% em 2026, impulsionado pelo crescimento económico e urbanização. Além das questões comerciais, a transição para uma produção mais sustentável impõe investimentos elevados, difíceis de suportar por muitas empresas, e levanta dúvidas sobre a disponibilidade de eletricidade verde. O futuro do setor dependerá da sua capacidade de equilibrar competitividade, sustentabilidade e resiliência. EDITORIAL Na indústria metalomecânica, tecnologias como a inteligência artificial, o fabrico aditivo, as máquinas multifunções ou a robótica colaborativa estão a mudar o panorama no chão de fábrica, com benefícios comprovados na produtividade das empresas. No entanto, escolher a solução certa para cada projeto nem sempre é tarefa fácil, principalmente se tivermos em conta aspetos como a novidade dos equipamentos/soluções, a integração nas linhas de produção pré-existentes, a garantia de assistência técnica ou a facilidade de operação. Neste processo de escolha, além de consultar meios de comunicação especializados, é importante poder ver os equipamentos ao vivo e conversar com os especialistas de cada marca para conhecer pormenores que muitas vezes não estão nos catálogos ou nos sites das empresas. É por isso que visitar uma feira profissional continua a ser tão relevante. Principalmente se nela participarem todos os grandes fabricantes, como é o caso da EMO, marcada para o final de setembro. Nesta edição da InterMetal levantamos o véu sobre algumas das novidades que vai poder encontrar em Hanôver, muitas delas em estreia mundial. Contamos-lhe também um pouco do que vimos em junho, na EMAF, um certame que ao longo de 20 edições se posicionou como a principal montra de inovação industrial na Península Ibérica e cuja procura atual excede, em muito, a oferta de espaço disponível - uma limitação apontada por vários expositores como de “resolução urgente”. Ainda no âmbito da EMAF, a conferência ‘Future Summit – Indústria de Defesa’ reuniu indústria, academia, associações e poder político para debater o futuro de um setor com potencial para transformar a economia do país. Saiba o que por lá se disse na reportagem da página 29. Nesta edição, inauguramos uma nova rúbrica que dá voz a especialistas nos vários processos de transformação de metais (começamos pelo tratamento térmico) e incluímos um caderno dedicado ao processamento de chapa metálica, onde pode ler a história de sucesso da Epalfer, atualmente, um dos principais fabricantes europeus independentes de ferramentas para a indústria automóvel. Uma nota final para a entrevista ao novo diretor-geral da Fuchs, André Castro Pinheiro, que sucede a Paul Cezanne, após 30 anos de liderança do eterno ‘Mr. Fuchs’, a quem desejamos uma reforma feliz! A si, caro leitor, desejamos boas férias. Voltamos em setembro com mais novidades sobre o setor! Feiras, tecnologia e informação: a receita para diminuir os riscos de investimento

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Hasco Portuguesa inaugura novas instalações Mercado de robôs industriais retrai em 2024, mas perspetiva para 2025 é de recuperação gradual O mercado global de robôs industriais registou uma retração em 2024, com as remessas a caírem 2,4%, totalizando cerca de 505 mil unidades. Esta desaceleração, aliada à queda do preço médio por unidade (ARPU), resultou numa diminuição de 5,8% nas receitas face a 2023. A quebra foi transversal às principais regiões, com destaque para a EMEA, que registou uma contração de 8,1%. Fonte: Relatório Interact Analysis Industrial Robot – 2025 Apesar do abrandamento, há sinais de estabilização. Indicadores da indústria transformadora nos EUA e na China apontam para uma recuperação desde o segundo semestre de 2024. O Japão destaca-se como barómetro de confiança: no primeiro trimestre de 2025, as encomendas de robôs cresceram 32,2% e as exportações 22,8%. Para 2025, prevê-se um aumento de 5% nas remessas, embora as receitas devam crescer apenas 2,6%, pressionadas pela erosão contínua dos preços. Entre 2018 e 2024, o ARPU caiu de 31.100 para 25.600 dólares. A concorrência agressiva, especialmente no segmento de robôs colaborativos (cobots), tem sido determinante neste declínio. Estes sofreram as maiores quedas de preço devido à entrada de fabricantes de baixo custo, com o ARPU a descer 6,4% em 2023 e 4,1% em 2024. A previsão para 2025 aponta para nova redução de 3,5%. O mercado tornou-se mais fragmentado: os dez principais fornecedores, que incluíam os líderes tradicionais Fanuc, Yaskawa, ABB e Kuka, viram a sua quota conjunta recuar de 64,6% para 62,3% em 2024. A debilidade da procura automóvel e a ascensão de novos players especializados têm acelerado esta tendência. Em suma, embora 2024 tenha sido um ano de ajuste, os fundamentos estruturais da robótica industrial mantêm- -se sólidos. A recuperação dos ciclos de investimento e a evolução tecnológica deverão impulsionar um novo ciclo de crescimento, embora marcado por margens mais apertadas e competição intensificada. Receitas de robôs industriais por região. As três principais regiões registaram uma queda nas receitas em 2024, e espera-se um crescimento moderado em 2025. Fonte: Interact Analysis. No início de junho, a Hasco Portuguesa mudou-se para novas e modernas instalações em Leiria. A cerimónia de inauguração contou com a presença de vários clientes e parceiros que, juntamente com a Hasco, desempenharam um papel fundamental na evolução da indústria portuguesa. O evento proporcionou aos convidados a oportunidade de conhecer o novo espaço, de design moderno, bem como a abordagem da empresa orientada para o futuro. O ponto alto da cerimónia foi a entrega de prémios a cerca de 40 empresas nacionais, reconhecidas como Parceiros de Referência Originais da Hasco. A iniciativa, em vigor desde 2017, reconhece a lealdade dos clientes que confiam nos produtos originais da multinacional alemã. A Hasco opera em Portugal há 36 anos. Liderada pelo diretor-geral Nuno Gomes, a equipa portuguesa apoia os clientes locais da indústria de ferramentas e moldes com assistência técnica, soluções inovadoras e económicas e um serviço “de primeira classe”.

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER CE esclarece regras da concorrência para licenças no setor automóvel A Comissão Europeia emitiu uma orientação sobre formação de grupo de negociação de licenças para patentes essenciais no setor automóvel. O novo enquadramento 'antitrust' para o licenciamento de tecnologias padronizadas visa reforçar a competitividade do setor automóvel europeu. A carta de orientação divulgada destina-se a esclarecer as regras da concorrência no contexto da criação de um grupo de negociação de licenças no setor automóvel — o Automotive Licensing Negotiation Group (ALNG). Este grupo terá como objetivo negociar licenças para utilização de tecnologias abrangidas por patentes essenciais a normas (Standard Essential Patents, ou SEPs). A iniciativa enquadra-se no Plano de Ação Industrial para o setor automóvel europeu, apresentado em março de 2025, e pretende aumentar a competitividade do setor ao facilitar o acesso a tecnologias fundamentais para a inovação e transição digital. A metalomecânica automóvel, fortemente dependente da adoção de novas tecnologias e da integração de sistemas digitais, poderá beneficiar de um ambiente regulatório mais claro e eficiente no acesso a tecnologias padronizadas. Assi, o ALNG representa uma oportunidade para os fabricantes e fornecedores otimizarem custos de licenciamento, promoverem a inovação e acelerarem a transição para a mobilidade inteligente e sustentável. Conselho adota posição sobre reciclagem de veículos em fim de vida O Conselho da União Europeia adotou uma posição sobre um novo regulamento que visa reforçar a economia circular no setor automóvel, através de regras mais exigentes para o tratamento de veículos em fim de vida (VFV). A proposta estabelece requisitos para que os veículos sejam concebidos de forma a facilitar a sua reutilização, reciclagem e valorização, incluindo metas obrigatórias de conteúdo reciclado. O regulamento alarga o âmbito a camiões pesados, motociclos, quadriciclos e veículos especiais (como ambulâncias e gruas móveis), exigindo estratégias de circularidade e rotulagem de peças. Para reduzir a burocracia, os fabricantes apresentarão estratégias por categoria de veículo e o passaporte digital de circularidade será harmonizado com outras legislações da UE. A responsabilidade alargada do produtor é reforçada: os fabricantes terão de cobrir custos de transporte e reciclagem, incluindo os de veículos com origem desconhecida. O Conselho clarificou ainda as regras para entrega e tratamento de VFV, proibindo a trituração mista com outros resíduos, salvo se cumpridos critérios de qualidade. Na exportação de veículos usados, serão aplicados controlos aduaneiros automáticos para evitar fraudes. Esta reforma insere-se no Pacto Ecológico Europeu, visando reduzir o impacto ambiental de um setor responsável por um elevado consumo de aço, plástico, alumínio e outros materiais. O novo regulamento substituirá diretivas anteriores e deverá agora ser negociado com o Parlamento Europeu.

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER SSAB vai fornecer à Volvo Cars aço reciclado com emissões quase nulas A Volvo Cars assinou um acordo com o fabricante de aço sueco SSAB para o fornecimento de aço reciclado, de alta qualidade e com emissões quase nulas, com entregas previstas a partir de 2025. É o primeiro fabricante de automóveis a celebrar um contrato deste tipo com a SSAB para utilização na produção em série. O aço será inicialmente produzido na fábrica da SSAB no Iowa (EUA) e, posteriormente, na Suécia. Parte do material será incorporado em componentes do futuro SUV elétrico EX60 e noutros modelos baseados na arquitetura SPA3 da próxima geração. Além de comprar aço reciclado, a Volvo Cars implementou um sistema de economia circular, vendendo a sua própria sucata de aço, ajudando a manter o valor dos materiais num sistema de ciclo fechado. O aço reciclado da SSAB, produzido com cerca de 100% de conteúdo reciclado, reduz significativamente as emissões de CO2 em comparação com o aço convencional fabricado na Europa, sem comprometer os padrões de segurança, resistência ou durabilidade. Investigadores da Universidade de Coimbra tornam modelos de IA mais explicáveis para a indústria Uma equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu uma metodologia inovadora que torna modelos complexos de Inteligência Artificial (IA) mais compreensíveis e confiáveis em contextos industriais. O desafio da explicabilidade é crítico em ambientes onde a segurança e a eficiência operacionais dependem da confiança nos sistemas automatizados. A abordagem baseia-se em lógica difusa e numa arquitetura do tipo professor-aluno (knowledge distillation), onde um modelo sofisticado (NFN-LSTM), que combina redes neuronais com lógica difusa, serve de base para treinar um modelo mais simples e interpretável (NFN-MOD). Este modelo mais acessível recorre a funções com entradas atrasadas, permitindo simular a memória temporal dos processos industriais de forma clara e eficaz. Testada com sucesso em dois casos reais — uma unidade de recuperação de enxofre e um processo de moagem na indústria cimenteira —, a metodologia conseguiu replicar com elevada precisão os comportamentos dos modelos complexos, ao mesmo tempo que fornecia explicações transparentes sobre eventos críticos, como picos de emissões ou variações nos resíduos. Segundo Jorge S. S. Júnior, doutorando no DEEC/FCTUC, a nova técnica oferece ainda uma análise contextual que ajuda os operadores a interpretar diferentes cenários industriais e a tomar decisões mais informadas. O estudo, orientado por Jérôme Mendes (CEMMPRE) e coorientado por Cristiano Premebida (ISR), contou com a colaboração de Francisco Souza (imec-NL) e foi publicado na IEEE Transactions on Fuzzy Systems, tendo sido destacado como ‘Research Frontier’ pela IEEE CIS Newsletter.

9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER USE 2027: a nova feira internacional de soldadura e corte Estão abertas as inscrições para a USE 2027 – The Ultimate World of Cutting and Welding - Urban Steel Expo, um novo e inovador formato de feira internacional que terá lugar em Düsseldorf, de 20 a 23 de abril de 2027. Organizada pela Messe Düsseldorf, pretende de reunir os principais líderes do setor da soldadura e corte num evento quadrienal que integrará tecnologia de ponta, tendências futuras e um forte enfoque internacional. Sob o mote ‘Faíscas, Precisão, Alta Tecnologia’, a USE 2027 destina-se a decisores empresariais, gestores de produção, universidades, associações e profissionais da indústria transformadora. O evento abordará temas centrais como digitalização, Indústria 4.0, automação, IA, machine learning, fabrico aditivo, corte a laser, novos materiais e sustentabilidade. Promecel investe 2,5 milhões e reforça aposta no setor da defesa A Promecel, empresa metalomecânica de Braga, está a investir 2,5 milhões de euros numa nova linha de produção dedicada a componentes óticos para o setor da defesa. O projeto visa responder às exigências de um novo cliente sueco e poderá aumentar a faturação da empresa dos atuais 11 milhões para 15 milhões de euros até 2027, segundo o jornal Eco. Um dos destaques será o Urban Steel Rockstars (USR), um espaço que alia experiências ao vivo, masterclasses e formatos interativos, com o objetivo de atrair novos públicos e profissionais mais jovens. Mais de 30 especialistas e expositores já confirmaram presença, reforçando o interesse do setor por este novo modelo de feira. A USE 2027 promete ser mais do que um evento comercial: será uma plataforma para intercâmbio, inovação e construção do futuro das indústrias de soldadura e corte. A nova unidade, já instalada no Parque Industrial de Adaúfe, permitirá fabricar peças como miras para equipamentos militares. A Suécia poderá assim tornar-se o principal mercado da Promecel, representando até 40% da faturação, ultrapassando a França. Apesar de uma quebra nas vendas em 2024, a empresa espera recuperar este ano e atingir 13 milhões de euros em 2026. A diversificação setorial e o foco em produtos de elevado valor tecnológico são pilares estratégicos. A partir de julho, a Promecel inicia também a produção de componentes para sistemas de combate a drones, em parceria com um cliente europeu. Com 116 colaboradores, a empresa exporta 95% da produção e atua em setores como náutica, relojoaria de luxo, bicicletas e parques infantis. Com 6.000 m² de fábrica, a prioridade atual passa pela aquisição de equipamentos para reforçar a produtividade, mantendo a competitividade num setor exigente.

10 INVESTIMENTO Indústria metalomecânica no centro da nova vaga de investimento sueco em Portugal As empresas suecas estão a reforçar a sua presença industrial no país, com destaque para a produção de aço verde, mineração e tecnologias de defesa. O volume de investimento deverá aumentar significativamente em 2025. A indústria metalomecânica portuguesa poderá beneficiar de forma expressiva da nova vaga de investimento das empresas suecas, que planeiam aumentar a sua presença no país ao longo de 2025. Segundo o mais recente inquérito ‘Business Climate Survey’, conduzido pela Business Sweden, pela Embaixada da Suécia e pela Câmara de Comércio Luso-Sueca, 51% das empresas suecas a operar em Portugal planeiam reforçar o investimento nos próximos 12 meses — um salto face aos 41% registados no ano anterior. Este crescimento será particularmente vincado nas empresas que se instalaram no mercado português a partir de 2020, das quais 68% pretendem aumentar o investimento ainda este ano. A tendência é reforçada pelos dados do Banco de Portugal, que revelam que o stock de Investimento Direto Estrangeiro sueco atingiu 3,1 mil milhões de euros no final do primeiro trimestre de 2025, com mais de 1,3 mil milhões investidos desde 2019. A confiança das empresas é sustentada por uma visão otimista sobre a evolução da economia portuguesa: 73% das empresas suecas esperam crescer em 2025 e 76% registaram lucros em 2024. AÇO VERDE, MINERAÇÃO E DEFESA: APOSTAS ESTRATÉGICAS PARA A METALOMECÂNICA Entre os projetos em curso com maior impacto potencial no setor metalomecânico destaca-se o investimento da Stegra, que pretende instalar em Sines uma unidade de produção de aço verde e hidrogénio, com um investimento previsto de até 2,7 mil milhões de euros e arranque de operações em 2030. Este projeto representa uma oportunidade estratégica para posicionar Portugal como polo de produção industrial sustentável na Península Ibérica. A Stegra pretende instalar em Sines uma unidade de produção de aço verde e hidrogénio, com um investimento previsto de até 2,7 mil milhões de euros.

11 INVESTIMENTO Na área da metalurgia e mineração, a Boliden concluiu recentemente a aquisição da mina de Neves-Corvo, em Castro Verde — um ativo de grande relevância para o fornecimento de metais base, com impacto direto na cadeia de valor da transformação metálica. Também no domínio das tecnologias industriais, a Corpower instalou em Viana do Castelo o primeiro sistema nacional de conversão de energia das ondas em eletricidade, reforçando a presença sueca em soluções de transição energética com integração em sistemas industriais. No setor da Defesa, que tem ligações diretas à indústria metalomecânica através de componentes estruturais, aeroespaciais e sistemas de suporte, a Saab está a posicionar-se como fornecedora estratégica para a modernização das Forças Armadas portuguesas. A apresentação do caça Gripen E durante os AED Days em Oeiras demonstra a intenção sueca de participar em futuras parcerias industriais, potenciando a cooperação bilateral em engenharia avançada e fabrico de equipamentos de defesa. PORTUGAL COMO PLATAFORMA INDUSTRIAL PARA A SUÉCIA A maioria das empresas suecas atualmente em operação em Portugal chegou após 2019 e atua em setores como automóvel, energético, saúde, segurança, bens de consumo e digitalização. Nomes como Volvo Car Portugal, Ericsson, Securitas, Essity e Diaverum têm vindo a consolidar a marca sueca no tecido económico nacional. Para Elizabeth Eklund, Embaixadora da Suécia em Portugal, “o investimento sueco em Portugal está para continuar, alicerçado na confiança mútua e num ambiente económico favorável ao crescimento industrial”. A diplomata salienta ainda que “Portugal reúne condições únicas para atrair projetos industriais, combinando energias limpas, infraestrutura sólida, uma força de trabalho altamente qualificada e forte conectividade internacional”. Já Jennifer Ekström, presidente da Câmara de Comércio Luso-Sueca, sublinha o papel diferenciador do país no contexto europeu: “Portugal destaca- -se pelo capital humano qualificado, domínio do inglês, um ecossistema inovador dinâmico e incentivos públicos estratégicos para a indústria.” Num momento em que a Europa acelera a reindustrialização e a transição energética, a aposta sueca no mercado português posiciona-se como uma oportunidade para o fortalecimento da base industrial nacional, em especial nos setores metalomecânicos de alto valor acrescentado e elevada intensidade tecnológica. n

ENTREVISTA 12 ANDRÉ CASTRO PINHEIRO, DIRETOR-GERAL DA FUCHS PORTUGAL "Lubrificantes inovadores e de qualidade tornam os processos mais eficientes e sustentáveis" André Castro Pinheiro assumiu recentemente a Direção Geral da Fuchs Portugal, sucedendo a Paul Cezanne após mais de 30 anos de liderança. Com uma meta ambiciosa de crescimento – atingir 20 milhões de euros em volume de negócios até 2027 –, o novo responsável aposta numa estratégia centrada na especialização industrial, na assistência técnica e na sustentabilidade. Em entrevista, revela como o serviço Fuchs Care e o novo conceito Advanced Circular Technologies (ACT) estão a reforçar o posicionamento da empresa como parceiro estratégico da indústria metalomecânica em Portugal. Luísa Santos Suceder a Paul Cezanne, que ocupou o cargo de CEO da Fuchs Portugal durante mais de três décadas, é certamente um desafio importante. Como o encara? Quando entrei na Fuchs, em 2019, já sabia que ia encarar esse desafio. Desde o primeiro momento que me fascinam a dimensão, o espírito pioneiro e a cultura empresarial desta centenária multinacional alemã de cariz familiar com, atualmente, 71 empresas, 42 fábricas e mais de 6800 colaboradores no mundo. O Grupo Fuchs está sempre um passo à frente, a nível tecnológico e sustentável. Fazer parte desta rede global e contribuir, na Fuchs Portugal, para o sucesso do Grupo é uma tarefa desafiante. O seu plano já traçado aponta para um volume de negócios de 20 M€ até 2027 (contra 15,5 M€ em 2024). Que iniciativas considera decisivas para atingir essa meta? Considero decisivo para o nosso crescimento orgânico praticar e comunicar as vantagens de trabalhar connosco: o acesso às soluções inovadoras e aos Serviços de Assistência Técnica. Somos o maior fabricante independente de lubrificantes do mundo, com mais de 10 mil produtos e aplicações específicas. No entanto, disponibilizar os produtos mais avançados a nível tecnológico e ambiental, não chega. A orientação na sua aplicação e a manutenção regular são essenciais para garantir a lubrificação perfeita e a máxima performance dos produtos. Na Fuchs, temos soluções inovadoras para as mais diversas indústrias e uma equipa dedicada. Somos verdadeiros parceiros. Ajudamos e acompanhamos os nossos clientes com uma equipa técnica, um laboratório em Portugal e o serviço Fuchs Care.

ENTREVISTA 13 O crescimento estratégico foi apresentado no início do ano como um dos principais objetivos da empresa a médio prazo. Quais são os principais mercados-alvo deste plano de crescimento? Posso dizer que os mercados-alvo são praticamente todas as indústrias existentes em Portugal, já que a nossa vasta gama disponibiliza soluções para as mais diversas utilizações. A estratégia inovadora que nos permite crescer é a abordagem muito especializada por segmento, com foco e especialistas por mercado. A sustentabilidade é uma das bandeiras da empresa. Em que se traduz esta aposta? Foi há 15 anos que o Grupo Fuchs definiu a sustentabilidade como prioridade. Desde então tem investido fortemente na transição energética. Em 2020, alcançou a neutralidade em CO2 na produção. Em 2024, lançámos o conceito ACT – Advanced Circular Technologies – para transformar a cadeia de valor linear para circular. E este ano devemos conseguir passar para 100% de energia verde em todas as localizações, a nível global. Exatamente, em que consiste o novo conceito ACT? O ACT é programa e convite ao mesmo tempo. É programa a nível interno com o objetivo de transformar a cadeia de valor de linear para circular, sem comprometer o desempenho superior que é sinónimo da Fuchs. É convite a nível externo, já que levamos os nossos mais de 100.000 clientes a reduzirem, connosco, a sua própria pegada de carbono. A eletrificação de veículos e máquinas tem impacto na atividade da Fuchs? Em que medida? A eletrificação implica requisitos adicionais aos lubrificantes. Para a Fuchs significa uma oportunidade para se destacar e prestar, também nesta evolução, serviços e lubrificantes pioneiros. Desenvolver soluções para a nova mobilidade já é uma prioridade dos nossos engenheiros de Investigação & Desenvolvimento. A nossa gama BluEV é a gama específica para veículos elétricos e híbridos. Desenvolvemos também fluídos para arrefecimento de baterias, que permitem o carregamento de um carro em 10 minutos. A entrada da empresa no mercado das baterias de iões de lítio é uma forma de colmatar esse possível impacto? Foi uma forma de reforçar a nossa posição ativa na transformação energética. Com este investimento na E-Lyte, a Fuchs entra no mercado em rápido crescimento dos eletrólitos, que estão a tornar-se componentes essenciais das baterias de iões de lítio para a mobilidade elétrica. O serviço Fuchs Care proporciona um acompanhamento técnico completo – da aspiração à nova emulsão. Que vantagens competitivas concretas oferece este serviço aos vossos clientes da indústria metalomecânica? As empresas que contratam o serviço Fuchs Care ganham tempo e eficiência, já que a equipa técnica da Fuchs, composta por um técnico, um engenheiro de aplicação e um gestor de produto, garante um suporte especializado para resolver problemas específicos de lubrificação e optimizar processos industriais. Assim, as máquinas- -ferramenta estão sempre perfeitamente lubrificadas e protegidas, o que garante a sua máxima performance e longevidade. Para além disso, o serviço Fuchs Care contribui, de forma notável, para melhorar a sustentabilidade, através de soluções sustentáveis que ajudam a reduzir o impacto ambiental e a melhorar a eficiência energética. Recentemente, divulgaram o case study da Imoplastic, que já utiliza este serviço e que relata benefícios objetivos como redução de desperdício, eficiência energética e maior vida útil de máquinas. Ponderam desenvolver indicadores de desempenho (KPIs) comparativos que permitam aos clientes avaliar claramente os ganhos face a lubrificantes genéricos ou serviços menos especializados? Apesar de os serviços especializados Fuchs Care serem, reconhecidamente, essenciais para a otimização de processos industriais, os indicadores de desempenho variam e são específicos por indústria ou processo, pelo que uma comparação entre clientes, ou KPIs desenvolvidos por nós, não é viável. Quais considera que são os principais desafios que a indústria metalomecânica portuguesa enfrenta atualmente? Para além dos desafios transversais a todas as indústrias, como a necessidade constante de inovação, de mão de obra qualificada e de processos sustentáveis, penso que, atualmente, o principal desafio da indústria metalomecânica está na dependência da indústria automóvel e na necessidade urgente de diversificação. Como é que os lubrificantes industriais da Fuchs podem ajudar a enfrentá-los? O papel dos lubrificantes inovadores e de qualidade é tornar os processos mais eficientes, alcançando níveis superiores de desempenho de forma mais sustentável. Numa frase, é este o nosso contributo para todas as indústrias, nomeadamente para a metalomecânica. Podemos esperar novos lançamentos para estes setores nos próximos tempos? Com toda a certeza! Os cerca de 600 engenheiros e cientistas da Fuchs, dedicados em exclusivo à I&D, trabalham diariamente para nos oferecer novas soluções de lubrificação. n

14 EVENTO INEGI promove debate sobre o impacto real da IA na indústria A quarta edição da InConference, organizada pelo INEGI, reuniu academia, indústria e especialistas para analisar, com pragmatismo, os desafios, oportunidades e impactos da Inteligência Artificial no setor industrial. Num contexto de rápida transformação tecnológica, o INEGI voltou a posicionar-se como palco privilegiado para o debate entre academia e indústria, promovendo a quarta edição da InConference. Este ano, o foco foi a Inteligência Artificial (IA) e o seu impacto real na indústria, com intervenções que cruzaram a análise ética, os desafios técnicos e a experiência prática de empresas portuguesas. A sessão de abertura ficou a cargo de Pedro Rodrigues, presidente do Conselho Geral e de Supervisão do INEGI e vice-reitor da Universidade do Porto. O responsável defendeu uma abordagem equilibrada à IA, reconhecendo o seu imenso potencial, mas também os riscos associados, como a manipulação social e política. Destacou ainda que a Revolução Industrial 5.0 traz um novo paradigma, onde a colaboração entre humanos e tecnologia, com foco na sustentabilidade e no bem-estar, se sobrepõe à simples automatização. Pedro Rodrigues enalteceu o papel da União Europeia, através do ‘Roteiro das Tecnologias Industriais’, e sublinhou a necessidade de o desenvolvimento tecnológico respeitar os limites ambientais e colocar o ser humano no centro. Realçou também o contributo do INEGI, que opera em áreas como sistemas inteligentes, biomecânica e processos industriais, e valorizou o esforço da Universidade do Porto na formação avançada, com o lançamento de um mestrado em Engenharia Artificial. DA TEORIA À PRÁTICA: IMPLEMENTAR CONHECIMENTO NA INDÚSTRIA Sílvia Garcia, da Agência Nacional de Inovação (ANI), trouxe para o palco a experiência acumulada no terreno. Com um passado ligado à aplicação da IA em contexto industrial, destacou a importância de colar a academia à realidade empresarial. Segundo a responsável, esta aproximação tem sido feita através de programas como o Portugal 2020, colabs, redes de interface e Digital Innovation Hubs (DIH). Apresentou dados concretos: entre 2021 e 2024, Portugal captou 244 milhões de euros para projetos colaborativos no âmbito do programa Horizonte Europa, com destaque para os setores da saúde e do espaço. No total, o investimento em IA no âmbito do Portugal 2020 ascendeu a 524 milhões de euros. Apesar destes números, alertou que o grande desafio está na implementação prática: “A IA não é só tecnologia. É pessoas, é cultura organizacional, é transformação estrutural.” No dia 29 de maio, o Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões recebeu mais de 200 pessoas para debater o impacto transformador da inteligência artificial (IA) na indústria.

15 EVENTO A IA JÁ TEM 70 ANOS, MAS O FUTURO AINDA AGORA COMEÇOU Goreti Marreiros, presidente da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial e docente do ISEP, protagonizou a keynote principal, lembrando que a IA não é uma novidade — fará 70 anos em 2026. Fez uma revisão histórica da tecnologia e salientou a viragem de 2015-2017, com avanços como o AlphaGo, que catapultaram a IA para o centro do interesse industrial. Apontou que, apesar da crescente sensorização das indústrias e da capacidade de recolher dados, a aplicação da IA no setor ainda é limitada. Destacou três pilares fundamentais para a adoção eficaz da tecnologia: explicabilidade, escalabilidade e aprendizagem contínua. Alertou ainda para o impacto da IA no emprego: até 2030, 71% da força de trabalho portuguesa precisará de formação adicional, segundo o Fórum Económico Mundial. Goreti Marreiros defendeu uma IA ética e sustentável, salientando que a nova regulamentação europeia (AI Act) deve ser entendida como uma garantia de confiança, e não como um entrave à inovação. “A IA é aquilo que nós quisermos que seja”, concluiu. CASOS REAIS DEMONSTRAM MATURIDADE CRESCENTE DA IA INDUSTRIAL O debate da manhã prosseguiu com uma mesa-redonda moderada por Catarina Lázaro, onde empresas como Vista Alegre, Bosch, Amkor Portugal e o próprio INEGI partilharam experiências concretas de aplicação da IA. Na Vista Alegre, Diogo Teixeira destacou a adoção de IA na gestão documental e na inspeção de defeitos em cerâmica. No INEGI, Daniel Pina deu exemplos como a deteção automatizada de bolhas de ar na moldação de compósitos. Jorge Ferreira, da Amkor, explicou como a empresa processa 300 milhões de imagens por dia para controlo de qualidade, enquanto Tiago Sacchetti, da Bosch, destacou a utilização de IA na geração de imagens sintéticas e na gestão da cadeia de fornecimento. O painel refletiu ainda sobre a competitividade de Portugal. Para os oradores, a IA é uma ferramenta essencial para ultrapassar os desafios dos custos e da produtividade. Contudo, foram unânimes na necessidade de reforçar a automatização e a recolha de dados como base para uma adoção sustentada. A colaboração entre grandes grupos, PME e centros de conheciwww.sorma.net Desde 1950, somos especialistas na distribuição de ferramentas diamantadas e de corte. Ao longo destes anos, crescemos, inovámos como poucos e hoje podemos dizer com orgulho que: abrimos filiais em França, Alemanha e Espanha, contamos com mais de 100 colaboradores na nossa sede em Veneza, gerimos um centro logístico de 4.000 m² em Marcon, enviamos os nossos produtos para mais de 60 países. E este ano, damos mais um passo em frente: reunimos num único catálogo Sorma as nossas linhas Nikko e Osawa, as marcas que há 20 anos definem a nossa seleção de ferramentas integrais e de fixação mecânica. Há 75 anos que construímos a Sorma passo a passo, porque para nós, a credibilidade, a seriedade e a excelência não são apenas três palavras, mas um compromisso que se renova todos os dias. 75 ANOS A CONSTRUIR SORMA. 1950 - 2025 Produtos distríbuidos por Sorma Ibérica Tools S.L. - Barcelona - info@sormaiberica.com Sorma - Nikko tools Sorma - Osawa tools

16 EVENTO A InConference 2025 reafirmou o papel do INEGI como ponte entre conhecimento e indústria, e deixou claro que a Inteligência Artificial já não é uma possibilidade futura — é uma realidade presente. mento foi apontada como crítica para acelerar a curva de adoção. REGULAÇÃO, SUSTENTABILIDADE E TALENTO: TEMAS INCONTORNÁVEIS A sustentabilidade emergiu como fator decisivo. Os intervenientes alertaram para o consumo energético da IA, mas também mostraram como a tecnologia pode gerar poupanças, por exemplo, ao reduzir desperdícios nas linhas de produção. A regulamentação, em particular o AI Act europeu, foi debatida com reservas. Se, por um lado, pode atrasar a inovação, por outro, é vista como necessária Pedro Rodrigues, presidente do Conselho Geral e de Supervisão do INEGI e vicereitor da Universidade do Porto, traçou o panorama de um mundo em rápida transformação, onde a IA se tornou “uma realidade palpável e presente nos diversos movimentos de atividade humana”. para garantir confiança e transparência nos sistemas. O consenso parece ser o de que a Europa legisla mais do que lidera — e Portugal deve posicionar-se como utilizador rápido e eficaz de soluções existentes. A retenção de talento foi outro ponto- -chave. Com uma elevada capacidade de formação, Portugal enfrenta dificuldades em manter os recursos humanos especializados. Programas de ‘upskilling’ e ‘reskilling’ foram defendidos como ferramentas essenciais para preparar a força de trabalho para uma nova era. CONCLUSÃO: O MAIOR RISCO É NÃO AGIR A tarde da conferência continuou com uma mesa-redonda dedicada ao ‘Roadmap para a Transformação’, com representantes de empresas como a Sonae Arauco, Inductiva.AI, DareData e BA Glass. As discussões reforçaram as mensagens da manhã: é tempo de agir, formar, adaptar e integrar a IA de forma responsável e pragmática. Como resumiu Tiago Sacchetti, da Bosch: “O maior risco hoje é não fazer nada.” Num mundo cada vez mais competitivo e automatizado, a integração inteligente da IA será determinante para a sobrevivência e o crescimento das empresas industriais portuguesas. n Tiago Sacchetti, diretor ibérico da Bosch Industry Consulting, reforçou a importância de especialização em nichos e da colaboração entre grandes grupos e PME.

PROCESSAMENTO INOVADOR DE CHAPA SECATOR 2 MESSER CUTTING SYSTEMS OFERECE-LHE UMA MÁQUINA CUSTOMIZADA DE CORTE MANUAL PORTÁTIL DESTINADA AO SETOR METALURGICO A nossa máquina oferece uma maior produtividade, melhor qualidade de corte e uma melhor experiência do utilizador. Para cortes rectos, curvos, circulares ou em tiras. Descubra todo um mundo de possibilidades com a máxima eficiência. messer-cutting.com

18 EMO 2025 PROMETE INOVAÇÃO, DIÁLOGO E NETWORKING PARA OS VISITANTES PORTUGUESES Sob o lema 'Innovate Manufacturing', a EMO Hannover 2025 representa a inovação, a internacionalidade, a inspiração e o futuro da metalomecânica. Como nenhum outro evento, a feira líder mundial em tecnologias de produção apresenta toda a cadeia de valor: das máquinas-ferramenta, sistemas de produção e processos aditivos, às ferramentas de precisão e automatização, passando pelos sistemas de medição, controlo de qualidade, software e acessórios. Os grupos-alvo são os impulsionadores globais da indústria: engenharia mecânica, indústria automóvel e aeronáutica, indústria metalúrgica e de transformação de metais, tecnologia médica, alimentação de energia, eletrónica e muitas outras. Foto: Rainer Jensen / VDW.

19 “Enquanto plataforma para o diálogo entre todos os intervenientes internacionais do setor — fabricantes e utilizadores — a EMO é única no mundo”, enfatizou Markus Heering, diretor-executivo da VDW, a Associação Alemã de Fabricantes de MáquinasFerramenta, organizadora do certame, durante a apresentação digital da EMO, realizada a 15 de maio. Em 2023, mais de 1.800 expositores de 45 países atraíram para a EMO cerca de 92 mil visitantes profissionais de quase 140 países. De Portugal, a feira recebeu cerca de 500 visitantes. PORTUGAL REFORÇA A SUA IMPORTÂNCIA COMO MERCADO DE AQUISIÇÃO Heering salientou que, nos últimos anos, Portugal tem vindo a aumentar de forma constante a sua importância como mercado de aquisição. Desde peças de precisão metálicas até componentes para o setor automóvel e tecnológico — as empresas alemãs, em particular, dependem da cooperação com parceiros portugueses. Os investidores estrangeiros valorizam o grande número de pequenas empresas inovadoras, o ambiente empresarial favorável e o papel cada vez mais importante da investigação e desenvolvimento. Portugal dispõe de mão de obra qualificada e devidamente formada. A engenharia mecânica é um dos setores mais inovadores. Em 2024, foram produzidas em Portugal máquinas-ferramenta no valor de cerca de 90 milhões de euros. Foram exportados produtos no valor de 75 milhões de euros. O volume das importações totalizou 181 milhões de euros, o que representa mais de 90% da procura interna. A Alemanha é o fornecedor mais importante, com uma quota de mercado de 22,8%. As indústrias clientes mais importantes para a metalomecânica portuguesa, como a engenharia mecânica e a indústria automóvel, estão fortemente representadas entre os visitantes na feira. “Os visitantes profissionais da EMO vêm de todo o mundo e todos eles são potenciais clientes”, sublinhou Markus Heering. “Na EMO, podem ficar a conhecer a mais recente oferta de máquinas-ferramenta, soluções e serviços a nível mundial, assim como novos fornecedores e perspetivas, e podem também iniciar potenciais novas relações com fornecedores”, afirmou. Portugal vai estar representado por três empresas: Cheto, Palbit e Vorpco. Além de tecnologia de máquinas inovadora, fornecem também soluções de ferramentas em metal duro e materiais ultraduros, assim como sistemas e componentes industriais para máquinas-ferramenta CNC. A gama de serviços está orientada para os dispositivos médicos, o transporte ferroviário, a indústria aeronáutica e espacial, assim como a defesa, entre outros. FOCO NAS MEGATENDÊNCIAS MUNDIAIS A indústria enfrenta desafios semelhantes em todo o mundo: a concorrência intensifica-se. Os investidores aguardam. Os custos aumentam, tal como a procura por produtos sustentáveis. Ao mesmo tempo, a escassez de mão de obra especializada dificulta o progresso, enquanto a integração de novas tecnologias, como a inteligência artificial e a manufatura aditiva, exige formação contínua. Na EMO 2025, mais de 1.400 expositores de 40 países irão apresentar soluções para estes desafios, com especialistas a discutir as megatendências da automatização, digitalização, inteligência artificial e sustentabilidade do setor. A AUTOMATIZAÇÃO COMO MOTOR DA EFICIÊNCIA NO SETOR A automatização aumenta a eficiência e a qualidade dos processos de fabrico. Durante a EMO, os visitantes vão poder encontrar as mais variadas soluções neste campo, das mais simples, como trocadores de paletes e sistemas de handling, até às mais complexas, que permitem automatizar toda a fábrica com sistemas autopropelidos, resultado do esforço de modernização que muitos expositores estão a realizar para modernizar as suas máquinas. No stand conjunto ‘Cobot Area’ estarão em exposição os robôs colaborativos As indústrias clientes mais importantes para a metalomecânica portuguesa, como a engenharia mecânica e a indústria automóvel, estão fortemente representadas entre os visitantes na feira. Foto: Rainer Jensen / VDW.

20 e as suas possibilidades de aplicação, bem como componentes complementares como garras, soluções para processamento de imagem, sistemas de medição, software, eletrónica industrial, sistemas de alimentação e muito mais. OBJETIVO: AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA METALOMECÂNICA Nos últimos anos, muitos países comprometeram-se a tomar medidas para uma maior proteção climática e a investir na transformação verde da sua indústria. Portugal iniciou a transição energética numa fase embrionária e assegurou uma boa posição de partida para a produção de hidrogénio verde. A sustentabilidade na produção centra- -se na redução do consumo de energia e de materiais e na introdução de uma economia circular. “Muitas medidas individuais conduzem a este objetivo. Os investimentos em novas máquinas Stand da DMG MORI na EMO 2023. Este ano, a empresa japonesa volta a participar no certame. Foto: Rainer Jensen / VDW.

21 permitem, por exemplo, poupar cerca de 25% da energia”, afirma Markus Heering, descrevendo a sua experiência. Também os motores elétricos modernos e as novas tecnologias de acionamento permitem poupar uma quantidade considerável de eletricidade em comparação com a geração anterior. Outras alavancas incluem tecnologia de regulação melhorada, conceção otimizada de aplicações de ar comprimido e hidráulicas ou tecnologia de rolamentos e de guias com fricção minimizada. A 'Sustainability Area' na EMO 2025 é o ponto de encontro ideal para experimentar soluções de última geração para a produção sustentável do futuro. As empresas expostas nesta área prometem fornecer informações detalhadas sobre as tendências da eficiência energética, a integração de energias renováveis, a economia circular e os conceitos de ciclo de vida. Estes Juntas, a automatização e a digitalização contribuem para aumentar a eficiência e a transparência dos processos de fabrico. Foto: Rainer Jensen / VDW. não só promovem a proteção do clima, como também reduzem os custos de produção em tempos de escassez de energia e de matérias-primas. A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ALIA-SE À DIGITALIZAÇÃO PARA MAIOR PRODUTIVIDADE Graças à indústria dos semicondutores, tecnologias de digitalização como a Internet das Coisas (IoT) permitem aos utilizadores tornar os seus processos de produção mais inteligentes, através da monitorização e comando em tempo real de máquinas e processos. Entre outras vantagens, a digitalização cria transparência em relação à eficiência dos processos de fabrico e facilita a manutenção preditiva. Agora, junta-se a isso a inteligência artificial, que promete acelerar a análise de dados, para uma maior produtividade e novos modelos de negócio. Na EMO 2025, o stand conjunto

22 MAIS DETALHES SOBRE A FEIRA • Data: 22 a 26 de setembro de 2025 • Horário: 9:00 - 18:00 • Local: Deutsche Messe | Messegelände | 30521 Hannover • Organização: Associação Alemã de Fabricantes de MáquinasFerramenta (VDW) • Tópicos em destaque: - Automação - IA e digitalização - Sustentabilidade • Site Oficial: https://emo-hannover.com/ • Bilhetes: https://visitors.emo-hannover.de/en/application/ticket-shop/ index-2 - Diário: 36€ - Cinco dias: 65€ - Estudantes e reformados: 12€ Componentes mais complexos requerem conceitos de ferramentas adaptados. A Schunk mostra como as extensões de ferramentas permitem que os portaferramentas existentes sejam utilizados sob alta pressão, utilizando lubrificante refrigerante.. Foto: Rainer Jensen / VDW. 'AI + Digitalization Area' mostra aos investidores da indústria as mais recentes oportunidades de conexão em rede associadas à inteligência artificial. Esta é também uma oportunidade para os fabricantes portugueses destacarem as suas competências neste domínio. O FUTURO DA METALOMECÂNICA EUROPEIA Os progressos nos três domínios (automatização, digitalização e sustentabilidade) estão a estimular os investimentos e a aumentar a procura por tecnologias de produção inovadoras, como as de fabrico aditivo. Atenta a esta tendência, a VDW reservou nesta edição da feira um espaço exclusivamente dedicado a este segmento, denominado 'Additive Manufacturing', onde serão destacadas as mais recentes aplicações no domínio da manufatura aditiva. Mas as novas tecnologias trazem consigo um desafio importante: a qualificação dos trabalhadores. A Fundação Alemã para a Formação de Jovens Engenheiros Mecânicos (Nachwuchsstiftung Maschinenbau, ou NWSMB), com instalações industriais e sede em Frankfurt am Main, participa na EMO exatamente com esse propósito: fortalecer a próxima geração de trabalhadores qualificados para os desafios do futuro. Através de medidas de apoio específicas, a Nachwuchsstiftung Maschinenbau ajuda o setor a manter-se inovador e competitivo a longo prazo. No stand especial dedicado à formação de jovens (pavilhão 7), a Fundação irá mostrar também como a educação pode ser alinhada de forma ideal com os requisitos atuais da tecnologia e da digitalização nas empresas. Finalmente, destaque para a ‘Startup Area’, localizada no pavilhão 6, onde as jovens empresas inovadoras terão oportunidade de apresentar as suas soluções pioneiras. 50 ANOS DE INOVAÇÃO Em 2025, a EMO cumpre o seu 50.º aniversário. Fundada em 1975, há meio século que reúne os conhecimentos do setor e desempenha um papel de liderança na moldagem do futuro da metalurgia. Tornou-se uma instituição global e uma data fixa no calendário dos profissionais desta indústria. “Em 2025, a EMO em Hannover voltará a ser o ponto de encontro de eleição para toda a metalomecânica internacional. Isto mostra de forma impressionante o caminho que já percorremos e o potencial que ainda temos pela frente”, conclui Heering. O atual lema da EMO Innovate Manufacturing é, portanto, mais do que um simples slogan. É um apelo, em particular, a todos os fornecedores e utilizadores europeus para que explorem sem hesitações as possibilidades das novas tecnologias. A oferta da EMO irá proporcionar-lhes muita inspiração e novas ideias. n

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