www.intermetal.pt 2025/1 24 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Janeiro, Fevereiro, Março 2025 - Nº 24 | www.intermetal.pt «Deitar fora qualquer um consegue … » www.mewa.pt/servicocompleto Mewa. Panos de limpeza reutilizáveis com serviço completo.
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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_intermetal@interempresas.net www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 24 – Janeiro, Fevereiro, Março 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 Entrevista com Rui Borges, diretor de vendas da DMG MORI em Portugal 10 Fabricantes de moldes reúnem-se em maio na Moulding Expo 15 Energia: onde tudo começa e onde tudo pode acabar 18 O impacto do novo Sistema de Incentivo à Transição Climática e Energética na indústria metalomecânica 20 O papel dos metais na transição energética 24 Schaeffler utiliza ‘closed loop engineering’ para otimizar turbinas eólicas 26 Máxima precisão e vida útil das ferramentas para o setor da energia eólica 28 Novas regras, novos desafios: o que vai mudar na indústria dos materiais de construção 30 Audi financia investigação para aumentar a reciclagem de metais 34 RODI Cycling aumenta qualidade e sustentabilidade com a Mewa 37 “A realidade económica e geopolítica atual exige uma ação decisiva” 40 5 tendências mundiais na área da robótica para 2025 44 Siemens ajuda fabricantes a reduzir dependência de protótipos físicos 46 Estratégias-chave para uma manutenção eficiente das máquinas-ferramenta 48 Metrologia 3D portátil: a melhor solução para diversos processos de fabrico 50 Guia para uma fresagem eficiente 54 Principais benefícios da implementação de uma célula de soldadura robotizada 56 Coordenação, certificação e qualificação em soldadura 58 Superior TIG 422 Wave: potência, precisão e inteligência 60 Em segurança se solda, corta e molda metais… [1] 62
4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Portal Xperience apoia transformação digital das empresas O Portal Xperience centraliza informações detalhadas sobre os Polos de Inovação Digital e as Test Beds disponíveis em Portugal. Esta iniciativa, promovida pela Cotec, com o apoio da Agência Nacional de Inovação (ANI), enquadra-se nas medidas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e visa acelerar a transformação digital de empresas e instituições públicas, incentivando a experimentação e a implementação de tecnologias de ponta. Os Polos de Inovação Digital oferecem um leque de serviços que inclui testes antes do investimento, formação em competências digitais, acesso a financiamento e apoio a projetos de incubação e aceleração. Estas estruturas estão organizadas em torno de áreas estratégicas como ‘Inteligência Artificial’, ‘Cibersegurança’ e ‘Computação de Alta Performance’. Por sua vez, as Test Beds disponibilizam infraestruturas e know-how para que startups e PME possam testar e validar produtos ou serviços digitais em condições reais, tanto físicas como virtuais, permitindo-lhes evoluir a maturidade tecnológica dos seus projetos. Com um total de 17 Polos e 47 Test Beds distribuídos por diversos setores – incluindo Indústria, Saúde, Mobilidade, Turismo e Economia Circular – o Portal Xperience posiciona-se como um catalisador do ecossistema de inovação nacional. A gestão dos Polos de Inovação Digital e Test Beds está a cargo da ANI, enquanto a Cotec Portugal é responsável pela promoção do Portal Xperience, financiado pelo PT2020. Para explorar estas ferramentas e aceder a casos de estudo de inovação aberta, visite o Portal Xperience em: www.portalxperience.pt Sandvik celebra 50 anos da gama de pós metálicos Osprey A Sandvik está a comemorar 50 anos de fabrico da linha de produtos Osprey nas instalações da empresa em Neath, South Wales, Reino Unido. Ao longo das últimas cinco décadas, a unidade da Sandvik em Neath cresceu a partir de um início humilde, utilizando a sua tecnologia de atomização patenteada para se tornar num dos principais fabricantes mundiais de pós metálicos atomizados a gás e ligas de expansão controlada (CE). Andrew Coleman, vice-presidente da unidade de negócios de Manufatura Aditiva da Sandvik, refere que “este marco é uma prova da dedicação, trabalho duro e inovação de todos os funcionários, parceiros e clientes que fizeram parte da jornada. Demonstra a experiência de longa data da Sandvik, o que nos torna um parceiro de confiança para os clientes em áreas como Manufatura Aditiva (AM) e Moldagem por Injeção de Metal (MIM), bem como numa variedade de indústrias exigentes.” Atualmente, a unidade de produção de Neath é a pedra angular da capacidade de fabrico de pós metálicos da Sandvik. A gama Osprey é a mais ampla do mercado, com mais de 2.000 ligas diferentes, especializadas em frações finas e médias. Esta tecnologia de atomização também permite à Sandvik fabricar a gama de ligas HIPped CE adequadas a uma variedade de aplicações, incluindo aquelas com variações extremas de temperatura. Osprey Metal Powder, o recém-lançado HWTS 50.
5 EMAF celebra 20 edições em 2025 Este ano, a EMAF celebra um aniversário especial: 20 edições realizadas ao longo de mais de 40 anos “a promover tudo o que de melhor se faz no universo industrial português e não só”. O certame decorre de 27 a 30 de maio, na Exponor. Com cerca de 45.000 m² ocupados por mais de 400 empresas, o recinto já está praticamente lotado. A 20.ª edição da EMAF decorrerá por quatro dias, dedicados a procurar respostas para os desafios colocados pela indústria 4.0 e 5.0 (Quarta e Quinta Revolução Industrial), promovendo a partilha de ideias, fomentando o trabalho de networking e buscando parcerias. E também abraçando a rota da sustentabilidade, um dos grandes desideratos de toda a atividade económica, nos campos ambiental e social. Tradicionalmente, é este o fórum onde as empresas das áreas de automação, TI, engenharia, inovação, impressão 3D, maquinaria, ferramentas, moldes, manutenção, fundição, limpeza industrial, logística e transporte, robótica, metalurgia, metalomecânica e tantas outras aproveitam para apresentar ao mercado as suas mais recentes novidades perante empresários, gestores e quadros técnicos superiores. Para Diogo Barbosa, diretor-geral da Exponor, esta continua a ser “a maior e mais representativa feira ibérica profissional do setor industrial, que permite às empresas tomarem contacto com um conjunto de novidades e soluções de outras congéneres que aportam valor ao seu negócio”. A presença de vários compradores internacionais e de expositores oriundos de várias paragens “é outro dos atrativos para os expositores, que veem aqui uma forte probabilidade de trilharem o caminho da internacionalização e aumentarem o volume de exportação”, sublinha Diogo Barbosa. EDITORIAL As empresas do setor metalúrgico e metalomecânico sabem bem o peso que os custos energéticos têm nas suas despesas. Naturalmente, as indústrias metalúrgicas de base são as que gastam mais energia. Mas, entre os fabricantes de moldes, ferramentas, peças técnicas, máquinas e equipamentos, processos como a maquinagem, tratamento térmico e soldadura exigem igualmente um elevado consumo, baseado essencialmente em eletricidade e gás natural. Ao impacto económico há que adicionar o impacto que estes processos têm nas emissões de gases com efeito de estufa (GEE), razão pela qual este setor é um dos mais visados na agenda europeia para a descarbonização. Pela mesma razão, este tema merece especial destaque nesta edição da InterMetal. Leia, a este propósito, a opinião da ANEME, na página 18. Mas, além de um desafio, esta necessidade de transição para energias de baixo carbono constitui também uma oportunidade, já que todas elas dependem de infraestruturas e componentes metálicos, alguns deles com bastante complexidade. Na página 20 desta revista, a Yunit explica-nos como é que as empresas do setor podem tirar partido do novo SITCE, não só para diminuir as emissões de CO2, mas também para modernizar equipamentos e desenvolver novos produtos, inclusive para o setor das renováveis. Ainda no campo da sustentabilidade, nesta edição contamos- -lhe o que vai mudar no setor da construção e o impacto que as novas regras vão ter nas empresas metalúrgicas e metalomecânicas que trabalham para esta área. Divulgamos também um interessante projeto de economia circular financiado pela Audi e mostramos-lhe a solução que a RODI encontrou para diminuir em três toneladas a quantidade de resíduos produzidos por ano na sua fábrica. Se a sustentabilidade é uma preocupação crescente no setor, a competitividade é uma necessidade. O tema foi abordado por Jochen Köckler, presidente do Conselho de Administração da Deutsche Messe AG, na conferência de imprensa de apresentação da Hannover Messe 2025. O responsável identificou a IA como um dos principais motores para o crescimento da indústria europeia e convidou todos os interessados a visitar a feira de 31 de março a 4 de abril, já que este será um dos destaques da edição deste ano. Aumentar a competitividade passa também pelos equipamentos CNC. Entre os vários fornecedores, a principal tendência continua a ser a ‘multitarefa’, associada à automação, com a mínima intervenção humana. Em entrevista, Rui Borges, diretor de vendas da DMG MORI em Portugal, conta-nos as novidades da marca neste campo e destaca os setores aeronáutico, aeroespacial e da defesa, como os de “maior potencial de crescimento em Portugal”. Para ler na página 10. Por fim, mas não menos importante, dedicamos um caderno deste número aos equipamentos, técnicas e soluções de formação em soldadura, um processo essencial para uma grande variedade de segmentos da metalomecânica, inclusive, mais uma vez, para o das energias renováveis. Boas leituras! Descarbonização: um desafio e uma oportunidade
6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Hydnum Steel e Gonvarri Industries promovem o aço ‘verde’ na Península Ibérica A Hydnum Steel, empresa siderúrgica líder na produção de aço verde na Península Ibérica, e a Gonvarri Industries, referência mundial na transformação de metais, unem esforços para avançar para um modelo industrial mais sustentável e inovador: ambas as empresas assinaram um acordo através do qual a Hydnum Steel se compromete a fornecer aço verde à multinacional espanhola por um valor estimado de 1.000 milhões de euros durante um período inicial de sete anos. Este acordo constitui um marco na transição para uma indústria mais sustentável, consolidando ambas as empresas como líderes em inovação e responsabilidade ambiental. A siderurgia de Puertollano fornecerá à multinacional espanhola aço descarbonizado num valor estimado de mil milhões de euros durante um período inicial de sete anos. A Hydnum Steel, que está a construir uma fábrica inovadora de aço verde em Puertollano, Espanha, tornar-se-á o principal produtor ibérico de aço descarbonizado. A fábrica terá uma capacidade de produção de até 2,6 milhões de toneladas de aço plano por ano. O acordo entre a Hydnum e a Gonvarri visa promover a utilização do aço verde em várias indústrias, como a automóvel, a construção e a energia, fornecendo produtos de alta qualidade que cumprem as normas ambientais mais rigorosas e posicionando o país vizinho como líder na produção de aço verde na Europa. De acordo com o Memorando de Entendimento (MoU) assinado, as empresas irão colaborar na otimização da logística para garantir entregas eficientes e desenvolver soluções de transporte com baixas emissões de CO2. Ambas as empresas consideram a cooperação e a geração de sinergias essenciais para fazer avançar a descarbonização do setor. Aberto aviso para operações de I&D&I em copromoção Candidaturas decorrem até 30 de outubro. A ANI anunciou o aviso MPr-2025-01, destinado a financiar operações em copromoção para investigação, desenvolvimento e inovação empresarial (I&D&I). Este aviso tem como objetivo apoiar projetos que promovam a colaboração entre PME, Small Mid Cap, grandes empresas e entidades não empresariais do sistema de investigação e inovação (ENESII) com vista ao desenvolvimento de atividades desde a investigação até à produção e/ou introdução no mercado de produtos ou processos, potenciando a inovação produtiva. Com uma dotação total de 149 milhões de euros, o financiamento será atribuído sob a forma de subvenção não reembolsável, com taxas de cofinanciamento até 80%, podendo chegar a 85% para ENESII, exceto na região de Lisboa, onde a taxa máxima é de 40%. Este apoio está disponível para investimentos localizados nas regiões NUTS II do continente (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve). As candidaturas podem incluir atividades de investigação industrial, desenvolvimento experimental ou a produção de bens de alta ou média intensidade tecnológica ou de serviços intensivos em conhecimento com foco transacionável ou internacionalizável, com elevada incorporação nacional. Fonte: ANI
7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Hardox da SSAB celebra 50 anos e torna-se livre de emissões Após 50 anos de progresso, a SSAB continua empenhada em desenvolver aço que responda aos desafios do mundo moderno. Por isso, anuncia agora o seu primeiro aço isento de emissões: o Hardox 450 fabricado com SSAB Zero. Esta nova versão da chapa antidesgaste Hardox, fornecida numa gama de espessuras de 0,8 a 160 mm, mantém todas as qualidades que fizeram do Hardox 450 a referência global para chapas antidesgaste de primeira qualidade, mas vai um passo mais além. A derradeira escolha sustentável, o SSAB Zero é produzido com aço reciclado num processo alimentado por eletricidade e biogás sem recurso a combustíveis fósseis, resultando em emissões de carbono praticamente nulas durante o processo de fabrico do aço. Este material pode reduzir ainda mais o impacto ambiental da produção de aço, elevando os objetivos de sustentabilidade dos clientes da SSAB a um novo patamar. Solidworks 2025 acelera o desenvolvimento de produtos para milhões de utilizadores A Dassault Systèmes apresentou, no final de 2024, a mais recente versão do seu suite de aplicações de design 3D e desenvolvimento de produtos. O Solidworks 2025 promete ajudar milhões de utilizadores em todo o mundo a acelerar o desenvolvimento de novos produtos e a melhorar a experiência dos seus clientes com centenas de melhoramentos e novos recursos. Esta nova versão do famoso software incorpora capacidades melhoradas de colaboração e gestão de dados, bem como fluxos de trabalho otimizados para peças, montagens, desenhos, dimensionamento e tolerância 3D, desenho elétrico e de tubagens, colaboração ECAD/MCAD e renderização. Inclui também atualizações para as aplicações Solidworks PDM, Solidworks Simulation, Solidworks Electric Schematic, Solidworks Electrical Schematic Designer e DraftSight que permitem um desenho melhor e mais rápido. Moldplas 2025 tem data marcada para 13 a 15 de novembro Realizada desde 1996, a Moldplas reúne a cada dois anos na Exposalão, Batalha, os principais fornecedores de máquinas, equipamentos e tecnologias para as indústrias de plásticos e de moldes. Para a edição deste ano, a Exposalão espera cerca de 200 expositores fornecedores de máquinas, equipamentos e tecnologia para as indústrias de moldes e plásticos, bem como de soluções de automação e robótica; pneumática e hidráulica; software e hardware. Estarão também presentes diversos centros tecnológicos, associações setoriais e órgãos de comunicação da imprensa especializada. O certame decorre em simultâneo com a 3D Additive, I4.0 Expo e Subcontração. Os visitantes profissionais podem aceder gratuitamente a todos os pavilhões mediante credenciação prévia. O horário mantém-se das 10 às 19 horas.
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Igus distinguida com dois prémios Red Dot por inovação em realidade virtual O júri internacional do famoso concurso de design de comunicação Red Dot Award distinguiu a plataforma aberta de realidade virtual ‘iguverse’ em duas categorias: ‘Instalações de Realidade Virtual’ e ‘Elementos de Design em Exposições’. O prémio reconhece o empenho da igus em oferecer às PME acesso livre às inovadoras tecnologias 3D. A plataforma de realidade virtual ‘iguverse’, construída em colaboração com a startup alemã Raum, oferece às PME a possibilidade de projetar produtos de forma mais rápida, eficiente e sustentável, sem terem de recorrer a recursos próprios. Mas não só. A plataforma permite, por exemplo, criar exposições digitais, algo muito útil quando se trata de projetar um stand para uma feira, já que poupa espaço expositivo. A simplicidade da plataforma faz com que possa ser utilizada até por utilizadores sem conhecimentos técnicos. Em comunicado, a igus refere que está a trabalhar para, a pedido, construir gémeos digitais dos produtos para o espaço virtual. Schaeffler vence Best of Industry Award 2024 A Schaeffler Digital Solutions GmbH foi galardoada com o prémio ‘Best of Industry Award 2024’ na categoria ‘Best in Manufacturing: Networked Systems’, atribuído pela revista especializada MM MaschinenMarkt, pela sua plataforma de software autinityDAP (plataforma de recolha de dados). O software processa dados procedentes de maquinaria, controladores e sensores numa única aplicação para melhorar a eficiência dos parques de maquinaria através da previsão de situações como as paragens não programadas. Este prestigiado prémio reconhece a capacidade inovadora da Schaeffler e o seu compromisso para alcançar uma fábrica totalmente digital que funcione de forma eficiente, flexível, autónoma e sustentável. “A ligação digital em rede de máquinas e sistemas ao longo da cadeia de valor é um elemento fundamental da agenda digital da Schaeffler AG e é essencial para digitalizar a produção com sucesso e coerência”, disse Roberto Henkel, senior vice president operations digitalization and IT na Schaeffler e managing diretor da Schaeffler Digital Solutions GmbH. O autinityDAP permite registar e fornecer dados com eficácia a diversas aplicações e serviços. Graças à interface aberta, os sistemas de terceiros podem aceder aos dados recolhidos, para que seja possível processá-los posteriormente e integrá-los com flexibilidade nos ambientes de produção existentes. O software, que foi desenvolvido internamente, agrupa todos os dados provenientes da maquinaria e da produção numa plataforma unificada, eliminando assim a necessidade de múltiplos dispositivos de rede. A arquitetura de software aberta e baseada em contentores permite integrar aplicações adicionais, garante a transferência segura de dados e oferece uma ampla compatibilidade com diferentes controladores de máquinas e sistemas existentes. Quer se trate de uma fresadora, de um equipamento de soldadura ou de um sistema de alimentação elétrica a navios a partir de terra: o iguverse destina-se a ajudar as PME a apresentar e a conceber produtos complexos de uma forma mais rápida, mais eficiente e mais sustentável. (Foto: igus GmbH).
9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Zoller e Centimfe firmam parceria A Zoller, especialista em máquinas de medição de ferramentas, e o centro tecnológico Centimfe estabeleceram um acordo que visa impulsionar a inovação na indústria de moldes e ferramentas. Graças a esta parceria, o Centimfe (Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos) e os seus associados terão acesso às últimas tecnologias em medição e gestão de ferramentas, melhorando a precisão, eficiência e competitividade nos seus processos de fabricação. A aliança foi formalizada pelo presidente da Zoller, Alexander Zoller, durante a feira Expometal, que decorreu entre 7 e 9 de novembro, na Exposalão, Batalha. Mindtech 2025 espera reunir mais de 200 expositores e 10 mil visitantes O acordo foi assinado pelo presidente da Zoller, Alexander Zoller, e pelos responsáveis pelo Centimfe, durante a feira Expometal. O certame foi apresentado num evento internacional realizado a 28 de janeiro, no auditório do Centro de Exposições de Vigo (Ifevi). A quarta edição da Mindtech - Feira Internacional da Indústria e Tecnologias do Metal - vai realizar-se de 17 a 19 de junho, em Vigo. Enrique Mallón, CEO da Mindtech, acredita que esta edição será, “mais uma vez, um ponto de encontro para a indústria do metal e todas as suas tecnologias associadas” e destaca o papel do certame como “eixo intercontinental entre a Europa, África e os países atlânticos”. Justo Sierra, presidente da Mindtech, sublinha que “este evento nasceu da própria indústria e para a indústria” e que “60% dos expositores são de outras regiões de Espanha ou de outros países, o que demonstra a relevância do Polo Ibérico como polo industrial internacional”. Este ano o país convidado será o México, mas os organizadores esperam também a presença de empresas provenientes de Portugal, Colômbia, EUA, Japão, Coreia do Sul, Marrocos, Alemanha, Noruega e Finlândia, entre outros. Estarão representadas as principais indústrias do setor, incluindo a automóvel, aeronáutica-aeroespacial, metalomecânica, segurança e defesa, estruturas metálicas, energias renováveis, novas tecnologias, engenharia, entre outras. O evento terá também uma área dedicada às startups. Destaque ainda para os Mindtech Awards, iniciativa que premeia o trabalho das empresas em áreas como a inovação, tecnologia 4.0, responsabilidade social, energias renováveis, cibersegurança e colaboração setorial. As candidaturas decorrem até 12 de maio.
ENTREVISTA 10 RUI BORGES, DIRETOR DE VENDAS DA DMG MORI EM PORTUGAL “Os setores aeronáutico, aeroespacial e da defesa têm um enorme potencial de crescimento em Portugal” Luísa Santos Presente em Portugal há várias décadas, a história da DMG MORI está profundamente entrelaçada com a da indústria metalomecânica nacional. Reconhecida pela qualidade e fiabilidade dos seus equipamentos, a marca alemã/japonesa apresentou recentemente um inovador conceito de fabricação holística, denominado de Machining Transformation (MX), que promete aumentar significativamente a produtividade e a sustentabilidade dos seus clientes. Em entrevista à InterMetal, Rui Borges, diretor de vendas da DMG MORI em Portugal, explica-nos este conceito e partilha a sua visão sobre a evolução da indústria metalomecânica nacional.
ENTREVISTA 11 O conceito de Machining Transformation (MX), ou Transformação da Maquinação, envolve vários aspetos que vão muito além máquina. Pode explicar-nos em que consiste? Sim, este conceito assenta em vários pilares fundamentais, tais como: • Integração de Processos, ou seja, com um só equipamento conseguimos produzir componentes de elevada complexidade, aumentado assim a produtividade e qualidade dos mesmos, ao mesmo tempo que reduzimos significativamente o tempo de execução; • Automatização: através de um vasto portefólio de soluções, a DMG MORI oferece a oportunidade de reduzir a quantidade de equipamentos individualizados e dispor de uma produção de 24/7; • Transformação Digital ('Digital Transformation - DX'): desde soluções CAD-CAM e pós-processadores até à simulação; • Transformação Verde ('Green Transformation - GX'): todo o conceito foi desenvolvido para impulsionar a ‘transformação verde’ da indústria metalomecânica, atendendo à crescente necessidade das empresas de aumentar a eficiência e a sustentabilidade nos seus processos de fabrico. Isso é alcançado através da integração de processos, automação das máquinas-ferramenta e digitalização. No passado, para construir uma peça, eram necessárias três ou quatro máquinas, produzindo componentes separados que precisavam de ser montados para formar o componente final. Atualmente, com este novo conceito, temos vários centros de torneamento multitarefa (multitasking) que realizam todas essas operações, permitindo obter uma peça completa, produzida com uma mecânica única. Além disso, podemos fornecer a automatização necessária para alimentar a máquina com a peça em bruto e retirá-la depois de acabada. Desta forma, eliminamos vários problemas associados à produção de peças. Por exemplo, a produção separada e posterior montagem dos elementos frequentemente resultava em folgas entre os componentes, causando desgaste. Agora, isso já não acontece. Conseguimos produzir uma peça única, com maior resistência e menor desgaste. E porque é que este conceito é mais sustentável? Sem este tipo de equipamento teríamos de ter, no mínimo, três equipamentos em chão de fábrica: um torno tradicional, um centro de maquinação tradicional e uma máquina específica para, por exemplo, maquinar as engrenagens. Com a integração de todos estes processos numa máquina só, reduzimos o espaço ocupado na fábrica (uma grande vantagem considerando que o preço do metro quadrado em chão de fábrica é cada vez maior) e, ao mesmo tempo, aumentamos a competitividade porque conseguimos produzir mais rapidamente, com mais qualidade, melhor acabamento e menor intervenção humana. Pode, então, ser uma solução para a falta de mão de obra no setor... Exatamente. De facto, estima-se que faltem entre 25 a 30 mil trabalhadores qualificados no setor da metalomecânica. É um déficit muito grande que, do meu ponto de vista, se deve ao enorme desinvestimento na formação, responsabilidade dos vários governos dos últimos anos. É um problema que não terá uma resolução rápida e, até lá, as empresas precisam de continuar a trabalhar. Com estes novos equipamentos, as empresas apenas necessitam de ter um bom programador e a máquina excuta a peça na totalidade. Desta forma, garantimos uma produção 24/7, 365 dias por ano. Tudo isto com a mínima intervenção humana. Esta é também uma das formas que as empresas têm de amortizar o investimento neste tipo de equipamentos, mantendo simultaneamente preços competitivos para concorrer quer no mercado interno, quer no externo. O novo centro multitarefa CTX beta 450TC é a mais recente adição ao portefólio da DMG MORI. Desenvolvido de acordo com o conceito MX, integra operações de torneamento, fresagem, retificação e medição em processo.
ENTREVISTA 12 Neste momento, no mercado nacional, quais são os vossos principais setores cliente? Os nossos clientes estão divididos por diversos setores, nomeadamente no automóvel; na indústria médica, onde os nossos equipamentos são utilizados, por exemplo, para o fabrico de próteses; no setor da energia; no comércio e retalho, abrangendo fabricantes de moldes para produção de embalagens alimentares (desde garrafas de plástico até cápsulas de café); na indústria aeronáutica e aeroespacial, onde temos uma forte presença; na indústria de semicondutores e peças de precisão e, finalmente, na metalomecânica em geral. Mencionou o segmento dos veículos elétricos. Em Portugal já se maquinam peças de valor acrescentado para este segmento? Sim, temos alguns clientes que estão a maquinar vários componentes e peças de precisão para motores elétricos, para posterior montagem e incorporação em automóveis produzidos principalmente na Europa. Nesta área, já se sente uma diminuição do mercado em consequência da concorrência asiática? De facto, temos vindo a assistir a um aumento muito significativo do número de carros chineses na Europa, não apenas por serem mais baratos, mas também pelo design atrativo e pela qualidade que já não está assim tão afastada da dos carros europeus. Isto só acontece porque há vários anos que as empresas europeias se instalaram na China, levando para lá muito do seu know-how e tecnologia. Eu diria, portanto, que nos ‘pusemos a jeito’. E isto, claro, acaba por ter consequências em toda a cadeia de valor. Em Portugal, qual é o segmento de mercado mais significativo para a DMG MORI, em termos de volume de vendas? O nosso principal setor cliente continua a ser o dos moldes. Apesar de muitas destas empresas trabalharem bastante para a indústria automóvel, muitas outras produzem para setores como o dos eletrodomésticos, ou para a área médica que, embora seja um nicho de mercado, consome de facto moldes feitos em Portugal. Em segundo lugar temos a metalomecânica geral, ou seja, empresas que trabalham em regime de subcontratação. Entre os outros setores que referiu há pouco, algum se destaca em termos de potencial de crescimento? Sim, há setores que estão a crescer, como o da tecnologia médica, que inclui a produção de próteses ósseas ou dentárias. Em Portugal ainda não temos muitos clientes neste segmento, mas sabemos que tem potencial de crescimento. No entanto, destacaria o setor aeronáutico e aeroespacial como um dos que tem maior potencial de crescimento em Portugal. Temos vários clientes a trabalhar para empresas destas áreas, em regime de subcontratação, e acredito que esse número tende a aumentar. Como é que a DMG MORI se posiciona no mercado, em termos de relação preço-qualidade? A marca DMG MORI posiciona-se na gama média-alta/alta. Não é uma marca barata, mas se considerarmos a qualidade e durabilidade dos equipamentos, a produtividade que oferecem, a nossa capacidade de assistência técnica e, por exemplo, a rapidez na entrega de peças de reposição, em prazos inferiores a 24 horas, percebemos que é uma marca muito equilibrada. O investimento maior numa fase inicial é diluído por todos estes fatores diferenciadores. Focou um ponto importante: a rapidez na entrega de peças de reposição. Sim, sabemos que os nossos clientes não podem ter uma máquina parada por muito tempo, pois cada hora de inatividade representa uma perda significativa. Por isso, a DMG MORI investiu em vários armazéns inteligentes localizados na proximidade de vários aeroportos, permitindo uma resposta extremamente rápida. Se um cliente solicitar uma peça de reposição até às 15 ou 16 horas (hora portuguesa), receberá essa mesma peça no dia seguinte. Além disso, se necessário, enviamos um técnico à fábrica do cliente para estar presente aquando da chegada da peça e efetuar a reparação do equipamento de forma imediata. Além do conceito de máquinas multitarefa, que outros desenvolvimentos tecnológicos podemos esperar da DMG MORI para os próximos tempos? Temos outras áreas de atuação onde mantemos um desenvolvimento constante, desde o torneamento, fresagem e retificação até à tecnologia de fabrico aditivo a laser. Recentemente, lançámos um novo modelo, a Lasertec 30 SLM 3rd Generation, equipada com quatro lasers. Este avanço tem o potencial de revolucionar o mercado do fabrico aditivo de peças metálicas. O fabrico aditivo era normalmente um processo lento, mas o fato desta máquina possuir quatro lasers permite uma velocidade de produção quatro vezes superior à da primeira geração desta tecnologia. Em Portugal, já é possível ver esta tecnologia em funcionamento. "No passado, precisávamos de três ou quatro máquinas para produzir uma peça que hoje é feita num centro multitarefa"
NOVIDADE 13 Durante dois dias, cerca de 80 profissionais da indústria metalomecânica nacional, provenientes de vários pontos do país, visitaram as instalações da DMG MORI, na Marinha Grande, para conhecer as mais recentes novidades da empresa e dos seus parceiros. DMG MORI APRESENTA NOVO CENTRO ‘MULTITASKING’ NOS TECHNOLOGY DAYS 2024 No final de 2024, precisamente, a DMG MORI abriu as portas das suas instalações na Marinha Grande para mostrar as potencialidades do novo CTX beta 450TC. Equipado com o sistema de alimentação automática de peças Robo2Go Turning, este centro ‘multitasking’ combina operações de torneamento, fresagem, retificação e medição em processo para oferecer uma produção verdadeiramente eficiente. O evento, denominado Technology Days, contou com a colaboração dos parceiros Zoller, Tebis, Fuchs, Mafepre e Forgesp Consultores. Os Technology Days 2024, da DMG MORI, reuniram na Marinha Grande cerca de 80 profissionais do setor. Rui Borges, diretor de vendas da DMG MORI em Portugal, disse à InterMetal que este evento, realizado periodicamente há vários anos, teve como principal objetivo apresentar ao mercado nacional a nova máquina CTX beta 450TC, equipada com o sistema de alimentação automática de peças Robo2Go Turning, igualmente desenvolvido pela empresa. Este sistema alimenta a máquina com peças em bruto e retira-as no final do processo, eliminando a necessidade de intervenção humana. A nova máquina combina tarefas de torneamento e fresagem no mesmo espaço. Concretamente, está preparada para realizar operações de fresagem simultânea de 5 eixos, maquinação completa de seis lados com fuso principal e contra-fuso, bem como a integração dos ciclos tecnológicos de fresagem e retificação de engrenagens, torneamento excêntrico, torneamento poligonal e mandrilagem. Uma combinação de ciclos que garante a máxima produtividade e precisão na produção de peças com diâmetro de até 500 x 1100mn. DMU75 MONOBLOCK E NLX 2500 SY Além do CTX beta 450TC, estiveram igualmente em exibição o centro de maquinação vertical de 5 eixos DMU75 monoBlock e o centro de torneamento CNC NLX 2500 SY.
NOVIDADE 14 Com maquinação simultânea de 5 eixos, armazém com 60 ferramentas, fuso de 20.000 rpm e um moderno controlador com Celos, o centro de maquinação DMU75 monoBlock combina qualidade e eficiência num equipamento extremamente compacto, que ocupa apenas 7,5 m2 no chão de fábrica. É um dos modelos de 5 eixos da DMG MORI mais vendidos, com mais de cinco mil unidades instaladas em todo o mundo. Já na segunda geração, a máquina NLX 2500 SY está equipada com um eixo Y de 120 mm, com uma torreta BMT (Built Motor Turret), que incorpora no seu interior o motor de acionamento das ferramentas motorizadas, proporcionando um ataque direto ao suporte motorizado. Com 12 mil rotações até 100 Nm e 15 Kw, “este equipamento representa um ‘up grade’ significativo em termos de potência e de binário, constituindo uma excelente opção para o torneamento e fresagem de peças de extrema dificuldade, quer pela complexidade, quer pelos materiais de trabalho”, destaca Rui Borges. Razões que justificam o facto de este ser o equipamento da DMG MORI mais vendido em todo o mundo. PARCERIAS DE SUCESSO Os Technology Days 2024 ficaram marcados pela presença dos parceiros da DMG MORI Forgesp, Fuchs, Mafepre, Tebis e Zoller. Com mais de 35 anos de experiência no mercado das PME, a Forgesp Consultores aproveitou o evento para promover os seus serviços de apoio às candidaturas aos Sistemas de Incentivos Nacionais, nomeadamente ao Portugal 2030. A Fuchs apresentou a sua linha de lubrificantes de manutenção desenvolvida em colaboração com a DMG MORI para maximizar a produtividade e garantir a fiabilidade dos equipamentos da marca. As máquinas em exposição operaram com o fluido de corte EcoCool Global 1000, indicado para aplicações em materiais e difícil maquinabilidade. Já a Mafepre expôs o sistema de fixação ‘Zero Point’, da Sinco, que permite uma elevada flexibilidade e eficiência no manuseamento de peças de trabalho: pela sua versatilidade tipo ‘Lego’, fixa qualquer peça com até 330x330mm, poupa tempo de set-up e oferece elevada precisão com menos mão de obra especializada. Por seu lado, a Tebis demonstrou as funcionalidades do seu software CAD/CAM - um sistema completo e de utilização intuitiva que integra desenho, programação e medição, e que se adapta a múltiplas tecnologias de produção – e do ProLeiS, um software MES que permite um planeamento e controlo abrangentes. Finalmente, a Zoller teve em exibição as suas soluções para calibração, medição e inspeção de ferramentas, como a máquina Venturion 450, capaz de ajustar e medir ferramentas de todos os tipos com a máxima precisão, bem como um sistema de retração indutiva de ferramentas PowerShrink 400, desenhado para poupar energia e aumentar a eficiência na produção. n Rui Borges, diretor de vendas da DMG MORI em Portugal, junto à nova máquina CTX beta 450TC. No decorrer do evento, foram realizadas diversas demonstrações ao vivo das máquinas expostas.
15 Fabricantes de moldes reúnem-se em maio na Moulding Expo De 6 a 9 de maio de 2025 terá lugar em Estugarda, na Alemanha, uma nova edição da Moulding Expo, a Feira Internacional para o Fabrico de Moldes, Modelos e Ferramentas. A data foi escolhida por acordo entre os quatro parceiros do certame: a Associação Federal Alemã de Fabricantes de Modelos e Moldes (BVMF), a Associação de Ferramentas de Precisão VDMA, a Associação de Fabricantes Alemães de Ferramentas e Moldes (VDWF) e a Associação Alemã de Fabricantes de MáquinasFerramenta (VDW). No início de fevereiro, a Interempresas Media teve a oportunidade de visitar os fabricantes de moldes polacos numa viagem organizada para a imprensa internacional, a fim de conhecer melhor o setor. Ibon Linacisoro, jornalista especializado, Interempresas Media A Moulding Expo é a principal feira da Europa para a indústria de moldes. A feira de Estugarda, muito focada no setor industrial e com uma grande capacidade de posicionar as suas feiras nos setores a que se destinam, vai conseguir reunir, mais uma vez, os principais fabricantes de moldes numa feira que se apresenta como uma grande oportunidade para conhecer mais de perto esta indústria. Com o objetivo de aumentar o interesse pelos moldes, a organização convidou, em fevereiro, um grande grupo de jornalistas europeus a deslocarem-se à Polónia, país onde o cluster de Bydgoszcz se situa naquilo a que chamam o Vale dos Moldes. De acordo com Piotr Wojciechowski, diretor-geral do cluster, este conta atualmente com 170 membros, incluindo universidades, instituições empresariais e 140 empresas de fabrico de moldes e de transformação de plásticos que fornecem moldes e ferramentas de alta qualidade à indústria automóvel, médica, cosmética e aos fabricantes de eletrodomésticos. Debates interessantes e visitas a dois grandes fabricantes de moldes, a Schapers Poland e a Intemo, criaram a atmosfera ideal para motivar uma visita à feira em maio. Controlo de qualidade no fabricante de moldes Schapers.
16 A Moulding Expo, principal montra da indústria europeia de moldes, modelos e ferramentas, bem como de todos os parceiros e fornecedores de tecnologias associadas, irá reunir fornecedores, fabricantes e utilizadores durante quatro dias no centro de exposições Messe Stuttgart, num evento muito bem recebido por todos os envolvidos em edições anteriores. Mais de 200 expositores mostrarão os mais recentes desenvolvimentos neste setor e formas de reforçar a competitividade em tempos economicamente difíceis. De acordo com os organizadores da feira, alguns expositores são da opinião de que a construção de moldes está atualmente numa fase de mudança e precisa de ultrapassar estruturas de compras obsoletas. Confiar na experiência global líder não é suficiente para se manter no topo a nível internacional. No entanto, a inovação contínua e o desenvolvimento de soluções específicas para cada cliente são essenciais para manter a competitividade dos fabricantes europeus de ferramentas. A feira apresentará soluções para melhorar a capacidade de produção, a qualidade e a eficiência. Thomas Seul, presidente da Associação Alemã de Fabricantes de Ferramentas e Moldes (VDWF), observou durante a visita: “É importante dizer que a indústria de fabrico de ferramentas e moldes na região da Alemanha, Áustria e Suíça é barata. O trabalho dos fabricantes de ferramentas tem uma boa relação qualidade/preço. Embora as suas ferramentas e moldes não sejam baratos, oferecem, na verdade, um verdadeiro O grupo de jornalistas visitou o chão de fábrica da Schapers. Bob Williamson, presidente da ISTMA World, salientou que “o mercado global de moldes está estimado em 260 mil milhões de dólares e prevê-se que cresça para 500 mil milhões de dólares até 2033. Os desafios atuais, como a escassez de competências e os problemas da cadeia de fornecimento, são um reflexo das mudanças globais. Os mercados emergentes na Ásia representam uma concorrência crescente para a indústria ocidental de fabrico de ferramentas. Isto significa que são necessárias ações em termos de inovação e automatização. As redes regionais também se tornarão mais importantes no futuro".
17 valor acrescentado que os fornecedores de países com baixos salários não podem pagar: o grande número de pequenas e médias empresas do setor fornece meios de produção válidos para a indústria, com fiabilidade de processo, em conformidade com a lei e sem riscos inesperados”. Seul sublinhou sobretudo a proximidade dos clientes locais: “Para além da elevada rapidez de entrega e da flexibilidade, os fabricantes de ferramentas dos países de língua alemã destacam-se também pela proximidade cultural e linguística. Tudo isto são vantagens que podem ser experimentadas em primeira mão durante a Moulding Expo em Estugarda”. A Intemo também produz peças de plástico. Com mais de 200 expositores confirmados, a feira realiza-se em Estugarda, de 6 a 9 de maio A edição deste ano da Moulding Expo vai centrar-se nas pequenas e médias empresas do setor, oferendo-lhes a oportunidade de partilharem o seu know-how e experiência na concretização de projetos específicos. Simultaneamente, também estarão presentes todos os parceiros tecnológicos relevantes no setor que satisfazem os requisitos de alta qualidade e precisão da indústria: desde componentes standard, materiais, sistemas de canais quentes, ferramentas de processamento, dispositivos de aperto e máquinas-ferramenta até fornecedores de tecnologia de medição e controlo e software. n
DESCARBONIZAÇÃO | OPINIÃO Energia: onde tudo começa e onde tudo pode acabar 18 Mário Rio Carvalho, Vice-Presidente da Direção da ANEME Tem sido um tema recorrente na agenda da UE, dos países europeus, das empresas e de quem, como a ANEME, representa os seus interesses: a energia. A transição energética e o consenso mais ou menos generalizado, entre pessoas razoáveis, de que ou se faz uma transição energética nos próximos anos, com decisão e razoabilidade, ou os nossos filhos e netos terão vida difícil nas próximas décadas, representa um investimento, um processo e, mais do que tudo, um compromisso comum que tarda em acontecer. Pelo contrário, a sociedade anónima, a sociedade das pessoas normais, questiona todos os dias os efeitos, por vezes devastadores, na economia de decisões políticas precipitadas. Não pretendendo questionar essas decisões por parte dos países europeus, inclusive de Portugal, interrogo-me é sobre como pode ser feita esta transição sem destruir o que resta da atividade industrial na Europa e, em particular, em Portugal. Refiro-me apenas à indústria porque, noutros setores da economia - mobilidade, agricultura ou outros -, as questões são igualmente críticas. O processo de transição energética é longo e tecnicamente muito complexo. São inúmeras as questões que se levantam - da produção, à distribuição, aos montantes ‘astronómicos’ de investimento, ao processo de ‘phasing out’ dos sistemas e tecnologias atuais e, finalmente, ao custo direto sobre o consumidor industrial de todo este sistema. Do ponto de vista do industrial, ou mais prosaicamente do ponto de vista de um sócio da ANEME, as grandes questões que, todos os dias, se colocam são: Quanto é que isto nos vai pesar em custos diretos e indiretos? Durante quanto tempo? Vamos aguentar este impacto? O contexto industrial europeu é, como agora se diz, muito desafiante. De Adam Smith sabemos que a escassez de mão de obra conduz inevitavelmente ao aumento do seu custo.
DESCARBONIZAÇÃO | OPINIÃO 19 Do contexto político sabemos que a imigração, ou seja, a importação de mão de obra mais ou menos especializada e qualificada, é o ‘tema quente’ que a todos politicamente aproveita, mas que é, já hoje, uma inevitabilidade. Acredito que não exista em Portugal uma unidade industrial que não tenha colaboradores oriundos de outros países, tal é a escassez de mão de obra nacional. Do quadro regulatório e fiscal sabemos que o contexto não é muito amigo das empresas, para dizer o mínimo, e que chegar ao fim do ano com resultados que permitam remunerar o acionista (que fez o investimento e assume o risco), melhorar as condições dos trabalhadores e reinvestir para crescer é um desafio diário, nem sempre conseguido. Do acesso ao capital, sabemos da fragilidade e falta de dimensão e robustez do sistema financeiro, tanto no acesso ao financiamento bancário como a outras formas como o capital de risco. O investimento industrial nas áreas em que nos movimentamos não é o mais ‘sexy’ para os investidores, pelo menos por agora. Se a tudo isto juntarmos a ‘espuma dos dias’ da Europa - em guerra, em reconfiguração energética e a questionar como será a relação futura com o parceiro americano - encontramos um quadro aparentemente pouco animador. Há ainda um outro fator, o que mais interessa para o tema deste artigo, o custo da energia. Por mais que se ‘ponha água na fervura’ e se torçam os números, a UE não compara bem com os seus concorrentes mundiais, e Portugal não compara bem com a sua concorrência no quadro europeu. O avanço que a UE leva na transição energética face a todas as outras grandes potências económicas é certamente um enorme avanço civilizacional (que infelizmente não chegará se todos os outros países não fizerem a sua parte) e deve encher-nos de orgulho. Se este processo impactar diretamente na economia real, isto é, for pago pelas empresas consumidoras, o efeito será, ou já é, desastroso. O assunto é ainda mais sério se pensarmos nas indústrias, que são tipicamente consumidores intensivos. Chegados aqui, e porque se buscam soluções para a competitividade da indústria metalomecânica, retomo algumas das questões que anteriormente referi sobre a transição energética porventura numa perspetiva mais otimista. O que se está a passar na Europa, com a guerra na Ucrânia, teve pelo menos a pequena, mas significativa, vantagem de fazer despertar alguns países para três questões fundamentais: • Que devem assegurar internamente uma muito significativa cobertura das suas necessidades energéticas; • Que devem assegurar um ‘mix’ energético muito mais diversificado e equilibrado entre as diversas fontes de energia, incluindo algumas estigmatizadas como a nuclear; • Que a transição poderá necessitar de passos intermédios, com a utilização de combustíveis como o gás natural, com sistemas associados de captura de carbono. A estas acrescentaria a absoluta necessidade de o espaço europeu ter custos de energia competitivos para a sua indústria que possam competir com os grandes blocos económicos existentes e emergentes. Para se industrializar a Europa ou, pelo menos, para manter vivas as indústrias atuais, é vital que o espaço europeu seja muito competitivo ao nível dos seus custos energéticos. Se assim não for não haverá investidores europeus, ou outros, que aceitem correr riscos na Europa com fatores de contexto penalizadores e um enquadramento regulatório penoso. Um pacote de medidas que inclua o apoio à resiliência energética das empresas, isto é, à utilização de energias mais limpas a preços que sejam competitivos, à reconversão industrial em condições financeiras viáveis, ao estabelecimento de comunidades industriais que invistam em conjunto em geração de energia e que, por isso, possam beneficiar de, por exemplo, condições fiscais mais favoráveis, são exemplos de medidas de carácter publico que tracionam a transição e incentivam a competitividade. A ANEME entende a questão energética como decisiva para o futuro dos seus associados e do setor em que se inserem. A agenda da sua direção inclui iniciativas junto de entidades públicas nacionais e europeias no sentido de encontrar soluções de competitividade para o nosso setor. Não vai bastar aos decisores políticos definirem como prioridade a reindustrialização do espaço europeu, é necessário que as decisões práticas, que impactam na economia, sejam alinhadas com as opções políticas. n
20 DESCARBONIZAÇÃO O impacto do novo Sistema de Incentivo à Transição Climática e Energética na indústria metalomecânica A transição para uma economia mais sustentável é uma prioridade no contexto europeu e nacional. Neste cenário, o Sistema de Incentivo à Transição Climática e Energética (SITCE) surge como um mecanismo essencial para apoiar a descarbonização das empresas, a eficiência energética e a adoção de práticas sustentáveis nos processos industriais. Andreia Jotta, diretora de Desenvolvimento de Negócio na Yunit Consulting
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