BM14 - InterMETAL

www.intermetal.pt 2022/3 14 Preço:10 € | Periodicidade: Trimestral | Setembro 2022 - Nº 14 | www.intermetal.pt bystronic.com Best choice. Cutting. Bending. Automation. BySmart Fiber + ByTrans Extended bystronic.com Best choice. Cutting. Bending. Automation. BySmart Fiber + ByTrans Extended Best choice. Cutting. Bending. Automation. Mais potência graças à automação As soluções inteligentes de automação da Bystronic, aliadas a um sistema de processamento de tubos ou de corte e dobra, combinam perfeitamente o manuseio do material com as altas velocidades do processo. Elas otimizam processos e procedimentos, aceleram o fluxo de material, melhoram a utilização da máquina e, ao mesmo tempo, aumentam a segurança.

Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 14 – Setembro de 2022 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 EuroBLECH 2022 retoma o formato presencial 10 AMB exibe montra de novidades para automação de processos 12 Entrevista com Nuno Mineiro, diretor geral da Roboplan 16 Vendas de robôs e cobots aumentam na Europa, Ásia e América 20 A robótica veio para ficar, também na soldadura 22 Soldadura robotizada reduz desperdício de materiais e diminui interrupções na produção 28 Soldadura por fusão a elétrodo revestido na união de materiais metálicos 32 Entrevista com Bill Heller, Presidente e CEO da Messer Cutting Systems 34 Bystronic renova portefólio para processamento de chapa metálica 38 Nova laser de fibra Amada para grandes formatos 40 Como fazer um milhão de orifícios e obter o melhor resultado 44 A formação do raio laser melhora a qualidade e a produção da fusão em leito de pó a laser no fabrico aditivo 48 Nova Plataforma Eplan 2023: engenharia simplesmente mais rápida 52 Controlo de qualidade automatizado com robôs colaborativos 56 Visão 3D: a solução para manipular peças automóveis em segurança 58 MONTRA TECNOLÓGICA Mazak lança nova máquina de corte laser 2D 60 Sistema de cabeças modulares NeoSwiss da Iscar 62 Lubrificantes premium Sew GearOil 63 Equipar robôs de forma fácil com a ferramenta online QuickRobot da igus 64 Motores altamente dinâmicos para robôs leves e cobots 65 Faccin: Desempenadeiras de Chapa Serie R (ficha de produto) 66

4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Exportações de metalurgia e metalomecânica superamos 2.000ME A Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), revelou que as exportações portuguesas de metalurgia e metalomecânica superaram em julho os 2.000 milhões de euros, pelo terceiro mês consecutivo, num crescimento de 19,2% face ao período homólogo. Em concreto, as exportações do setor totalizaram 2.135 milhões emmaio, 2.150 milhões em junho e 2.073 milhões de euros em julho, um dos melhores meses de sempre, segundo a AIMMAP. Em termos acumulados, nos primeiros sete meses do ano o Metal Portugal exportou 13.593 milhões de euros, o que representa um crescimento de 14,8% face ao período homólogo de 2021. A Europa continua a ser o principal mercado de destino das exportações do setor, com Espanha, França e Alemanha a registarem um crescimento de 9,9%, 11,3% e 27,5% em relação ao período homólogo. Além destes, destaque para a Suécia e Países Baixos, que registaram crescimentos homólogos de, respetivamente, 39% e 27,4%. INEGI reconhecido como Centro de Tecnologia e Inovação O Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) foi recentemente reconhecido pela Agência Nacional de Inovação (ANI) como Centro de Tecnologia e Inovação (CTI). Segundo a ANI, o objetivo das 26 entidades que obtiveram o reconhecimento passa por contribuir para aumentar o grau de especialização da economia e o valor acrescentado da oferta nacional, promovendo a competitividade das empresas, sobretudo as pequenas e médias empresas (PME). Os Centros de Tecnologia e Inovação (CTI), que sucedemaos Centros Tecnológicos e aos Centros de Interface, são entidades do sistema nacional de ciência e tecnologia que se dedicamà produção, difusão e transmissão de conhecimento, orientado para as empresas e para a criação de valor económico, contribuindo para a prossecução de objetivos de política pública. Esta reforma integra o conjunto de medidas previstas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nacional. Frezite junta-se à família Sandvik A Sandvik assinou um acordo para a aquisição de 100% das participações da Frezigest, SGPS (Frezite), empresa portuguesa especialista em ferramentas de corte. A Frezite passará, assim, a integrar a Unidade de Negócio da Walter, uma divisão da Sandvik Machining Solutions. A Walter oferece uma vasta gama de ferramentas de precisão para aplicações nas áreas de fresagem, torneamento, furação e roscagem, bemcomo de soluções personalizadas de maquinação de componentes para utilização nas indústrias aeronáutica, aeroespacial, automóvel, energia e engenharia em geral. Com esta incorporação, passa a contar com a ampla experiência da Frezite no fabrico de ferramentas em diamante policristalino (PCD Tooling). "Durante quase quatro décadas e meia, a Frezite seguiu um caminho de sucesso, em que sempre honrou os seus stakeholders. Atualmente enfrentamos tempos que trarão novos níveis de competitividade a fatores como a escala e a flexibilidade do negócio. Novos materiais, a digitalização, novas tecnologias de fabrico e a globalização fizeram-nos pensar em avançar com um parceiro como a Sandvik, uma decisão que será benéfica para todos nós." Refere em comunicado José Manuel Fernandes, fundador e presidente da Frezite. Fundada em 1978 e com sede na Trofa, a Frezite emprega atualmente 450 pessoas e agrega um grupo de empresas de Engenharia que, além do negócio das ferramentas de corte, atua também ao nível dos dispositivos de elevada performance e das máquinas especiais de pós-maquinação [Seri], bem como em tecnologias espaciais [FHP].

5 Tecnologia Efacec emmissão espacial europeia de defesa planetária A Efacec integra a missão espacial Hera, a primeira dedicada à defesa planetária na Europa, com lançamento previsto para 2024. A missão HERA da ESA é coordenada com a missão DART, da NASA, ambas fazendo parte da missão de cooperação AIM – Asteroid Impact Mission – que tem como destino a cintura de asteroides, localizada numa órbita entre Marte e Júpiter. A Efacec participa na missão com o altímetro LIDAR. O alvo da missão é um pequeno asteroide que, nesta primeira fase no final de setembro, será impactado pelo DART e numa segunda fase será estudado pelo HERA, sendo a Efacec responsável pelo altímetro LIDAR (Light Detection And Ranging), um instrumento baseado em tecnologia laser capaz de medir distâncias até 14 km com precisão de 10 cm, que irá fazer o levantamento topográfico da cratera criada pelo impacto do DART no asteroide e também ajudar na navegação da sonda. “Esta é uma grande encomenda para a Efacec, a segunda maior de sempre em mais de 15 anos de atividade na área aeroespacial, apenas ultrapassada pelo monitor de radiação que a empresa entregou no ano passado para a missão JUICE, e comprova a capacidade da Efacec em liderar projetos de hardware de eletrónica de voo e de se posicionar como fornecedor de tier-1, ou seja, trabalhando diretamente com o construtor do satélite – neste caso, a OHB.”, afirma Tiago Sousa, Space Projects Manager da Efacec. EDITORIAL Nas últimas edições das feiras nacionais e internacionais foi notório o aumento das soluções de automação de processos apresentadas pelos principais fornecedores da indústria. As alterações nos hábitos de consumo e as crescentes exigências ambientais, aliadas à falta de mão de obra e ao aumento dos custos de produção, levam cada vez mais empresas a procurar melhorar processos, incorporando novas tecnologias e investindo em I&D. A indústria metalomecânica - a que mais contribui para o PIB português - é também das mais afetadas pelas atuais circunstâncias. Não obstante, o setor tem um longo historial de resiliência face às dificuldades e, nesta fase, procura atualizar-se, investindo em novas tecnologias que permitam às empresas reduzir custos e aumentar a produtividade, sem pôr em risco a qualidade do produto final. Só assim será possível manter as exportações do cluster Metal Portugal que, já este ano, ultrapassaram os dois mil milhões de euros por três meses consecutivos. Entre as soluções mais procuradas estão as que se destinam a automatizar tarefas repetitivas ou que representam perigo para os operadores. É o caso da soldadura robotizada. Nesta edição da InterMetal explicamos-lhe quais as vantagens deste processo para a indústria metalomecânica e mostramos-lhe algumas das soluções disponíveis no mercado nacional. Também no campo do corte de chapa, há novidades que visam alavancar a eficiência produtiva das empresas. Cada vez mais, os fornecedores de máquinas apostam em melhorias tecnológicas que vão muito além do equipamento, desde soluções para carga e descarga automática, até ao software que liga as máquinas entre si e as conecta ao ERP da empresa. Mas, a tecnologia é apenas uma variável da equação. Em entrevista à InterMetal, Nuno Mineiro, diretor geral da Roboplan, defende que o serviço ao cliente, o desenvolvimento de soluções à medida e a dedicação do fornecedor a cada projeto são determinantes para o sucesso das empresas, principalmente em alturas difíceis. Para ler na página 16. Esta ideia reforça um princípio importante: as máquinas e a tecnologia são importantes, mas as pessoas são essenciais. Que possamos sempre continuar a pensar assim. Boa leitura! A importância da variável humana

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Nova oferta formativa Sew-Eurodrive Portugal A Sew-Eurodrive Portugal, entidade formadora acreditada pela DGERT, divulgou as próximas datas das suas ações de formação técnica, diponíveis para consulta em www.sew-eurodrive.pt. Os interessados deverão inscrever-se até 10 dias antes da data da formação e aguardar a aprovação da candidatura, que deverá ocorrer, no limite, até 5 dias antes da data da sessão. O número de participantes por sessão está limitado a 12 (exceto MOVI-PLC com máximo de 8 participantes) e o número mínimo para se realizarem as sessões de formação é de 4 participantes. Outras sessões de formação serão realizadas a pedido. Como entidade certificada pela Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), a formação técnica ministrada pela empresa possibilita aos clientes o acesso aos apoios públicos para desenvolver as competências dos seus colaboradores, nomeadamente no âmbito da medida Cheque-Formação. Esta medida constitui uma modalidade de financiamento direto da formação a atribuir às entidades empregadoras ou aos ativos empregados (para mais informações: Portaria n.º 229/2015, de 3 de agosto). Os formadores da Sew-Eurodrive Portugal estão todos habilitados com CAP (Certificado de Aptidão Profissional). O curso 'Acionamentos Eletromecânicos - Inspeção e Manutenção' obteve, pela Ordem dos Engenheiros, a acreditação OE+AcCEdE. PME: 23 milhões para financiar exportações através do e-commerce 1.500 Pequenas e Médias Empresas (PME) vão receber apoio financeiro de 23 milhões de euros para apoiar o seu esforço de e-commerce nos mercados externos até 2025. O apoio surge no âmbito da Medida Internacionalização via E-Commerce, criada ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e gerida pela AICEP. O 1º Aviso deste incentivo, com uma dotação de 4,5 milhões de euros para 2022, acaba de ser publicado. O prazo para candidaturas termina quando esgotar este montante. O formulário de candidatura vai estar disponível em breve no Balcão dos Fundos. Segundo uma nota da AICEP, esta medida permite às empresas obter financiamento para os seus projetos individuais de e-commerce internacional, como a criação de lojas online, adesão a marketplaces ou desenvolvimento de campanhas de promoção online. Os montantes de investimento elegíveis vão dos 10 mil aos 85 mil euros, consoante a tipologia de candidatura submetida pela empresa. As despesas elegíveis apresentadas são comparticipadas em 50%. Entre elas estão a aquisição de equipamentos e software relacionados com a implementação do projeto de e-commerce.

7 Portuguesa bysteel celebra contrato com o CERN A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) adjudicou à empresa portuguesa bysteel o fabrico da estrutura metálica para um detetor de matéria escura, que será instalado a 1.400 metros de profundidade no Laboratório Nacional de Gran Sasso, em Itália. Darkside-20k é o nome do detetor que faz parte de Darkside, um projeto de colaboração entre universidades da Europa e dos Estados Unidos da América que procura provar diretamente a existência de matéria escura na forma de “partículas massivas de interação fraca.” Este contrato, referente a parte dos trabalhos do CERN na construção do Darkside-20k, contempla o fabrico da superestrutura para um reservatório em forma de cubo, com 12 metros de altura e terá capacidade para 730 toneladas de árgon líquido. Este será um dos maiores detetores de matéria escura do mundo. A superestrutura foi dimensionada para suportar a pressão hidrostática do árgon líquido, bem como as temperaturas que o próprio detetor poderá atingir. Para cumprir estes requisitos, foi prescrita uma liga especial de aço capaz de manter as suas propriedades mecânicas a 50 graus centígrados negativos. “Trabalhar com o CERN numprojeto que poderá protagonizar as maiores descobertas do nosso tempo sobre matéria escura é sem dúvida um marco que qualifica, acima de tudo, o rigor e a qualidade do que fazemos.”, afirma Ricardo Portela, administrador da bysteel. Planeado para entrar em funcionamento em 2023, o Darkside-20k será o mais sensível detetor de matéria escura alguma vez desenvolvido. A superestrutura em aço de detetor de matéria escura será instalada em Itália a 1400 m de profundidade. FRESAGEM E FURAÇÃO SOBRE UMA NOVA LUZ . Mude a sua perspectiva e acende Osawa. A marca Osawa è de propriedade da Sorma S.p.a. www.osawa.it

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Norelem publica nova edição do ‘The Big Green Book’ O documento conta commais de 70 mil componentes. Concebido para ajudar os engenheiros a encontrarem rápida e facilmente os componentes de que necessitam, o ‘The Big Green Book’ vai na segunda edição, que inclui mais 10 000 itens que a anterior, totalizando agoramais de 70 000 componentes padrão. Entre as novidades, encontram-se novos cones de posicionamento em aço e buchas de posicionamento para unidades de centralização, que alinham e fixam peças de forma inovadora e asseguram uma precisão de repetição de <0,003 mm. O catálogo introduz também a gama de cilindros pneumáticos da norelem, adequados para diversas aplicações, bem como guias de transporte recentemente desenvolvidas, que permitem o posicionamento e deslocação na horizontal e na vertical. Além disso, a edição de 2022 apresenta uma categoria de produtos totalmente nova intitulada ‘controlos norelem’, que enumera componentes padrão eletromecânicos para controlo e regulação. ‘The Big Green Book’ pode ser consultado em versão impressa ou em PDF, no site www.norelem.pt. Sorma acrescenta nova série de brocas integrais Osawa ao seu portefólio A Osawa, uma marca Sorma, apresenta uma nova série de brocas de carboneto sólido com haste Weldon. A série GA/HGA em carboneto cimentado submicrónico foi concebida para aplicações gerais demaquinação numa vasta gama de materiais ISO P, M e K. As novas brocas Osawa estão disponíveis com líquido de refrigeração interno e externo, 3xD e 5xD. Bystronic alia-se à NanoLock para desenvolver soluções de cibersegurança A Bystronic assinou uma parceria com a NanoLock Security, um fornecedor especializado em cibersegurança industrial, para desenvolver soluções de vanguarda para os seus sistemas de corte e dobragem de chapas e tubos metálicos. Nos últimos anos, a Bystronic desenvolveu com sucesso o seu próprio Smart Factory Software Suite em conjunto com a empresa Kurago, recentemente adquirida pelo grupo. O Smart Factory Software Suite digitaliza todos os processos empresariais e interliga as máquinas com o resto dos processos do cliente. Para reduzir a exposição dos sistemas dos clientes a potenciais riscos informáticos durante estas interligações, a Bystronic e a NanoLock estão a desenvolver novas soluções seguras que transformam as máquinas inteligentes da Bystronic em fontes de dados fiáveis com um elevado nível de segurança cibernética. A NanoLock é um fornecedor reconhecido e experiente de soluções de cibersegurança ao nível do dispositivo. As duas empresas apresentarão a sua solução conjunta na EuroBlech 2022. A segurança é um componente essencial da Fábrica Inteligente da Bystronic.

9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Fuchs entra no mercado das baterias O Grupo Fuchs, um dos principais fabricantes de lubrificantes do mundo, adquiriu mais de 28% das ações da E-Lyte Innovations GmbH. A E-Lyte desenvolve e produz eletrólitos líquidos inovadores para baterias de alto desempenho usadas nos setores industrial e automóvel. “Estamos a pisar novos terrenos fora das aplicações clássicas para lubrificantes. Omundo está a mudar rapidamente e não queremos apenas acompanhar o ritmo, queremos ir ativamente ao encontro do futuro: entrar num mercado muito excitante e de rápido crescimento global, com um potencial de negócios significativo”, explica Stephan Fuchs, presidente do Conselho Executivo, sobre as razões do investimento. Em 2019, o Grupo Fuchs lançou o seu programa estratégico Fuchs2025. Durante estes anos e até 2025, este programa vai ajudar a empresa a aproveitar as oportunidades apresentadas pelas megatendências da digitalização, da sustentabilidade e da e-mobilidade. O novo investimento está em linha com este programa estratégico, já que permite à Fuchs o acesso ao mercado em rápido crescimento dos eletrólitos. Este mercado vai tornar-se cada vez mais importante, dentro e fora da Europa, uma vez que os eletrólitos são um elemento-chave das baterias de iões de lítio utilizadas em inúmeras aplicações, onde se inclui a e-mobilidade. O investimento total da Fuchs nesta nova área de atividade ronda os 8 milhões de euros. O acordo de compra prevê também a possibilidade de a Fuchs adquirir, ao longo do tempo, mais ações da E-Lyte Innovations. O investimento total da Fuchs nos eletrólitos líquidos ronda os 8 milhões de euros. Festo lança primeiro cobot pneumático O primeiro robô colaborativo pneumático da Festo chega ao mercado em 2023, com a promessa de fácil manuseamento e boa relação qualidade-preço. Denominado Festo Cobot, o novo colaborativo vai aliar características como a sensibilidade e o baixo peso, às vantagens da pneumática: os acionamentos diretos nas articulações são mais económicos e especialmente leves, uma vez que, ao contrário das soluções elétricas, não requerem redutores pesados, nem sensores caros de força-binário. De acordo com a empresa, o Festo Cobot será mais barato do que os cobots elétricos desta classe, com “uma atraente relação qualidade-preço” na sua principal área de aplicação: o manuseio de peças pequenas com cargas úteis de até 3 kg. “Quando sair para o mercado em 2023, o cobot da Festo estabelecerá novos padrões na colaboração humano-cobot graças à sua facilidade de uso", explica Frank Melzer, diretor de Gestão de Produtos e Tecnologia da Festo. Pelas suas características, o Festo Cobot será indicado também para pequenas e médias empresas, que costumam caracterizar-se por processos de trabalho manuais. Isto, graças às flexíveis possibilidades de aplicação, que irão permitir processar automaticamente mesmo pequenos lotes ou passos de trabalho. Além disso, segundo a Festo, a colocação em funcionamento e a programação do equipamento serão “excecionalmente intuitivas e fáceis”, pelo que não serão necessárias medidas de formação.

10 FEIRAS EuroBLECH 2022 retoma o formato presencial A EuroBLECH 2022, a 26.ª Feira Internacional Tecnológica de Transformação de Chapa, terá lugar de 25 a 28 de outubro, em Hannover (Alemanha). De acordo com a organização, a lista de expositores soma 1257 empresas, de 39 países, que ocuparão uma superfície de exposição total líquida de mais de 88 000 metros quadrados. Pela primeira vez, a EuroBLECH contará com um nono pavilhão de exposição centrado nas tecnologias de união, um dos mercados de crescimento mais relevantes no setor da mobilidade elétrica e no setor industrial em geral. Após uma paragem obrigatória, a EuroBLECH 2022 assinala o esperado regresso das reuniões de negócios presenciais. A partir deste mês de outubro, a feira também retomará o seu ciclo habitual de evento bienal. “Existe uma verdadeira sensação de alívio e entusiasmo no setor: passaram quatro anos desde a nossa última feira ao vivo, após os quais a EuroBLECH 2022 é encarada de forma generalizada como uma atualização tecnológica muito necessária para todo o setor de transformação da chapa”, refere Evelyn Warwick, diretora da EuroBLECH, em nome da organizadora Mack-Brooks Exhibitions. “A EuroBLECH sempre foi o principal mercado do setor e um ponto de encontro para tudo e para todos. Portanto, a edição deste ano proporciona um impulso particularmente importante para reiniciar ou renovar o crescimento do negócio”. NOVE PAVILHÕES DE EXPOSIÇÃO PARA PROMOVER A EXCELÊNCIA TECNOLÓGICA A EuroBLECH 2022 ocupará os pavilhões 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 26 e 27 do recinto de exposições de Hannover, o maior centro de exposições domundo. O pavilhão 26, recentemente adicionado, irá centrar-se nas tecnologias de união e também acolherá os expositores de tecnologias de superfície e ferramentas que expunham anteriormente no pavilhão 13. A feira abrange toda a cadeia tecnológica da transformação de chapa no fabrico de protótipos demetal, componentes industriais e peças de consumo. Aqui se incluemmáquinas, ferramentas e soluções de TI para corte, perfuração e moldagem, união, soldadura e fixação, tratamento de superfícies e acabamento, controlo de processos e controlo de qualidade, componentes e elementos das máquinas, sistemas CAD/CAM/CIM, equipamento para fábricas e armazéns, reciclagem de materiais e outras soluções para processar chapa, tubos, perfis, estruturas híbridas de plástico e outros materiais. A EuroBLECH 2022 ocupará os pavilhões 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 26 e 27 do recinto de exposições de Hannover.

11 FEIRAS Os expositores da EuroBLECH são provenientes de todo o mundo e são desde inovadoras empresas emergentes e PME até grandes grupos internacionais. Os cinco principais países expositores deste ano são a Alemanha, Itália, Turquia, China e Suíça. DEMONSTRAÇÕES AO VIVO E ESTREIAS DO MUNDO DA TECNOLOGIA Como sempre, os visitantes podem esperar uma grande quantidade de demonstrações de máquinas ao vivo e estreias do mundo da tecnologia. Os participantes terão infinitas oportunidades de ver máquinas inovadoras em ação, o que lhes permitirá avaliar e analisar as vantagens potenciais para os seus próprios processos de produção. “Estamos ansiosos por sentir o entusiasmo e a agitação que caracterizam a feira”, comenta Evelyn Warwick. “A verdade é que não há nada melhor do que a interação direta entre as pessoas: uma conversa frente a frente, uma demonstração ao vivo, um aperto de mãos, tudo isto é importante para estabelecer uma relação positiva e de confiança. Estamos muito satisfeitos pelo facto de a EuroBLECH, uma vez mais, disponibilizar uma plataforma física na qual os compradores de tecnologia se podem reunir e estabelecer relações com fornecedores líderes mundiais e inovadores do setor”. NECESSIDADE SIGNIFICATIVA DE INVESTIR EM TECNOLOGIAS EMERGENTES A EuroBLECH atrai tradicionalmente uma elevada percentagemde visitantes com responsabilidades executivas e de compras. Espera-se que os orçamentos de 2022 destinados à tecnologia aumentem, agora que as empresas começam a revitalizar os seus planos de investimento em tecnologia emergente para um negócio que seja resistente no futuro. “Existe uma necessidade real importante de que os fabricantes estejamem sintonia com as exigências, complexas e emmutação dos mercados modernos”, explica Evelyn Warwick. “Muitos dos nossos visitantes estarão interessados em soluções digitais, expansíveis e automatizadas para promover tanto a rentabilidade como a sustentabilidade na produção de componentes industriais e peças de consumo. Na EuroBLECH, terão acesso direto a uma vasta seleção de fornecedores de tecnologia. Isto irá permitir-lhes explorar e investir nas melhores ferramentas, máquinas e materiais para todas as suas necessidades de processamento de chapa”. CAPTAÇÃO DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM TODOS OS SETORES-CHAVE DA INDÚSTRIA A edição anterior, a EuroBLECH 2018, atraiu um total de 56 301 visitantes internacionais, incluindo compradores, engenheiros de conceção, diretores de qualidade e produção, investigadores e outros especialistas técnicos em todos os níveis de gestão e tipos de negócio. Visitantes de todos os setores-chave da indústria, incluindo fabricantes de peças, componentes e conjuntos de chapa; produção e construção de produtos ferrosos e não ferrosos; setor automóvel, aeroespacial e naval; engenharia mecânica; edificação e construção; aquecimento, ventilação e ar condicionado; criação de energias renováveis; eletrónica de consumo; telecomunicações; equipamentosmédicos, óticos e de precisão; alimentação e embalamento; e muitos mais. n A feira abrange toda a cadeia tecnológica da transformação de chapa no fabrico de protótipos de metal, componentes industriais e peças de consumo. Como sempre, os visitantes podem esperar uma grande quantidade de demonstrações de máquinas ao vivo e estreias mundiais.

12 FEIRAS AMB exibe montra de novidades para automação de processos Na produção metalomecânica em série, a automação tem vindo a revelar-se uma garantia de baixos custos e de processos estáveis. Hoje, o mercado exige um elevado grau de personalização do produto e, como resultado, tamanhos de lote menores. As vantagens da automação são, portanto, bem-vindas para se conseguir processos de produção flexíveis em pequenas séries. Neste artigo, poderá encontrar exemplos de soluções que os expositores da feira AMB apresentaram em Estugarda, de 13 a 17 de setembro de 2022. A indústriametalomecânica exige cada vez mais da engenharia mecânica, no que respeita a soluções de automação. Questões como a construção modular, reutilização e automatização flexível estão a tornar-se cada vez mais relevantes. Em ambientes de produção heterogéneos, os conceitos de automação e digitalização podem aumentar significativamente a eficiência dos operadores e das instalações. Neste contexto, os mercados da tecnologia de automação, robótica e tecnologia de manipulação também continuam a crescer. O expositor da AMB, Grob, acredita que estapremissa tambémseaplicaamáquinas de 5 eixos. Aautomatizaçãoeficiente só pode ser alcançada quando todos os elos da cadeia trabalham em conjunto de forma flexível. A empresa tem vindo a incorporar eixosNCadicionais nas suas máquinas para permitir opções como movimentos de alimentação de peças. Fresadorase tornoscomtensãohidráulica combinamdiferentesoperaçõesdemaquinação que podemser automatizadas. Além disso, a Grob mantém a aposta em conceitos de automação que incluem a integração de robôs industriais para substituir conceitos menos flexíveis e para incorporar volumes de trabalho adicionais, tais como rebarbagem, limpeza e montagem. Todos estes desenvolvimentos desempenham um papel importante no desenho das máquinas universais Grob e de soluções de automação atuais e futuras. No campo da automação, a Grob apresentou a máquina universal G150 com a célula robotizada GRC-V. A automatização CNC controlada por câmaras é adequada para a produção em série

13 FEIRAS de pequenos e médios lotes. Na área das soluções de automação, esteve em exibição a máquina universal G440 com sistema de paletização e armazenamento. Esta máquina amplia o módulo G com uma célula de produção flexível. CONEXÕES RÁPIDAS A flexibilidade é também uma prioridade para os fabricantes de tecnologias de fixação. A Schunk levou à AMB soluções de automatização rápidas e fáceis de aplicar graças à ajuda de robôs de estrutura leve. O kit de aplicação MTB foi concebido para proporcionar um acesso fácil à automatização parcial com cobots. Este kit permite carregar as máquinas, realizar tarefas gerais de manuseamento e verificações de qualidade ou mesmo realizar operações de montagem. Para o exterior da máquina, a Schunk oferece kits de pinça única que podem carregar as máquinas automaticamente, mesmo em espaços apertados. O kit de pinça dupla, por outro lado, carrega e descarrega num só ciclo, aumentando assim a produtividade da máquina. Na AMB, os visitantes puderam ver de que forma é possível personalizar as várias pinças e o bloco de aperto, e como o kit de ligação conecta a pinça ao robô em apenas alguns passos. A pinça e o bloco de aperto incluídos no kit podem ser utilizados paramaquinação com remoção de aparas e podem ser combinados com pacotes de ligação específicos para robôs. Isto poupa tempo de planeamento e, segundo a Schunk, permite uma carga e descarga 50% mais rápida, melhorando assim consideravelmente a utilização da capacidade das máquinas. Neste momento, o kit é compatível com os robôs das marcas Universal Robots, Doosan, Omron, ABB, Fanuc e Techman. COLABORATIVO E LEVE O fabricante de robôs Fanuc tem vindo a relatar uma forte procura de robôs colaborativos no mercado europeu. A empresa ampliou recentemente a sua gama de produtos comtrês novos robôs colaborativos leves da série CRX. Estes cobots completam a linha de produtos CR e CRX que passa assima contar comumtotal de 11modelos para cargas entre 4 e 35 kg. Em termos de aplicações, são principalmente adequados para inspeção e carga e descarga de máquinas, bem como para processos como embalagem, paletização, corte e polimento, entre outros. Todos os cinco modelos CRX são à prova de poeiras e protegidos contra a imersão, de acordo com a norma IP67, para que possam ser utilizados em vários ambientes de fábrica. Além disso, estão equipados com sensores e mantêm a fiabilidade mesmo quando emcontacto comuma pessoa ou objeto. Graças a esta tecnologia, o CRX pode trabalhar em segurança ao lado e em cooperação com pessoas sem a necessidade de dispendiosos dispositivos de proteção, sublinha a empresa. A série CRX foi, de resto, um dos destaques da Fanuc na AMB. AS MÁQUINAS PRÉEXISTENTES TAMBÉM PODEM SER AUTOMATIZADAS O especialista em tecnologia de fixação Hainbuch apostou, igualmente, na automação como tema forte da sua participação na feira. E não apenas para novas instalações. Os robôs de carga, capazes de assumir tarefas simples, como a montagem de dispositivos de aperto ou ferramentas, também poderão passar a ser utilizados para automatizar as máquinas já existentes. Na AMB, a Hainbuch apresentou a linha AC para a substituição de dispositivos de fixação automáticos em máquinas-ferramenta. AC significa Automatic Change (mudança automática) e permite a preparação e produção sem operador de peças de trabalho com diferentes diâmetros de fixação, perfis de fixação e profundidades de alimentação. Em ambientes de produção heterogéneos, os conceitos de automação e digitalização podem aumentar significativamente a produtividade.

14 FEIRAS Em exposição esteve uma célula robotizada, instalada no stand da empresa, para exemplificar uma solução completa de automatização que incluiu fresagem, torneamento, polimento e montagem. Além disso, a Marbach exibui o seu pequeno robô de carga, de fácil utilização, Robilo, que permite a carga e descarga automática de peças em fresadoras e tornos. Uma câmara integrada deteta a posição das peças, de modo a que o alimentador já não tenha de determinar a posição das mesmas, eliminando assim as demoradas operações de configuração. De acordo com a empresa, não são necessários conhecimentos específicos de robótica para operar o Robilo e criar uma ordem de trabalho em apenas cinco minutos, graças ao funcionamento intuitivo da interface do utilizador. SOFTWARE: ELEMENTO ESSENCIAL Para o fornecedor de sistemas de maquinaçãoWFL Millturn Technologies, o software inteligente é a chave para uma automação bem-sucedida. Combinado com as soluções de automação relevantes, o software pode facilitar operações de carga e descarga de peças, mas também configurar centros de maquinação de forma totalmente automática, alterando a ferramenta ou o dispositivo de fixação. FRAI, a filial da WFL Millturn com experiência em automação, desenvolveu sistemas robóticos altamente flexíveis para este fim. Na AMB, a WFL apresentou o seu novo centro de torneamento, furação e fresagemM20-G Millturn com tecnologia Gear Skiving, a solução de automação intCELL e sensores integrados. Com o conceito de carga integrada, a WFL reduziu a necessidade de espaço em 50 % em comparação com uma célula de produção convencional. MAXIMIZAR OS TEMPOS DE PRODUÇÃO AUTÓNOMA As soluções de automação da Hermle vão desde o trocador de paletes de fácil operação aos sistemas de manipulação para o armazenamento de peças empaletes, até aos mais diversos sistemas robóticos de classe premium e, cada vez mais, também cadeias lineares, como explicou o diretor de marketing da empresa Udo Hipp numa conferência de imprensa especializada pré-AMB. O sistema robotizado RS 1 é uma célula combinada completa para a automatização de paletes e peças de trabalho, cujo foco está na flexibilidade e produtividade: o conceito de armazenamento em prateleiras proporciona um tempo de produção autónoma muito elevado; a troca de pinça e de fixações é automática; e o espaço de configuração adequado permite a preparação de paletes e suportes de peças em paralelo com o tempo do ciclo principal. Isto, segundo Hipp, torna o RS 1 uma solução de automatização adequada para um leque muito variado de empresas. O sistema robótico pode ser utilizado comumamáquina ou interligado com duas máquinas para um rendimento máximo. Também pode ser instalado posteriormente com dois centros de maquinação ou ampliado com um terceiro módulo de estantes, um sistema de lavagem, uma máquina de medição ou um sistema de transporte sem condutor (FTS). A PARTILHA DE CONHECIMENTO FACILITA O TRABALHO EM CADEIA O Grupo Chiron tambémmarcou presença na AMB, com grande foco nas suas soluções de automação. Com a aquisição da Greidenweis, o Grupo conseguiu ampliar as suas competências em automação e integração de sistemas. O pano de fundo desta aquisição foi a constante procura de soluções completas automatizadas. O objetivo é que as novas empresas do grupo sejam capazes de criar soluções de automação inovadoras para processos de maquinação, montagem e produção altamente eficientes. Seis meses após a fusão, o Grupo orgulha-se de acrescentar ao seu portefólio soluções de automação integradas, centros de maquinação conectados e a possibilidade de integração dos seus processos e sistemas nas linhas de montagem e produção. Para além do desenvolvimento e montagem interna de máquinas e sistemas para revestimento, união e fixação adesiva para a indústria automóvel, a Greidenweis conta agora com um departamento especializado em integração de processos e sistemas. n Os visitantes da AMB poderão obter novos conhecimentos sobre tudo o que os possa ajudar a melhorar o seu nível de automação. C M Y CM MY CY CMY K

ENTREVISTA 16 NUNO MINEIRO, DIRETOR GERAL DA ROBOPLAN “A sustentabilidade do negócio é um fator crítico na escolha de um fornecedor de robótica” As vendas de robôs a nível mundial disparam em 2021, impulsionadas essencialmente pela falta de mão de obra. Portugal não foi exceção, com as soluções de soldadura robotizada no topo da procura. A Yaskawa é uma das marcas mais ativas neste mercado e também uma das presenças mais antigas em Portugal. Em entrevista exclusiva à InterMetal, Nuno Mineiro, diretor geral da Roboplan, recorda 30 anos de trabalho recompensador com a empresa japonesa, analisa o atual mercado da robótica nacional e explica-nos como é que a Roboplan pode ajudar a indústria metalomecânica a aumentar a sua produtividade. A sua relação coma Yaskawa remonta a 1992, quando era responsável pela divisão de robótica da Electro Arco. Como começou esta parceria? Essa parceria começou de uma forma muito natural. A empresa japonesa Yaskawa Electric Corporation (YEC) procurava um distribuidor em Portugal para os seus robôs de soldadura por arco, e selecionou a Electro Arco por ser líder no seu setor em território nacional. O entendimento foi imediato, porque em ambas as empresas se valorizavammuito os aspetos técnicos e de engenharia aplicada. Entretanto, passaram-se 30 anos. Na sua opinião, que fatores contribuíram para a longevidade desta representação? Sem dúvida, a reconhecida qualidade e inovação dos produtos Yaskawa – que, convém lembrar, é uma empresa mais que centenária, fundada em 1915 -, mas também a nossa preocupação em ter um serviço de apoio ao cliente muito forte e por sermos um projeto com um plano de crescimento sustentável e com objetivos de longo prazo. Nunca vimos a nossa atividade num horizonte temporal curto, mas antes como um processo de longo prazo. Nuno Mineiro, diretor geral da Roboplan, trabalha com a Yaskawa há 30 anos. Luísa Santos

ENTREVISTA 17 Sabe quantos robôs tem a Yaskawa atualmente instalados em Portugal? Em que setores? Temos cerca de 1.500 unidades instaladas em empresas fabricantes de componentes para a indústria automóvel, como é o caso da Simoldes Plásticos, da Faurecia, da Dura, entre outras, e em empresas da indústria transformadora, por exemplo, na Sumol Compal, na Teka, na Renova, nas fábricas do Grupo Amorim e no Grupo Roca. Quais são as vossas principais áreas de especialização? A Roboplan trabalha em parceria com diversos integradores que incorporam os robôs nas suas máquinas. Estas empresas, por sua vez, são especializadas em determinadas áreas de processo, seja em máquinas para chapa, para tubo, para finais de linha, pintura, etc.. Por outro lado, a Roboplan atua também como empresa de engenharia, integrando processos finais, desde que não entrem em concorrência com os integradores/clientes existentes. Neste caso, normalmente, estamos a falar de aplicações muito específicas e com pouca probabilidade de multiplicação de instalações. Dito isto, a Roboplan tem uma tradição muito forte na área da soldadura por arco, beneficiando do facto da Yaskawa ser, incontestavelmente, a líder mundial nessa área. Na sua opinião, atualmente, que aspetos determinam a escolha de um fornecedor de robótica emPortugal? Como hoje em dia não há, em geral, maus automóveis, também não existem maus robôs entre as principais marcas. O importante é, sobretudo, a experiência e a dedicação de quem desenvolve a solução, obviamente com base em marcas reconhecidas. Mas, infelizmente, algumas empresas que se dedicaram à robótica industrial em Portugal deixaram de existir. Quer isto dizer que a sustentabilidade do negócio é um fator crítico na escolha de um fornecedor, porque como cliente não queremos ficar sem a adequada assistência técnica ou o conhecimento detalhado de determinada aplicação. É desejável que o fornecedor tenha uma dimensão mínima que garanta a qualidade do serviço e da aplicação, simultaneamente com a garantia do equipamento utilizado. A pandemia veio aumentar a procura de soluções de soldadura robotizada no setor da metalomecânica. Também é esta a vossa experiência? O que sobretudo notámos foi o agravamento da falta de mão de obra disponível para os trabalhos mais físicos, entre eles a soldadura. Ou seja, existe uma forte escassez de soldadores porque as pessoas já não são atraídas “Hoje, não existemmaus robôs entre as principais marcas. O que faz a diferença é a experiência e a dedicação de quem desenvolve a solução” Instalações da Roboplan em Aveiro.

ENTREVISTA 18 por esse tipo de profissão, mesmo que tenham perspetivas salariais razoáveis. Claramente, existem alterações sociais onde se nota que as pessoas evitam as atividades de maior desgaste e mais penosas, e isto é naturalmente verdade também para a metalomecânica. No nosso entendimento, este aumento de procura resulta, essencialmente, da falta de mão de obra, mas também da necessidade crescente que as empresas sentem de automatizar os seus processos para garantir níveis estáveis de produção e qualidade. Por outro lado, houve um aumento da procura por determinados tipos de produtos, como por exemplo equipamentos de desporto, devido aos confinamentos obrigatórios e à alteração das rotinas de vida das pessoas. Que segmentos demercadomais procurameste tipo de soluções? A indústria dos componentes automóvel é um importante mercado, bem como o que designamos por ‘general industry’ ou indústria ‘end user’, de fabrico de bens metálicos em geral como equipamentos de transporte, mobiliário, equipamentos para construção civil, para a prática de desporto, etc. Que equipamentos tem a Roboplan para oferecer ao mercado neste campo? A Roboplan tem uma gama muito alargada de células standardizadas que são escolhidas em função das características dos produtos a soldar, que permitem uma utilização muito fiável e simples, e uma instalação rápida. Também é possível criar, para os casos mais complexos, uma célula totalmente feita à medida do cliente. Hoje, é possível simular com exatidão uma célula em ambiente virtual, por forma a detetar precocemente eventuais problemas, podendo assim eliminá-los antes do equipamento ser instalado no cliente. Isto reduz fortemente o risco tanto para o fornecedor como para o cliente. Além disso, podemos também fornecer os equipamentos dedicados de fixação das peças para soldar (os chamados ‘ jigs’) e realizar a simulação completa antes da execução física. Além dos robôs, a Roboplan oferece soluções robotizadas ‘chave na mão’.

ENTREVISTA 19 A nossa prestação pode, portanto, ser ‘chave na mão’, com equipamentos e serviços que permitem ao cliente não ter de se preocupar com a solução, focando-se assim na sua atividade principal. Que outras soluções têm para oferecer à Indústria metalomecânica? Com as nossas parcerias, dispomos de soluções testadas e muito produtivas para o setor da chapa e do tubo (quinagem, dobragem), corte plasma e laser ou jato de água, tratamento de superfície (lixagem, polimento, pintura), carga e descarga de máquinas-ferramenta e muitas outras aplicações mais especificas. A robótica colaborativa é outra das tendências no mundo industrial. Esta é também uma aposta da Yaskawa? A Yaskawa, devido à sua liderança tecnológica, concebeu um dos robôs colaborativos mais avançados no mercado, a série HC, que permite manipular cargas até 30 kg. O padrão de construção dos robôs colaborativos Yaskawa é o mesmo dos seus robôs industriais convencionais, permitindo uma fiabilidade e robustez a toda a prova. Através da Yaskawa, temos, portanto, à disposição dos nossos clientes, uma das máquinas mais avançadas do mercado. Convém, no entanto, alertar para o que são as aplicações que são ou não colaborativas, e não só os robôs. Neste aspeto existe ainda alguma confusão no mercado. Podemos ter uma aplicação colaborativa com um robô convencional - que, por exemplo, pára através da atuação de sensores de proximidade quando em interação com um operador -, e podemos ter uma aplicação não colaborativa com um robô colaborativo - por exemplo, se este manipular uma ferramenta perigosa como uma faca ou um feixe laser. A velocidade de operação dos robôs colaborativos também tem sido um fator polémico. A robótica colaborativa passa assim por uma avaliação de risco, que deve ser obrigatória e que determinará o funcionamento mais ou menos colaborativo da instalação. E nem sempre se acaba por ter um sistema tão simplificado, como alguns fornecedores no mercado querem fazer crer, ou podemos também acabar com uma solução demasiado lenta para os requisitos. No entanto para a Roboplan a robótica colaborativa é um setor onde apostamos e onde temos feito instalações interessantes, incluindo por exemplo a robótica móvel. Além da venda e instalação de robôs, que outras valências oferece a Roboplan ao mercado? A Roboplan dispõe de uma das maiores equipas de assistência técnica dedicadas exclusivamente à robótica para servir o território português, mas também preparadas para apoio internacional a um cliente que tenha essa necessidade. Temos assistência técnica disponível sete dias por semana, 24 horas por dia. Além disso, temos capacidade para desenvolver soluções de produção automatizada, com a realização de estudos e simulações, usando a larga experiência da nossa equipa de engenharia e os métodos mais avançados do estado da arte. Finalmente, que projetos tem a sua empresa para os próximos anos? Mundialmente, o momento que atravessamos é extremamente imprevisível. Com o pós-pandemia ainda não totalmente dominado, a escassez de materiais e equipamentos, a crise energética e dos preços dos combustíveis, a inflação, a subida das taxas de juro, a guerra na Europa e a sua ameaça de alastrar, o aquecimento global e a seca, a ameaça de fome em países pobres, a economia portuguesa e o seu problema de divida e de crescimento, tornam qualquer previsão um exercício de mera adivinhação. No entanto, a Roboplan mantém a sua intenção de desenvolver, dentro do possível, os seus recursos humanos, a sua atividade de I&D e aumentar a sua presença nos mercados externos onde já tem projetos realizados, como Espanha, França, Alemanha, Polónia, Marrocos, China, Estados Unidos, Argentina, entre outros destinos. Quanto ao mercado português, de momento existem demasiadas variáveis de comportamento que o tornam imprevisível, colocando assim qualquer estratégia de médio prazo no plano das decisões diárias. No entanto, como empresa líder na automação e robótica industrial, pretendemos manter um crescimento sustentável, nunca perdendo de vista a nossa missão apoiada em valores como confiança, seriedade e proximidade com os nossos clientes e parceiros. n Junto com os seus parceiros, a Roboplan disponibiliza soluções robóticas para o setor da chapa e do tubo, corte plasma e laser ou jato de água, tratamento de superfície, carga e descarga de máquinas-ferramenta, entre outras aplicações mais especificas

ROBÓTICA 20 Vendas de robôs e cobots aumentam na Europa, Ásia e América As vendas de robôs industriais registaram uma forte recuperação: um recorde de 486.800 unidades foram vendidas em todo o mundo, um aumento de 27% em relação ao ano anterior. A região Ásia-Austrália registou o crescimento mais forte da procura, com instalações a aumentar 33%, alcançando 354.500 unidades. Em segundo lugar está a Europa, que cresceu 15% com 78.000 unidades instaladas, e a América que aumentou 27%, com 49.400 unidades vendidas, segundo os resultados preliminares de 2021 divulgados pela Federação Internacional de Robótica (IFR, sigla em inglês). FORTE PROCURA EM TODOS OS SETORES Em 2021, o principal motor de crescimento foi a indústria eletrónica

21 ROBÓTICA Durante os próximos dois anos, o mercado de cobots deverá manter uma taxa de crescimento anual de 25%, atingindo em 2022 as 50 mil unidades instaladas em todo o mundo (132.000 instalações, +21%), que ultrapassou a indústria automóvel (109.000 instalações, +37%) como o maior cliente de robôs industriais já em 2020. Segue-se ometal e amaquinaria (57.000 instalações, +38%), à frente dos plásticos e produtos químicos (22.500 instalações, +21%) e alimentos e bebidas (15.300 instalações, +24%). RECUPERAÇÃO EUROPEIA Em 2021, as instalações de robôs industriais na Europa recuperaram após dois anos de declínio. Na realidade, ultrapassaram o pico de 75.600 unidades atingido em 2018. A procura dos setores de metal e maquinaria aumentou signif icativamente (15.500 instalações, +50%), seguida pelos plásticos e produtos químicos (7.700 instalações, +30%). COBOTS CRESCEM COM A PANDEMIA Os cobots registaram, em 2021, um crescimento de 44,6%, de acordo com o Interact Analysis. Este crescimento deve-se à baixa taxa de crescimento a partir de 2020 e ao enorme impulso das empresas depois de conhecerem as vantagens que agregam os cobots em tempos de incerteza. Durante os próximos dois anos, a Interact Analysis prevê que o mercado de cobots mantenha uma forte taxa de crescimento anual de 25% e atingirá 50.000 cobots instalados em 2022. Enrico Krog Iversen, CEO da OnRobot, especialista em soluções de robótica colaborativa, comenta: “estes números mostram que a indústria robótica, em todas as suas variantes, recuperou e atingiu números de instalação sem precedentes. E, é claro, os robôs colaborativos contribuíram para este impulso graças à sua segurança, versatilidade e eficiência”. n

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