O estudo anual da Michael Page antecipa um 2026 marcado pela digitalização, pela escassez de talento e pela necessidade de novas estratégias de gestão nas áreas da engenharia, indústria e construção, que enfrentam mudanças estruturais e desafios de competitividade.
A Michael Page apresentou o seu estudo anual com as principais tendências do mercado de trabalho em Portugal para 2026, com foco nos quadros médios e superiores dos setores da Engenharia e Construção. O relatório revela um cenário desafiante, marcado pela aceleração tecnológica, volatilidade económica e escassez de mão de obra qualificada, fatores que continuam a pressionar empresas e profissionais num mercado em constante mutação.
Segundo o estudo, a procura por talento altamente especializado continua a superar a oferta, sobretudo nas áreas técnicas e de gestão. Apesar das incertezas geopolíticas e da pressão inflacionista, o mercado português mantém-se competitivo e resiliente, impulsionado pela inovação e pela transição energética.
“Num contexto laboral marcado pela instabilidade, os profissionais valorizam hoje muito mais do que o salário -procuram propósito, flexibilidade e oportunidades de crescimento. Já as empresas enfrentam o desafio de atrair e reter talento num cenário de expetativas em rápida mudança”, sublinha Álvaro Fernández, diretor-geral da Michael Page Portugal.
Indústria em mudança: engenharia e manufatura ganham novo fôlego
O setor Engineering & Manufacturing mostra sinais de recuperação após um período de forte impacto causado pela guerra, pela subida dos custos energéticos e das matérias-primas. A retoma é visível sobretudo nos segmentos ligados à produção energética, tecnologias digitais, indústria alimentar e logística.
A transformação digital e o investimento em energias renováveis estão a criar novas oportunidades em automação industrial e data centers, enquanto a manufatura tradicional e a indústria extrativa permanecem em fase de adaptação.
Entre os profissionais mais procurados destacam-se engenheiros de processo, gestores de produção, project managers, responsáveis de manutenção e especialistas em digitalização industrial. A dificuldade em atrair e reter estes perfis leva as empresas a repensar as suas políticas de recursos humanos, apostando em flexibilidade, formação contínua e carreiras mais ágeis.
Cerca de 73% dos profissionais do setor afirmam pretender mudar de função nos próximos três anos -um sinal claro da elevada mobilidade.
Em termos salariais, o estudo aponta que um diretor-geral pode auferir entre 110 mil e 170 mil euros anuais, enquanto um diretor de operações pode chegar aos 92 mil euros.
Construção e imobiliário: estabilidade e valorização salarial
No setor de Property & Construction, a tendência é de estabilidade com crescimento moderado. A escassez de mão de obra qualificada continua a ser um dos principais entraves, especialmente face ao aumento de novos projetos e à complexidade crescente das obras.
As funções mais procuradas incluem diretores de obra, encarregados gerais, preparadores de obra e orçamentistas. Do lado dos promotores, há forte procura por gestores de projeto, property managers e gestores pós-venda.
As competências técnicas são essenciais, mas as soft skills -como liderança, comunicação e resolução de problemas -assumem um papel cada vez mais determinante.
A valorização salarial mantém-se: um diretor de obra pode ganhar até 60 mil euros por ano, enquanto um encarregado de obra ronda os 50 mil euros. A Michael Page nota ainda que 30% dos profissionais do setor tentaram negociar o seu salário no último ano, refletindo um mercado de trabalho cada vez mais assertivo e competitivo.
Tendências transversais: dados, IA e propósito
Para 2026, a Michael Page prevê uma redefinição da cultura de trabalho, impulsionada pela inteligência artificial, pela maior transparência salarial e por uma gestão mais estratégica de talento.
A utilização de dados para decisões de recursos humanos, o desenvolvimento de competências digitais e a colaboração global serão pilares das empresas que quiserem manter-se relevantes num contexto de rápida evolução tecnológica.
O estudo da Michael Page confirma que o futuro do trabalho em Engenharia e Construção será cada vez mais digital, colaborativo e orientado para o talento. A competitividade deixará de se medir apenas pela capacidade técnica ou financeira das empresas, mas também pela sua agilidade em adaptar-se às novas exigências do capital humano -o verdadeiro motor da transformação.
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