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Human Centric Manufacturing: a evolução natural da Indústria 4.0

Nilza Ramião, coordenadora da área de biomecânica no INEGI

13/10/2025

A Indústria 4.0 impulsionou grandes avanços nas empresas: fábricas inteligentes, automação em larga escala e uma nova geração de tecnologias capazes de transformar radicalmente a forma como produzimos. No entanto, rapidamente percebemos que, além da tecnologia, há uma variável decisiva que dita o sucesso de qualquer empresa: as pessoas.

Um artigo recente1 sobre o impacto da transição digital na saúde psicológica e no bem-estar laboral, elaborado pela Ordem dos Psicólogos portugueses, mostra aliás que a transição digital tem revelado efeitos limitados na produtividade: apenas 20% dos setores registam melhorias, 70% não apresentam alterações relevantes e cerca de 10% enfrentam mesmo quebras.

Este cenário reforça a necessidade de uma abordagem estratégica e cuidadosa. É desta consciência que nasce o conceito de Human Centric Manufacturing, apontado como a evolução natural da Indústria 4.0 e pilar fundamental da chamada Indústria 5.0.

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Porque é preciso ir além da tecnologia?

A Indústria 4.0 focou-se na digitalização dos processos, na conectividade e na eficiência. No entanto, muitas empresas sentiram também os seus efeitos colaterais:

  • Dificuldade em atrair e reter talento qualificado, pouco motivado para trabalhar em ambientes industriais rígidos;
  • Desafios na adaptação de trabalhadores mais experientes a novas tecnologias;
  • Crescente preocupação com bem-estar e segurança no trabalho.

O que é o Human Centric Manufacturing?

Human Centric Manufacturing significa colocar as pessoas no centro das operações industriais. É criar fábricas onde a tecnologia não substitui, mas apoia ao reduzir esforço físico e cognitivo e libertando tempo e energia para aquilo que só as pessoas conseguem fazer: a criatividade, a resolução de problemas e a inovação.

O Human Centric Manufacturing é a chave para garantir a competitividade num mercado global cada vez mais exigente, porque permite:

  • Atrair e reter talento: transformar o ambiente de trabalho num fator de atração e retenção para jovens engenheiros e técnicos qualificados;
  • Aumentar a produtividade: apoiar os colaboradores com tecnologias que reduzem esforço físico e cognitivo, potenciando o seu desempenho;
  • Facilitar a transformação digital: quando a tecnologia é percebida como feita 'para as pessoas', a resistência à mudança diminui e a adoção acelera;
  • Garantir sustentabilidade: cuidar da segurança reduz absentismo, rotatividade e acidentes, assegurando maior estabilidade e competitividade a longo prazo.

O exemplo da Hyundai

Conhece a nova fábrica da Hyundai na Geórgia, Estados Unidos? Numa instalação hiper automatizada, em que robôs realizam a soldadura e manuseamento de peças pesadas, uma fatia significativa da linha continua nas mãos dos colaboradores. São eles que tratam de inspeções, acabamentos e ajustes minuciosos. Tarefas que exigem precisão, sensibilidade tátil e capacidade de adaptação2.

O CEO da Hyundai, José Muñoz, contou ao Wall Street Journal que "não estamos a tentar minimizar o envolvimento humano — estamos a tentar maximizar o potencial humano”. Uma abordagem que exemplifica como os decisores podem combinar automação avançada com capital humano.

Preparar o futuro com o Human Centric Manufacturing Programme

Para aprofundar estes conceitos e explorar metodologias práticas de aplicação, o INEGI desenhou o Human Centric Manufacturing Programme, um programa de formação avançada que ajuda decisores e gestores industriais a:

  • Obter uma melhor compreensão e domínio das várias dimensões dos fatores humanos na indústria para tornar decisões mais informadas e eficazes;
  • Conhecer metodologias e ferramentas de avaliação dos diferentes fatores humanos;
  • Explorar o impacto de diversas tecnologias emergentes no local de trabalho;
  • Preparar a implementação de soluções centradas no ser humano, explorando estratégias e casos práticos;
  • Desenvolver um plano adaptado à realidade de cada participante.

Implementar uma abordagem human centric não é um projeto isolado: é um processo contínuo de melhoria, em que tecnologia e pessoas caminham lado a lado. Afinal são dois ativos complementares, não opostos.

Referências

[1] O impacto da transição digital na saúde psicológica e no bem-estar laborais. Ordem dos Psicólogos. Consultado a 6 de outubro de 2025.

[2] America’s Newest Auto Plant Is Full of Robots. It Still Needs the Human Touch. The Wall Street Journal. Consultado a 25 de agosto de 2025.

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