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Informação profissional para a indústria metalomecânica portuguesa

Especialista em ... Novos mercados da indústria de moldes portuguesa

Alexandra Costa31/10/2025
Manuel Oliveira, secretário-geral da Associação Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol)

Manuel Oliveira, secretário-geral da Associação Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol)

Quais são, neste momento, os principais mercados internacionais onde a indústria portuguesa de moldes está a procurar afirmar-se para além da Europa tradicional?

A indústria portuguesa de moldes tem diversificado a sua presença internacional, procurando novas oportunidades para além do espaço europeu, que continua a ser o principal destino da sua produção. 

Em 2024, registaram-se exportações para 85 mercados distintos. Fora da Europa, os Estados Unidos e o México assumem-se como mercados prioritários e de maior relevância, não apenas pela dimensão da indústria transformadora local, mas também pela valorização e procura de fornecedores de moldes de elevada complexidade e precisão. Como mercados emergentes nas nossas exportações no último ano, salientamos ainda o papel de Marrocos como destino do setor.

O que distingue a oferta portuguesa de moldes nos mercados emergentes face à concorrência de países como a China e a Turquia?

Apesar do preço apresentar, atualmente, uma grande preponderância como fator de decisão de compra, Portugal tem tentado diferenciar-se pela oferta de soluções integradas e de valor acrescentado, distinguindo-se pela elevada qualidade técnica e know-how, pela capacidade de desenvolver soluções complexas e de oferecer um serviço próximo e personalizado.

Os moldes portugueses são reconhecidos pela precisão e fiabilidade, fatores críticos em setores tão exigentes como o automóvel, médico ou o da defesa e segurança, apenas para citar alguns. Acresce a isto a flexibilidade das nossas empresas, capazes de se adaptar rapidamente a necessidades específicas e garantir um acompanhamento pós-venda eficaz — algo que, muitas vezes, não acontece com fornecedores de outras regiões do globo. Em mercados onde a confiança e a assistência são determinantes, esta abordagem é uma clara vantagem competitiva.

Como a inovação tecnológica, nomeadamente a digitalização, a automação e a integração da indústria 4.0, está a ajudar as empresas portuguesas a abrir portas em novos mercados?

A inovação tecnológica tem sido um dos pilares da competitividade do setor. A digitalização e as ferramentas de simulação permitem reduzir tempos de desenvolvimento, assegurar maior previsibilidade e oferecer aos clientes soluções rápidas e fiáveis. Por outro lado, a automação e a integração de processos aumentam a produtividade e eficiência, reduzindo a margem de erro e garantindo padrões de qualidade muito exigentes. 

Em paralelo, a adoção de novas soluções como a monitorização de dados em tempo real ou a manutenção preditiva, abrem espaço para novos modelos de negócio, onde será possível não vender apenas o molde, mas um serviço integrado de suporte e acompanhamento. 

Estes fatores são decisivos na conquista de novos mercados, sobretudo junto de clientes que valorizam eficiência, inovação e garantia de desempenho.

A atual conjuntura geopolítica e económica (guerra na Ucrânia, tensões comerciais EUA-China, aumento de custos energéticos) está a condicionar ou a acelerar a procura de novos destinos?

A conjuntura internacional tem-se refletido de forma muito significativa na atividade da indústria portuguesa de moldes, sobretudo pela incerteza que provoca junto de mercados e clientes tradicionais.

A guerra na Ucrânia, as tensões comerciais entre grandes potências e as políticas protecionistas criaram um ambiente de grande instabilidade, em que muitos clientes optam por adiar ou até mesmo suspender novos projetos de investimento. Esta retração gera, inevitavelmente, uma menor carga de trabalho e acentua a sobrecapacidade instalada no setor a nível global, pressionando condições de negócio e as margens das empresas.

Ao mesmo tempo, a forte concorrência internacional, sobretudo de países com estruturas de custos mais competitivas e políticas industriais muito agressivas, agrava ainda mais estes efeitos.

Assim, num cenário em que há menos projetos disponíveis e maior disputa pelos mesmos, torna-se imperativo que as empresas portuguesas continuem a reforçar a sua diferenciação, a procura de novos mercados, clientes ou áreas de negócio, demonstrando a qualidade, inovação, competência e confiança que sempre caracterizaram a sua oferta.

Que papel desempenha a escassez de mão-de-obra qualificada na capacidade da indústria portuguesa de responder a clientes globais?

A falta de mão-de-obra qualificada é, hoje, um dos maiores desafios da indústria de moldes, não só em Portugal, mas em toda a Europa.

A procura de técnicos especializados, capazes de operar equipamentos avançados e de última geração, que reforcem a capacidade de planeamento e programação ou garantam a gestão de processos de elevada complexidade, é superior à oferta existente. Esta realidade limita a capacidade de crescimento e, em alguns casos, condiciona a resposta a clientes globais em prazos curtos.

Contudo, as empresas têm procurado mitigar este desafio através da inovação, da tecnologia, da automação e otimização de processos, não esquecendo o reforço de competências internas com uma aposta na formação e na cooperação com instituições de ensino. Será fundamental reforçar o investimento em programas de qualificação e atratividade da carreira industrial, sob pena deste se tornar um fator crítico de competitividade a médio prazo.

Quais os setores industriais que poderão representar maiores oportunidades de crescimento para os moldes portugueses na próxima década?

Acreditamos que os próximos anos poderão abrir um novo leque alargado de oportunidades para o setor. O automóvel continuará a ser central, mas com novas exigências resultantes da sustentabilidade e transição ambiental, bem como novos conceitos de mobilidade, permitindo o surgimento de novos produtos, empresas e oportunidades para a indústria de moldes. A indústria médica representa também um espaço de crescimento muito promissor, pela elevada exigência técnica e pelo ritmo contínuo de inovação. A indústria aeroespacial e de defesa, em expansão na Europa, oferece igualmente oportunidades em segmentos de elevada precisão que devem ser identificados. A par destes, há ainda setores de grande relevância como a embalagem e os bens de consumo, que continuam a gerar procura e nichos de intervenção. 

Estamos convictos que Portugal tem um bom posicionamento para servir estes mercados, sobretudo quando se exige qualidade, inovação e customização.

Como imagina a posição da indústria portuguesa de moldes no mapa global em 2030?

Hoje em dia é difícil fazer previsões, até no curtíssimo prazo, em função da situação económica e geopolítica que enfrentamos.

Gostaríamos de imaginar a indústria portuguesa de moldes em 2030 como 'a referência europeia' na produção de moldes de média-alta e alta complexidade, com forte reconhecimento no mercado global, assumindo-se as empresas como parceiros estratégicos para clientes que procuram soluções tecnológicas de confiança, baseadas em engenharia avançada e serviços integrados. 

Acreditamos que estaremos mais próximos de uma lógica de 'fornecedor de soluções' do que de 'fabricante de moldes', alavancando a digitalização e a automação para criar valor além do produto físico. 

Apostando em inovação contínua, Portugal poderá ter em 2030 uma posição consolidada no mapa global, com um 'cluster' de moldes reconhecido pela excelência, pela capacidade de adaptação e pelo contributo para a competitividade de múltiplos setores industriais.

Manuel Oliveira

Secretário-geral da Associação Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol)

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