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Exemplo de risco, resiliência e reinvenção

Risco, resiliência e reinvenção: a história de sucesso da Epalfer

Daniel Canizares, AutoForm21/07/2025

Em pouco mais de 20 anos, a Epalfer tornou-se um dos principais fabricantes europeus independentes de ferramentas para a indústria automóvel. Localizada em Segadães, a empresa conta com cerca de 100 funcionários e dedica-se ao desenvolvimento, produção e teste de protótipos e pequenas séries, ferramentas progressivas e de transferência, apoiada pelo software de simulação AutoForm, que lhe permitiu entrar com confiança num mercado altamente competitivo.

Para o fundador e diretor-geral da empresa, Eduardo Oliveira, e o seu sócio Paulo Henriques, o caminho percorrido consistiu em assumir riscos e adotar abordagens inovadoras que, no final, deram frutos. Neste artigo, Eduardo Oliveira partilha a sua história de perseverança, visão e busca incessante pela excelência que transformou a Epalfer de uma pequena empresa local num ‘key player’ no setor mundial de ferramentas para a indústria automóvel.

Eduardo Oliveira (à esquerda) e Paulo Henriques (à direita)
Eduardo Oliveira (à esquerda) e Paulo Henriques (à direita).

Início modesto, grandes ambições

Quando Paulo Henriques e Eduardo Oliveira fundaram a Epalfer, em 2002, a sua visão era simples: criar uma empresa de estampagem capaz de processar as peças de chapa mais complexas com precisão e eficácia. Mas, com o passar dos anos, transformou-se em algo muito maior: uma empresa baseada na inovação, tecnologia avançada e relações sólidas com os clientes.

Ambos trabalhavam há muito tempo no setor de fabricação de ferramentas, conheciam-no perfeitamente e viram a oportunidade de criar algo próprio. “Mas não nos iludimos, era uma aventura arriscada. Começámos com apenas dois funcionários, eu era responsável pelo design e o Paulo pela produção”, explica Eduardo, relembrando os primeiros passos.

“Começámos modestamente”, recorda, “fabricando ferramentas para serralharia. Era o nosso ganha-pão nos primeiros tempos e deu-nos uma base sólida na fabricação de ferramentas. No entanto, não demorámos muito a perceber que, se queríamos crescer, tínhamos de dar uma volta. O setor automóvel era muito maior, com exigências mais complexas e rigorosas. Não sabíamos se estávamos preparados para dar o salto, porque essa decisão exigiria investimentos importantes em tecnologia e conhecimento. Mas acabámos por fazê-lo”.

Paulo Henriques e Eduardo Oliveira na oficina
Paulo Henriques e Eduardo Oliveira na oficina.

“Quebrar o molde” para vencer os grandes

Quando entraram no mercado, perceberam que enfrentavam uma concorrência “formidável”. O setor europeu de fabricação de ferramentas está repleto de empresas consolidadas, muitas das quais estão no mercado há décadas. Eram empresas com uma sólida reputação e relações duradouras com clientes importantes, e estava claro que entrar nesse mercado não seria tarefa fácil.

No entanto, muitas dessas empresas continuavam a utilizar tecnologias antigas e obsoletas. Eram eficientes na produção de peças standard, mas quando se tratava de componentes complexos e de alta precisão tinham dificuldades.

Os dois sócios viram nisso a sua oportunidade: “desde o início percebemos que a indústria automóvel estava a evoluir, com uma procura crescente de peças mais complexas e leves. Não eram o tipo de componentes que podiam ser fabricados com métodos tradicionais. Decidimos concentrar-nos em projetos complexos que outros não podiam ou não queriam assumir. Investimos na tecnologia mais avançada, aperfeiçoámos os nossos conhecimentos e posicionámo-nos como a empresa a quem recorrer para projetos difíceis. E funcionou”, explica Eduardo.

Máquina de corte a laser 3D
Máquina de corte a laser 3D.
Vista de uma ferramenta progressiva completa
Vista de uma ferramenta progressiva completa.

Avanços e campos de batalha

Um dos momentos cruciais para a Epalfer chegou em 2005, quando produziram a sua primeira ferramenta progressiva para um fornecedor automóvel de nível Tier 1. Foi a grande oportunidade da empresa: “construir essa primeira ferramenta progressiva não serviu apenas para demonstrar as nossas capacidades técnicas; serviu para gerar confiança”, recorda Eduardo. “O setor automóvel é exigente e há muito em jogo. Quando se trabalha com fornecedores Tier 1, não há margem para erros. Entregar essa ferramenta no prazo, com o nível de precisão exigido, abriu-nos as portas. Colocou-nos no mapa”.

Mas a história não terminou aí. Foi necessário enfrentar novos desafios, como a recessão económica que afetou duramente a indústria automóvel, como explica Eduardo: “lembro-me de estar sentado no nosso escritório com o Paulo, a tentar descobrir como iríamos manter o negócio à tona. Passámos noites em claro e tomámos decisões difíceis. Tivemos de racionalizar as nossas operações e descobrir como fazer mais com menos. Foi uma dura lição de flexibilidade, mas, no longo prazo, tornou-nos mais fortes. Aqueles tempos ensinaram-nos a importância de ser ágeis, inovar constantemente e nunca dar o sucesso como garantido”.

Processo de montagem de uma matriz progressiva
Processo de montagem de uma matriz progressiva.

Software de simulação como motor do sucesso

Os primeiros investimentos da Epalfer em tecnologia foram, sem dúvida, um catalisador do crescimento. Como quando decidiram investir no software AutoForm, uma ferramenta de simulação de última geração que lhes deu uma grande vantagem sobre os concorrentes: “naquela altura era uma decisão arriscada para uma pequena empresa como a nossa. O investimento foi significativo, mas permitiu-nos otimizar o design das ferramentas e racionalizar os nossos processos de produção de uma forma que antes era impossível. De repente, pudemos melhorar a qualidade dos produtos, encurtar os ciclos de desenvolvimento e reduzir os custos, o que nos permitiu oferecer preços mais competitivos”. Uma das principais vantagens da simulação é que permite ter conversas mais relevantes com os seus clientes. Perante perguntas técnicas específicas, como “Como se comportará o material nestas condições de tensão?” ou “Podemos otimizar a força de prensagem da chapa?”, a Epalfer é capaz de dar respostas concretas apoiadas pelos dados das simulações. “Este nível de detalhe melhora o processo de compra e reforça as nossas relações com os clientes”, afirma Eduardo.

Transporte de uma matriz na oficina
Transporte de uma matriz na oficina.

É tudo uma questão de trabalho em equipa

Mas a simulação é apenas uma parte da história. No centro do sucesso da Epalfer está a experiência das suas equipas de engenharia e testes. Atualmente, empregam 95 pessoas “e cada uma delas contribui para que esta empresa funcione”, garantem os dois sócios. “Quando passamos das simulações digitais para os testes físicos, a nossa equipa garante que o processo seja o mais harmonioso possível”. Todas as ferramentas são testadas, ajustadas e aperfeiçoadas com atenção meticulosa aos detalhes, garantindo que o produto final atenda ou supere as expectativas do cliente.

“Desde o primeiro dia, concentramo-nos em oferecer oportunidades de aprendizagem e crescimento contínuos. Tenho orgulho de dizer que criámos um ambiente de trabalho positivo, no qual as pessoas são incentivadas a inovar e superar limites. Tivemos que o fazer, porque atrair e reter talentos neste setor não é fácil, especialmente quando se compete com empresas maiores e mais consolidadas. Mas ao investir nos nossos funcionários conseguimos criar uma equipa forte que impulsiona o nosso sucesso”.

Peças produzidas e transportadas para armazenamento
Peças produzidas e transportadas para armazenamento.

Perceber as necessidades dos clientes

O que realmente diferencia a Epalfer é o seu compromisso em compreender as necessidades dos clientes. Quando se trabalha no setor automóvel, especialmente em carroçaria em bruto, bancos, baterias e sistemas de suspensão, os requisitos são incrivelmente específicos e exigentes. “Não nos limitamos a fabricar ferramentas; produzimos soluções integrais para o ciclo de vida da produção que se adaptam às necessidades precisas dos nossos clientes”. Desde a simulação e corte a laser 2D/3D até ao desenvolvimento e produção.

Por isso, Eduardo afirma com convicção que “o foco no cliente tem sido vital para a nossa abordagem. Quando os clientes sabem que colaboramos com eles para investir no seu sucesso e que lhes fornecemos ferramentas de alta qualidade que superam as suas expectativas, voltam sempre. Queremos ser um parceiro de confiança, não apenas um fornecedor, e procuramos estabelecer relações de colaboração a longo prazo”.

Afinação de ferramentas
Afinação de ferramentas.

Arriscar para ganhar

Acima de tudo, os responsáveis pela Epalfer garantem que nunca tiveram “medo de assumir riscos. Arriscámos ao passar da indústria de serralharia para o setor automóvel. Arriscámos ao investir em tecnologia de ponta quando ainda éramos uma pequena empresa. E arriscamos sempre que apresentamos uma proposta para um projeto que ultrapassa os limites do que acreditávamos ser capazes de fazer. Mas esses riscos valeram a pena e hoje somos mais fortes por isso”.

Olhando para trás, têm a certeza de que a sua capacidade de inovar e antecipar-se aos acontecimentos foi crucial, conscientes de que, neste setor, não se pode permitir a complacência: o mundo automóvel está em constante mudança: novos materiais, novas tecnologias e novas exigências. Por isso, a Epalfer acompanha de perto a mudança para os veículos elétricos, que apresenta muitas novas oportunidades, especialmente nas áreas de baterias e componentes estruturais. “Estamos preparados para esse desafio, como estivemos para todos os que surgiram”, afirma Eduardo. E continua: “estou otimista em relação ao futuro. O nosso objetivo é continuar a investir em tecnologia de ponta, implementar práticas sustentáveis e adotar a IA e a aprendizagem automática, ao mesmo tempo que oferecemos as melhores soluções possíveis aos nossos clientes. Continuaremos a investir nas nossas pessoas, em novas tecnologias e nos princípios que mais nos importam: qualidade, fiabilidade e satisfação do cliente”.

Artigo publicado originalmente no portal FormingWorld.

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