O mais recente relatório da seguradora de crédito Crédito y Caución aponta para uma “aterragem suave em 2025”, mas alerta para o elevado nível de incerteza na economia global, provocado pelas guerras comerciais em curso.
O relatório prevê um crescimento modesto do PIB mundial de 2,8%, com as economias avançadas a crescerem abaixo de 2% e os mercados emergentes a alcançarem uma média de 4%. Nos Estados Unidos, o desempenho do PIB continuará sólido, enquanto a zona euro registará um crescimento muito inferior, de cerca de 0,8%.
A previsão base também aponta para uma continuação da normalização das pressões inflacionárias, com a inflação a aproximar-se do objetivo de 2% tanto na área do euro como nos Estados Unidos. Um panorama apoiado por fatores como a descida dos preços das matérias-primas, o abrandamento do crescimento salarial e a estabilização das cadeias de abastecimento.
O cenário não contempla soluções rápidas para a evolução da guerra na Ucrânia, a escalada do conflito no Médio Oriente ou as tensões em torno de Taiwan. Adicionalmente, espera-se uma intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, com um impacto significativo no comércio mundial. O relatório alerta que, após as eleições norte-americanas, poderá ser necessário “apertar os cintos de segurança” face a possíveis alterações nas políticas comerciais e económicas.
Num cenário base, o crescimento do comércio global atingirá 3,3% em 2025, mas deverá cair para abaixo de 3% em 2026, devido à antecipação de novas tarifas. Setores como o automóvel e o do aço serão os mais afetados. O comércio na zona euro manter-se-á fraco, especialmente no setor transformador, enquanto os EUA e a China deverão registar resultados mais positivos.
O relatório considera também um cenário alternativo, no qual as medidas mais agressivas propostas durante a campanha eleitoral norte-americana seriam implementadas entre 2026 e 2027. Estas medidas incluiriam tarifas elevadas de 60% sobre as importações de produtos chineses e de 10% sobre outros parceiros comerciais, com consequentes tarifas de represália de 40% por parte da China. Este escalonamento aumentaria os custos comerciais e os preços dos produtos, reduzindo a produtividade e limitando o fluxo de tecnologias entre os Estados Unidos e a China.
Neste cenário, a intensificação da guerra comercial provocaria uma perda de confiança por parte das empresas e das famílias, enfraquecendo a procura interna e global. A flexibilização monetária seria interrompida devido aos efeitos inflacionários das tarifas, e os volumes de exportação seriam 4,9% inferiores aos do cenário base em 2030.
intermetal.pt
InterMETAL - Informação profissional para a indústria metalomecânica portuguesa