Contexto atual
A indústria de moldes nacional é a terceira maior produtora europeia de moldes para injeção de plástico e ocupa o oitavo lugar a nível mundial. Representa um importante pilar da economia nacional, contribuindo significativamente para o dinamismo económico do país.
Em 2023, a produção de moldes em Portugal alcançou aproximadamente 947 milhões de euros, dos quais 80% correspondem a exportações para 86 países. A União Europeia absorveu 83% dessas exportações, enquanto a América do Norte foi responsável por 7%.
Ainda em 2023, a indústria de moldes nacional registou uma recuperação, refletida no aumento da produtividade e das exportações após um período de disrupções globais provocadas pela pandemia e pelas dificuldades nas cadeias logísticas. No entanto, este sucesso foi acompanhado por desafios que dificultam a operação das empresas, como o aumento dos custos das matérias-primas, a inflação crescente e as dificuldades logísticas.
O setor automóvel, tradicionalmente o maior cliente da indústria de moldes em Portugal – que representa mais de 70% da produção –, tem registado uma retração devido à transição para veículos elétricos e a novas exigências de mobilidade sustentável. Esta mudança obrigou as empresas a procurar alternativas noutros setores e mercados.
Para enfrentar os constrangimentos no setor automóvel e outros desafios globais, as empresas portuguesas de moldes têm diversificado a sua atividade, expandindo para novos mercados e setores. A procura por moldes nos setores de embalagens, eletrodomésticos, dispositivos médicos e eletrónica aumentou, representando, respetivamente, 9,21%, 3,5%, 2,35% e 2,33% da produção total.
Outros setores, como a agricultura, brinquedos, construção, defesa e artigos para o lar, também têm sido explorados, contribuindo para a diversificação da carteira de clientes e reduzindo a dependência do setor automóvel.
Esta capacidade de adaptação tem sido fundamental para manter níveis elevados de produção, mesmo em períodos de incerteza económica. No entanto, é na busca por novas geografias que reside uma das maiores oportunidades para o setor.
Entre os mercados que as empresas portuguesas de moldes estão a explorar, a Roménia destaca-se como um destino de grande potencial, oferecendo novas oportunidades de crescimento para esta indústria.
Em 2023, este país, estrategicamente localizado na Europa Central e de Leste, foi o 17.º maior importador mundial de moldes, com compras que atingiram 236 milhões de dólares, maioritariamente para a indústria de borracha e plástico.
As exportações de moldes de Portugal para a Roménia registaram um crescimento de 91,5% entre 2019 e 2023, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, posicionando este mercado como um dos mais promissores para as empresas nacionais. Com uma economia em expansão e uma base industrial em franco crescimento, a Roménia é um destino atrativo, sobretudo no setor automóvel.
O país fabrica mais de 513 mil automóveis por ano, sendo o setor responsável por 12% do PIB e por 30% das exportações. Esta dinâmica gera uma elevada procura por moldes de qualidade, área onde as empresas portuguesas se destacam pela sua competência técnica e capacidade de inovação.
Apesar da forte concorrência de países como China, Itália e Alemanha, a qualidade e a flexibilidade dos moldes portugueses, aliadas ao cumprimento das rigorosas normas europeias, têm permitido às empresas nacionais ganharem espaço neste mercado competitivo. A capacidade das empresas portuguesas em fornecer soluções de engenharia personalizadas tem consolidado a sua posição estratégica neste país.
A Roménia, como um dos principais mercados emergentes, oferece ainda incentivos fiscais e políticas favoráveis ao investimento estrangeiro, bem como proximidade geográfica e vantagens comerciais dentro da União Europeia.
Além da Roménia, mercados como a Polónia e a Eslováquia também registaram um aumento significativo nas importações de moldes portugueses, afirmando-se como destinos promissores para a diversificação das exportações.
Igualmente a procura nos Estados Unidos e no México, que juntos representam 4% das exportações, tem crescido, com destaque para a qualidade e inovação oferecidas pelas empresas portuguesas.
Apesar das novas oportunidades, os mercados tradicionais continuam a desempenhar um papel importante para o setor de moldes em Portugal. Espanha, Alemanha e França continuam a ser os principais destinos das exportações nacionais, representando respetivamente, 21%, 16% e 15% das vendas em 2023.
A indústria de moldes em Portugal enfrenta atualmente o desafio de integrar práticas mais sustentáveis, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental.
A transição para uma economia circular, onde se minimizam resíduos e se promove a reutilização de materiais, tornou-se uma prioridade para o setor. Neste sentido as empresas têm vindo a investir significativamente em Investigação e Desenvolvimento (I&D), com o foco na criação de materiais e métodos de produção mais eficientes e ecológicos.
A digitalização e a inovação - pilares que distinguem a indústria de moldes em Portugal –, representam uma oportunidade crucial para aumentar a competitividade das empresas portuguesas no mercado global. Esta transformação tecnológica não só reduz custos e melhora a produtividade, como permite maior precisão e rapidez nos processos, oferecendo soluções personalizadas de alta qualidade aos clientes.
O investimento contínuo em investigação e desenvolvimento (I&D) é também aqui fundamental para que as empresas respondam às exigências do mercado internacional, mantendo a elevada qualidade dos seus produtos.
Ao mesmo tempo, a formação constante dos trabalhadores é uma prioridade estratégica, assegurando uma mão de obra qualificada para operar com as mais avançadas tecnologias e enfrentar os desafios da produção moderna. Esta aposta no desenvolvimento humano e tecnológico reforça a competitividade da indústria de moldes portuguesa a nível global.
A indústria de moldes em Portugal, com uma forte aposta na inovação, diversificação de mercados e soluções sustentáveis, está bem preparada para enfrentar os desafios vindouros.
No entanto, o setor continua a enfrentar obstáculos que podem influenciar o seu crescimento a médio e longo prazo. A adaptação à economia circular, a necessidade de reduzir a pegada ambiental e a digitalização dos processos produtivos são áreas que exigem investimentos contínuos.
Para além disso, a concorrência asiática, a instabilidade económica global, as tensões geopolíticas e a volatilidade dos preços das matérias-primas apresentam riscos adicionais.
A capacidade de adaptação que as empresas têm demonstrado será fundamental para assegurar o sucesso contínuo deste setor estratégico.
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