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Informação profissional para a indústria metalomecânica portuguesa

O Metal Portugal como catalisador da economia portuguesa

Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP

10/09/2024
No ano de 2023, o setor metalúrgico e metalomecânico foi responsável por cerca de uma terça parte das exportações da indústria transformadora nacional, com um volume total de mais de 24 mil milhões de euros. Este notável número - que foi o melhor de sempre no setor -, representou um crescimento homólogo de 4,1%.
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Relativamente ao ano de 2024, após terem sido conhecidos os resultados dos primeiros oito meses, é possível concluir que, não obstante o difícil contexto que a economia mundial está a atravessar, os números aproximar-se-ão dos verificados no ano anterior.

Este excelente desempenho consolida o setor metalúrgico e metalomecânico como o campeão das exportações em Portugal.

Uma indústria que está presente nas principais marcas automóveis de todo o mundo, que integra os melhores aviões, comboios e navios e que acompanha os europeus em todo o seu dia-a-dia, com peças e componentes em todos os artefactos do quotidiano.

Este setor tornou-se competitivo à escala global com base em estratégias bem definidas. Investiu em qualificação dos recursos humanos, em inovação e nos fatores de diferenciação. E apostou de forma muito assertiva na internacionalização. A crise foi uma oportunidade. Perante um mercado interno débil, o Metal Portugal teve a ousadia de procurar o mundo.

Mas o mais importante foi conseguir definir os seus próprios pontos fortes: capacidade de produção de pequenas séries; facilidade em abordar nichos de mercado; versatilidade; e resposta rápida às encomendas. Foi este o segredo do sucesso. E foi assim que a metalurgia e metalomecânica portuguesa se tornou uma referência incontornável.

Infelizmente, nunca há tempo para celebrar. A economia moderna é vertiginosa e as alterações que a abalaram nos últimos anos são absolutamente disruptivas. De repente, a revolução digital impulsionou alguns concorrentes que se pensaria estarem completamente desfocados da indústria metalúrgica e metalomecânica.

Nesse âmbito, o Metal Portugal foi atacado precisamente naquilo que o distingue, nas suas vantagens competitivas. Aquilo que só aquele estava em condições de fazer passou a estar ao alcance de muitos concorrentes através do recurso às ferramentas digitais.

Em simultâneo, emergiu um conjunto de macrotendências que têm vindo a ganhar maior expressão no contexto da indústria transformadora:

  • O encurtamento dos ciclos de vida e de desenvolvimento de produtos;
  • A redução das séries de fabrico;
  • As promessas de customização em massa;
  • As contínuas pressões para a redução do 'time-to-market';
  • As crescentes preocupações ambientais, de maior eficiência na utilização de recursos e a premência na concretização da economia circular;
  • O enfoque na inovação;
  • A maior incorporação de valor nos produtos, através de novos materiais, de soluções de design e engenharia e novas tecnologias;
  • A integração de uma maior componente de serviço em produtos;
  • Os desenvolvimentos promissores ao nível de novas tecnologias para a produção;
  • E, fundamentalmente, um verdadeiro sentido de urgência na transformação digital da indústria.

Este processo de transformação tem implicado, e implicará, mudanças importantes nos modelos operacionais e de negócio das empresas, alterações nos seus processos, métodos de gestão industrial e modos de trabalho, a incorporação de tecnologias avançadas, de novas ferramentas de suporte e de engenharia e o desenvolvimento e incorporação de inovadoras soluções ao nível das tecnologias de produção e das peças técnicas.

As empresas do Metal Portugal consolidaram a consciência de que precisavam de uma agenda para a digitalização para responder a estes desafios. Tornou-se fundamental encontrar novas vantagens competitivas. E isso só será possível através de uma agenda digital.

A AIMMAP participa na liderança deste processo de transformação digital da indústria, articulando esforços com grandes empresas que funcionam como locomotivas da inovação, com os centros tecnológicos, com os centros de formação, com as instituições de interface entre a indústria e a academia, com as universidades, com os clusters subsetoriais e também com algumas agências do Estado português. Dessa forma, pretende ajudar as empresas a prosseguirem as suas trajetórias de crescimento.

Naturalmente, é inevitável que processos produtivos mais automatizados e com uma cada vez maior incorporação de tecnologia conduzam à eliminação de uma significativa fatia das funções, tarefas e procedimentos manuais que atualmente ainda existem nas fábricas do setor.

Não podemos concluir, no entanto, que essa evolução conduzirá automaticamente à destruição pura e simples de postos de trabalho e que o trabalho humano será substituído totalmente por robots.

É verdade que a curto prazo alguns postos de trabalho mais obsoletos serão eliminados. Porém, em simultâneo, serão criados postos de trabalho bem mais atrativos e estimulantes para as novas gerações.

Tendencialmente, os procedimentos manuais acabarão por desaparecer das nossas fábricas. Mas por cada conjunto de postos de trabalho manuais que venha a ser eliminado, será criado um conjunto de postos de trabalho equivalente nos domínios da logística, da qualidade, da inovação ou da investigação e desenvolvimento.

O valor acrescentado inerente a cada posto de trabalho será seguramente maior. E os estímulos ao investimento na qualificação dos recursos humanos serão igualmente mais evidentes.

Acresce que a fronteira entre o trabalho manual e o trabalho intelectual – que é muitas vezes altamente estigmatizante -, tenderá a ser esbatida. O que, naturalmente, fará atenuar as tensões e as desigualdades sociais.

Mas não poderemos estar à espera de que tudo isto aconteça de geração espontânea. É absolutamente indispensável que os programas de educação dos nossos jovens e de qualificação dos recursos humanos passem a ser concebidos de uma forma que antecipe as tendências do futuro. Nomeadamente, o protagonismo da formação terá de ser repartido de forma mais equitativa entre a escola e a fábrica, entre o centro de formação e a empresa.

Ao mesmo tempo é fundamental estarmos conscientes de que o ensino superior, tal como o concebemos atualmente, corre o risco de ficar rapidamente obsoleto. As alterações serão também aqui disruptivas, devendo apostar-se num novo paradigma, com informação de base mais conceptual e menos detalhada, que permita uma maior capacidade de adaptação dos recursos humanos aos diferentes perfis profissionais que terão de percorrer ao longo da sua vida ativa.

Independentemente do exposto, é essencial apoiar as empresas portuguesas a consolidarem os seus processos de digitalização através da aquisição de equipamentos e tecnologias de crescente sofisticação.

Tão ou mais importante ainda será estimular a oferta nacional de tais equipamentos e tecnologias, no sentido de que a modernização de toda a indústria transformadora do nosso país seja promovida e concretizada a partir de produção portuguesa.

A Agenda Mobilizadora ‘Produtech R3 – Recuperação, Resiliência e Reindustrialização’ foi concebida e implementada no âmbito do PRR precisamente nesse sentido.

A concretização dos objetivos de tal agenda será absolutamente diferenciadora, podendo contribuir para um aumento brutal do valor acrescentado na economia portuguesa. Espero sinceramente que os organismos públicos que tutelam e acompanham as agendas não frustrem este enorme salto qualitativo do país, por razões burocráticas, covardia, vistas curtas ou preconceitos.

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