De acordo com a Solar Power Europe, este ano a energia solar fotovoltaica deverá atingir uma capacidade de 400 GW em todo o mundo. Um desenvolvimento que está a impulsionar fortemente a produção de cabos solares e de cablagens para infraestruturas.
O setor fotovoltaico tem registado um grande crescimento nos últimos anos. Em 2022, foram instalados 239 GW de nova energia solar em todo o mundo, mais 45% do que no ano anterior. E, até 2024, prevê-se que a capacidade instalada venha a atingir os 400 GW. De acordo com a Solar Power Europe, até 2027 podemos vir a assistir a um aumento de 800 GW por ano.
A crescente procura de painéis solares exige um aumento de produção de cabos solares. Foto: Pixabay.
Um dos principais motores do crescimento é, por exemplo, a indústria solar na Alemanha. Nos primeiros sete meses de 2023, cerca de 593 mil novos sistemas solares com 7.927 MW já estavam conectados à rede naquele país. No mesmo período de 2022, havia ‘apenas’ 198.200 novas centrais com 4.239 MW. “O elevado crescimento do fotovoltaico mostra claramente que a transição energética na Alemanha chegou às pessoas e se tornou um projeto prático”, diz Norbert Allnoch, diretor do Fórum Económico Internacional para as Energias Renováveis (IWR). O IWR atribui a enorme expansão ao boom da instalação de sistemas solares nas varandas dos edifícios privados.
Mas não só. Também as empresas, que se querem tornar independentes dos aumentos dos preços da energia, têm vindo a instalar sistemas solares. Por exemplo, o fabricante de tubos Uponor está a instalar um sistema fotovoltaico nos telhados da sua sede alemã em Haßfurt - numa área de 4.300 metros quadrados -, a fim de minimizar a pegada ecológica.
A indústria solar está a responder ao aumento significativo da procura através da instalação de novas capacidades. Por exemplo, a HoloSolis SAS, uma empresa fundada em 2022 pela EIT InnoEnergy, o Grupo Idec e a TSE, planeia instalar uma linha de produção de células e módulos solares fotovoltaicos perto da fronteira franco-alemã, no distrito de Sarreguemines. “A unidade de produção deverá estar operacional em 2025, com uma capacidade de cinco gigawatts por ano em plena capacidade”, informa o Instituto Fraunhofer ISE, que apoia a HoloSolis na seleção de tecnologias e no planeamento da fábrica na fase de conceção e construção. A partir de 2025, a produção aumentará gradualmente para dez milhões de módulos fotovoltaicos por ano, com produtos para o mercado fotovoltaico privado e comercial.
O laboratório de produção do centro de avaliação da tecnologia fotovoltaica PV-TEC do Fraunhofer ISE desenvolve e otimiza os processos de produção de células solares de silício cristalino. Foto: Fraunhofer ISE, Dirk Mahler.
Com 29 MW (pico), o maior sistema fotovoltaico flutuante da Alemanha está a ser construído no Mar Báltico, ao largo de Cottbus. Foto: LEAG.
Os cabos desempenham um papel fundamental nos sistemas fotovoltaicos. Eles ligam os módulos individuais, que consistem em várias células solares, uns aos outros e ao inversor. Por sua vez, a corrente alternada é transferida dos inversores para a rede elétrica doméstica. Para este efeito, são utilizados cabos dedicados. Os raios UV, o calor, o frio, a humidade e os produtos químicos representam um desafio especial para os cabos solares, razão pela qual são indispensáveis cabos de elevada qualidade.
“Os cabos solares têm de funcionar de forma fiável, em condições ambientais por vezes adversas, durante toda a vida útil do sistema, estimada entre 20 a 30 anos”, explica o fabricante de cabos Helukabel. Isso exige que sejam utilizados materiais especiais de revestimento e isolamento, não comparáveis com os dos cabos normais, tipicamente usados para fornecer energia a dispositivos elétricos.
Para além da segurança e da durabilidade, a eficiência também é importante para o transporte de energia solar. Por conseguinte, é crucial escolher os cabos mais indicados. Para além da condutividade e da rigidez dielétrica, a secção transversal do cabo desempenha um papel importante: permite que a corrente seja transferida com perdas mínimas. Se um cabo for demasiado fino, pode sobreaquecer e, no pior dos casos, provocar incêndios.
Como resultado do boom da energia solar, os cabos solares fiáveis e de alto desempenho são cada vez mais procurados. No entanto, nem tudo corre sobre rodas. “O crescimento da energia solar representa uma revolução para as redes elétricas europeias, originalmente concebidas para a produção centralizada de energia”, explica a Solar Power Europe. “Os atrasos na interconexão devido ao congestionamento da rede e às longas licenças de extensão da rede aumentam os custos de instalação da energia fotovoltaica e põem em causa a vantagem competitiva da energia solar”. Por isso, o grupo de defesa da indústria exige que os Estados assegurem que “o planeamento da rede abranja todos os aspetos, tendo em conta a necessidade de expansão da infraestrutura, bem como a digitalização da rede e a provisão de flexibilidade”. Só quando as infraestruturas que rodeiam os sistemas solares estiverem desenvolvidas é que estes poderão explorar plenamente o seu enorme potencial e garantir um lugar ao sol para os seus utilizadores.
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