As vendas de robôs a nível mundial disparam em 2021, impulsionadas essencialmente pela falta de mão de obra. Portugal não foi exceção, com as soluções de soldadura robotizada no topo da procura. A Yaskawa é uma das marcas mais ativas neste mercado e também uma das presenças mais antigas em Portugal. Em entrevista exclusiva à InterMetal, Nuno Mineiro, diretor geral da Roboplan, recorda 30 anos de trabalho recompensador com a empresa japonesa, analisa o atual mercado da robótica nacional e explica-nos como é que a Roboplan pode ajudar a indústria metalomecânica a aumentar a sua produtividade.
A sua relação com a Yaskawa remonta a 1992, quando era responsável pela divisão de robótica da Electro Arco. Como começou esta parceria?
Essa parceria começou de uma forma muito natural. A empresa japonesa Yaskawa Electric Corporation (YEC) procurava um distribuidor em Portugal para os seus robôs de soldadura por arco, e selecionou a Electro Arco por ser líder no seu setor em território nacional. O entendimento foi imediato, porque em ambas as empresas se valorizavam muito os aspetos técnicos e de engenharia aplicada.
Sem dúvida, a reconhecida qualidade e inovação dos produtos Yaskawa – que, convém lembrar, é uma empresa mais que centenária, fundada em 1915 -, mas também a nossa preocupação em ter um serviço de apoio ao cliente muito forte e por sermos um projeto com um plano de crescimento sustentável e com objetivos de longo prazo. Nunca vimos a nossa atividade num horizonte temporal curto, mas antes como um processo de longo prazo.
Temos cerca de 1.500 unidades instaladas em empresas fabricantes de componentes para a indústria automóvel, como é o caso da Simoldes Plásticos, da Faurecia, da Dura, entre outras, e em empresas da indústria transformadora, por exemplo, na Sumol Compal, na Teka, na Renova, nas fábricas do Grupo Amorim e no Grupo Roca.
A Roboplan trabalha em parceria com diversos integradores que incorporam os robôs nas suas máquinas. Estas empresas, por sua vez, são especializadas em determinadas áreas de processo, seja em máquinas para chapa, para tubo, para finais de linha, pintura, etc..
Por outro lado, a Roboplan atua também como empresa de engenharia, integrando processos finais, desde que não entrem em concorrência com os integradores/clientes existentes. Neste caso, normalmente, estamos a falar de aplicações muito específicas e com pouca probabilidade de multiplicação de instalações.
Dito isto, a Roboplan tem uma tradição muito forte na área da soldadura por arco, beneficiando do facto da Yaskawa ser, incontestavelmente, a líder mundial nessa área.
Como hoje em dia não há, em geral, maus automóveis, também não existem maus robôs entre as principais marcas. O importante é, sobretudo, a experiência e a dedicação de quem desenvolve a solução, obviamente com base em marcas reconhecidas.
Mas, infelizmente, algumas empresas que se dedicaram à robótica industrial em Portugal deixaram de existir. Quer isto dizer que a sustentabilidade do negócio é um fator crítico na escolha de um fornecedor, porque como cliente não queremos ficar sem a adequada assistência técnica ou o conhecimento detalhado de determinada aplicação.
É desejável que o fornecedor tenha uma dimensão mínima que garanta a qualidade do serviço e da aplicação, simultaneamente com a garantia do equipamento utilizado.
O que sobretudo notámos foi o agravamento da falta de mão de obra disponível para os trabalhos mais físicos, entre eles a soldadura. Ou seja, existe uma forte escassez de soldadores porque as pessoas já não são atraídas por esse tipo de profissão, mesmo que tenham perspetivas salariais razoáveis. Claramente, existem alterações sociais onde se nota que as pessoas evitam as atividades de maior desgaste e mais penosas, e isto é naturalmente verdade também para a metalomecânica.
No nosso entendimento, este aumento de procura resulta, essencialmente, da falta de mão de obra, mas também da necessidade crescente que as empresas sentem de automatizar os seus processos para garantir níveis estáveis de produção e qualidade.
Por outro lado, houve um aumento da procura por determinados tipos de produtos, como por exemplo equipamentos de desporto, devido aos confinamentos obrigatórios e à alteração das rotinas de vida das pessoas.
A indústria dos componentes automóvel é um importante mercado, bem como o que designamos por ‘general industry’ ou indústria ‘end user’, de fabrico de bens metálicos em geral como equipamentos de transporte, mobiliário, equipamentos para construção civil, para a prática de desporto, etc.
A Roboplan tem uma gama muito alargada de células standardizadas que são escolhidas em função das características dos produtos a soldar, que permitem uma utilização muito fiável e simples, e uma instalação rápida. Também é possível criar, para os casos mais complexos, uma célula totalmente feita à medida do cliente.
Hoje, é possível simular com exatidão uma célula em ambiente virtual, por forma a detetar precocemente eventuais problemas, podendo assim eliminá-los antes do equipamento ser instalado no cliente. Isto reduz fortemente o risco tanto para o fornecedor como para o cliente. Além disso, podemos também fornecer os equipamentos dedicados de fixação das peças para soldar (os chamados ‘jigs’) e realizar a simulação completa antes da execução física.
A nossa prestação pode, portanto, ser ‘chave na mão’, com equipamentos e serviços que permitem ao cliente não ter de se preocupar com a solução, focando-se assim na sua atividade principal.
Com as nossas parcerias, dispomos de soluções testadas e muito produtivas para o setor da chapa e do tubo (quinagem, dobragem), corte plasma e laser ou jato de água, tratamento de superfície (lixagem, polimento, pintura), carga e descarga de máquinas ferramenta e muitas outras aplicações mais especificas.
A Yaskawa, devido à sua liderança tecnológica, concebeu um dos robôs colaborativos mais avançados no mercado, a série HC, que permite manipular cargas até 30 kg. O padrão de construção dos robôs colaborativos Yaskawa é o mesmo dos seus robôs industriais convencionais, permitindo uma fiabilidade e robustez a toda a prova. Através da Yaskawa, temos, portanto, à disposição dos nossos clientes, uma das máquinas mais avançadas do mercado.
Convém, no entanto, alertar para o que são as aplicações que são ou não colaborativas, e não só os robôs. Neste aspeto existe ainda alguma confusão no mercado. Podemos ter uma aplicação colaborativa com um robô convencional - que, por exemplo, pára através da atuação de sensores de proximidade quando em interação com um operador -, e podemos ter uma aplicação não colaborativa com um robô colaborativo - por exemplo, se este manipular uma ferramenta perigosa como uma faca ou um feixe laser. A velocidade de operação dos robôs colaborativos também tem sido um fator polémico.
A robótica colaborativa passa assim por uma avaliação de risco, que deve ser obrigatória e que determinará o funcionamento mais ou menos colaborativo da instalação. E nem sempre se acaba por ter um sistema tão simplificado, como alguns fornecedores no mercado querem fazer crer, ou podemos também acabar com uma solução demasiado lenta para os requisitos.
No entanto para a Roboplan a robótica colaborativa é um setor onde apostamos e onde temos feito instalações interessantes, incluindo por exemplo a robótica móvel.
A Roboplan dispõe de uma das maiores equipas de assistência técnica dedicadas exclusivamente à robótica para servir o território português, mas também preparadas para apoio internacional a um cliente que tenha essa necessidade. Temos assistência técnica disponível sete dias por semana, 24 horas por dia.
Além disso, temos capacidade para desenvolver soluções de produção automatizada, com a realização de estudos e simulações, usando a larga experiência da nossa equipa de engenharia e os métodos mais avançados do estado da arte.
Mundialmente, o momento que atravessamos é extremamente imprevisível. Com o pós-pandemia ainda não totalmente dominado, a escassez de materiais e equipamentos, a crise energética e dos preços dos combustíveis, a inflação, a subida das taxas de juro, a guerra na Europa e a sua ameaça de alastrar, o aquecimento global e a seca, a ameaça de fome em países pobres, a economia portuguesa e o seu problema de divida e de crescimento, tornam qualquer previsão um exercício de mera adivinhação.
No entanto, a Roboplan mantém a sua intenção de desenvolver, dentro do possível, os seus recursos humanos, a sua atividade de I&D e aumentar a sua presença nos mercados externos onde já tem projetos realizados, como Espanha, França, Alemanha, Polónia, Marrocos, China, Estados Unidos, Argentina, entre outros destinos.
Para o mercado português, de momento existem demasiadas variáveis de comportamento que o tornam imprevisível, colocando assim qualquer estratégia de médio prazo no plano das decisões diárias. No entanto, como empresa líder na automação e robótica industrial, pretendemos manter um crescimento sustentável, nunca perdendo de vista a nossa missão apoiada em valores como confiança, seriedade e proximidade com os nossos clientes e parceiros.
Junto com os seus parceiros, a Roboplan disponibiliza soluções robóticas para o setor da chapa e do tubo, corte plasma e laser ou jato de água, tratamento de superfície, carga e descarga de máquinas ferramenta, entre outras aplicações mais especificas.
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