Opinião
A natureza integrada na produção, a importância da manutenção e as empresas como agentes na descarbonização do País
João Guerra |Marketing & Communication Director na Helexia Portugal.14/07/2022
A natureza é talvez o maior ativo da nossa existência, cuidar do capital natural - integrar a natureza na economia - é, pois, o caminho fazer, direi mesmo que é a via obrigatória. Com o equilíbrio do binómio economia e ecologia, o desenvolvimento sustentável torna-se possível, para bem das empresas, das pessoas, sociedades e do planeta. Um planeta saudável é uma fonte de recursos incalculável e a melhor herança a deixar paras as gerações futuras.
Em Portugal existem vantagens naturais quase únicas na europa, nomeadamente: uma grande biodiversidade, principalmente se tivermos em conta o mar, e uma forte abundância de fontes de energia renovável. Uma dessas fontes é o sol. A nossa exposição solar e número de horas de sol que temos por ano fizeram aumentar a produção de energia solar fotovoltaica no nosso país. Só em 2021, foram instalados sensivelmente 700 MW, atingindo um total de cerca de 1.770 MW em território nacional, que corresponde a mais 40% de capacidade em relação a 2020.
O crescimento regista alguma assimetria, sendo a grande percentagem ainda através de projetos solares centralizados, o que abre espaço a mais e melhores projetos de solar descentralizado (autoconsumo). Olhando para os últimos três anos (2019, 2020 e 2021), a nova capacidade instalada em solar centralizado rondou os 70%, com o solar descentralizado a registar 30%, reforçando que podemos ser mais ambiciosos neste tipo de projetos. São muitas as vantagens deste formato descentralizado, nomeadamente: Redução imediata da fatura de eletricidade, a produção está próxima do consumo, o que gera menores perdas de energia na rede, com menores custos de interligação. Tipicamente não requer ocupação de terrenos para a sua implantação, porque é feita nos telhados e coberturas de fábricas e outras unidades já existentes, aumentando assim o valor imobiliário destes edifícios.
Todos estes fatores impulsionam as empresas a serem agentes ativos na transição energética e descarbonização do pais, aumentando a nossa competitividade no mercado externo. As centrais solares descentralizadas desempenham um papel importante, sendo o seu ciclo de vida longo. É neste ponto que entra um fator muito importante - a gestão inteligente destes ativos. Um bom plano de monitorização e manutenção é essencial para que as centrais fotovoltaicas obtenham bons rácios de produção. Este fator pode ser a diferença na maximização das taxas de autoconsumo e obtenção das poupanças económicas e ambientais expectáveis.
Porque é que a monotorização é importante? Porque consiste no seguimento remoto em tempo real do estado da central fotovoltaica por uma equipa especializada, disponível 24/7. A responsabilidade da equipa consiste em fazer uma triagem dos problemas reais, reencaminhando incidentes e possíveis causas para as equipas técnicas. O seu trabalho é apoiado por algoritmos desenvolvidos para cada uma das instalações da sua responsabilidade.
A monitorização permite que qualquer desvio ou quebra de produção possam ser descobertos em períodos inferiores a uma hora. A rápida deteção permite uma reação atempada das equipas para que o incidente seja resolvido prontamente. Desta forma garante-se o correto funcionamento da central e a obtenção de excelentes rácios de produção solar.
João Guerra.
Porque é que a manutenção é a chave para uma central saudável? Porque é determinante para uma excelente performance do sistema. Ao longo do ciclo de vida da central é necessário implementar um planeamento de ações preventivas, mantendo a central sempre disponível. A manutenção preventiva é uma ação desenhada e realizada de acordo com os planos definidos pelos fabricantes, respeitando as recomendações e os requisitos da legislação e boas práticas da indústria. Inclui limpeza, inspeção termográfica a todos os equipamentos elétricos, verificação de apertos, entre outras tarefas. No entanto também pode existir necessidade de manutenções corretivas ou extraordinárias. Infelizmente nos últimos tempos temos assistido a eventos climáticos extremos como vento, chuva fortes, temperaturas elevadas ou mesmo poeiras provenientes do deserto. Isto tem impacto na central e só através de uma resposta rápida e coordenada, é possível garantir a disponibilidade dos equipamentos.
Sou da opinião que o crescimento dos projetos de autoconsumo descentralizado tem um impacto positivo na rapidez da transição energética, e consequente descarbonização da economia. Mas, não basta implementar, é necessário garantir que ao longo do ciclo de vida, as centrais de autoconsumo, são acompanhadas de forma profissional, garantindo rácios de produção elevados.
Estes dois fatores são chave para mitigação quer da insegurança energética, quer dos efeitos da escalada nos preços junto das empresas.