A Ferral, empresa portuguesa líder no fabrico de escadas e escadotes, aperfeiçoou a sua escada articulada, num esforço de oferecer soluções mais versáteis ao mercado. Para tal, contou com o apoio do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), que alavancou o desenvolvimento de produto.
As recentes melhorias introduzidas traduzem-se em benefícios como a possibilidade de trabalhar em plataforma e em desnível. A minimização do uso de articulações, bloqueio do movimento telescópico com bloqueador em bengala, e ausência de processos de soldadura estão também entre as novidades que simplificam a logística de fabrico, transporte e uso.
As indústrias de primeiro mundo atravessam uma enorme crise, e as previsões do pós-pandemia teimam em não acertar. O desequilíbrio entre a Oferta e Procura determina prazos de entrega indefinidos e, por regra, muito maiores que os conseguidos em períodos pré-pandemia. A esta equação junta-se ainda um aumento exponencial dos custos logísticos, da eletricidade e dos combustíveis – o que resulta num aumento nos custos das matérias-primas. Apesar de se prever uma normalização das condições de procura, do lado da oferta, a indústria sofre constrangimentos que colocam em risco a recuperação.
O índice do preço das matérias-primas não energéticas do Banco de Portugal [1] mostra, em agosto de 2021, aumentos de 152% relativamente ao mínimo alcançado em abril e de 53% face a fevereiro de 2020, antes do início da crise. No campo dos metais e minerais, os preços são 67% superiores aos de fevereiro de 2020.
Como agravante, observamos ainda o fenómeno dos transportes marítimos. A juntar aos preços que quadruplicam, as empresas lidam com a falta de contentores, mercadorias retidas em portos por falta de ligações, e atrasos de meses na receção de encomendas. Todo este descontrolo nas cadeias logísticas afeta não só o abastecimento como as exportações e alastra ao longo das cadeias de valor, em efeito dominó.
A Ferral insere-se num setor fortemente afetado por estes desafios, tendo, porém, mantido foco na inovação dos seus produtos. Esta aposta, como comprovou a Ferral, é imprescindível na estratégia de crescimento de qualquer empresa que procura obter vantagens competitivas de mercado e melhor atender às necessidades dos clientes.
Em estreita parceria com o INEGI, Centro de Interface Tecnológico (CIT) vocacionado para a realização de atividades de investigação e de inovação de base tecnológica, a Ferral está a desenvolver novos produtos e sistemas, com o objetivo de acrescentar valor ao seu catálogo de produtos.
Fortalecer o portfólio de produtos, repensar produtos já existentes, ou melhorar a escolha de matérias-primas e componentes, são iniciativas importantes para criar valor acrescentado. Neste sentido, a Ferral procura fazer um 'upgrade' à sua linha de produtos profissionais, e está a desenvolver produtos assentes na eficácia dos sistemas e eficiência dos seus recursos, matérias-primas, recursos humanos e logística. Novos conceitos de fixação, arrumação e fecho, maior segurança e intuição na manipulação dos produtos articulados, e sistemas telescópicos disruptivos, são algumas das novidades.
O INEGI respondeu a este desafio apoiando todas as etapas de desenvolvimento de produto.
Começando pela conceptualização e idealização, a equipa multidisciplinar do instituto procurou pensar o planeamento estratégico do produto, e definiu ‘KPIs’, objetivos e requisitos com base em estudos das necessidades e tendências do mercado e seus ‘stakeholders’, e com base nas normas e regulamentos deste tipo de produtos.
Nesta fase, as equipas pensaram em novas soluções, com total 'liberdade' conceptual e de design, debatendo e argumentando, principais funções, prós e contras das soluções. De forma 'grosseira' foram desenhados, em softwares de modelação 3D, as soluções para primeira visualização do conceito e suporte aos workshops de discussão técnicos.
Nestes workshops, a Ferral e o INEGI avaliaram as novas soluções, considerando as matrizes de requisitos e de especificação dos produtos da forma mais quantitativa e qualitativa possível. Debateram-se também materiais e soluções construtivas, antevendo constrangimentos técnicos, tecnológicos e financeiros.
Criada a matriz e definidas as soluções com promissor futuro, definiram-se materiais, e validaram-se condições de funcionamento. Com recurso a ferramentas avançadas de simulação, sem que haja necessidade de prototipagem, despistam-se comportamentos não desejados, determinam-se materiais, geometrias e uniões/fixações.
Deste modo, foi possível reduzir o número de protótipos produzidos, a quantidade de recursos utilizados, e o tempo despendido. O acesso às ferramentas de produção e ao chão de fábrica foi limitado a modelos protótipo, mais próximos do produto final.
Esta estratégia permitiu avançar no processo de desenvolvimento de produto para o projeto de detalhe das soluções. Em estreita ligação com as cadeias de fornecedores da Ferral e com as suas equipas de produção, o INEGI detalhou o produto, tendo em conta os meios de produção, as suas tolerâncias e cadências.
Iniciou-se, nesta etapa, a produção dos primeiros protótipos. Validaram-se condições performance e função do futuro produto, afinaram-se processos de produção e desenhos de fabrico. Seguiram-se os procedimentos de simulação para validação das simulações recolhas de dados de input para os mesmos procedimentos de simulação.
O projeto está em curso, e a equipa continua a otimizar o novo produto, nomeadamente a articulação, recolha e resistência, bem como processos e tecnologias de fabrico necessárias e custo de produção.
A equipa envolvida no projeto continua a otimizar o novo produto, nomeadamente a articulação, recolha e resistência.
A abordagem de desenvolvimento de produto adotada pelo INEGI - com recurso a ferramentas de modelação e de simulação 3D, e equipas multidisciplinares nos domínios da engenharia dos materiais, dos processos e do produto - permitiu um avanço no estado da arte e o desenvolvimento de novas soluções passiveis de serem implementadas como respostas eficazes e eficientes a que mercado hoje obriga.
Como parceiro de inovação, o papel do INEGI é agilizar a criação de soluções e apoiar todas as etapas de desenvolvimento, desde a conceção do novo produto, validação virtual e experimental, prototipagem e ensaios de validação, e cumprimento de procedimentos de certificação. O processo descrito neste artigo é, por isso, exemplo de uma parceria de sucesso entre a indústria e o sistema científico e tecnológico nacional.
Soluções de redução de peso, melhoria das articulações para logística de transporte e de uso, simplificação de sistemas de articulação, e aumento da segurança são alguns dos drivers que impulsionaram a aposta da Ferral. O objetivo era criar escadas altamente flexíveis, que vão simplificar as tarefas dos mais profissionais. A empresa contou, por isso, com o apoio do INEGI para cumprir este objetivo, e está prestes a reforçar assim a sua posição no mercado.
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