ENTREVISTA 15 de trabalho. De todo. Com o processo de digitalização, a nossa intenção é substituir postos de trabalho obsoletos por outros com maior densidade tecnológica, ocupados por perfis profissionais com mais valor acrescentado. Para tal, por um lado, precisamos que a oferta de jovens formados seja ajustada a este novo paradigma e, por outro, precisamos de dar formação profissional aos quadros existentes. Há poucos meses, em entrevista à InterMetal, Wilfried Schäfer, diretor executivo da Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas-Ferramentas (VDW), defendia que os centros de formação do setor, de toda a Europa, deveriam poder incluir a formação superior nas suas valências. Esta poderia ser uma solução para o problema? Poderia e deveria. O problema é que, em Portugal, teríamos a resistência quer do Ministério da Educação, quer do Ministério da Ciência e Tecnologia. Entretanto, de que forma está a ser preenchida essa lacuna? A AIMMAP tem vindo a estabelecer diversas parcerias com instituições como o Instituto Politécnico do Porto, mas também com o INEGI e o INESC TEC. No âmbito do nosso cluster de tecnologias de produção, o Produtech, temos parcerias com a Católica, o Instituto Superior Técnico, entre outras instituições. Já ao nível do ensino profissional, contamos com o Cenfim, o nosso Centro Protocolar de Formação Profissional, em parceria com o IEFP, onde temos um papel mais ativo na definição dos conteúdos programáticos. O nosso objetivo é aumentar, tanto quanto possível, a colaboração com todas estas instituições. Além deste, que outros desafios enfrenta atualmente o setor? Os dois grandes desafios da atualidade são o da transição digital e da transição energética, ambas fundamentais para o futuro do setor. No que se refere à transição energética, as nossas empresas têm investido muito, e cada vez mais, em fontes de energia alternativas, por exemplo, com a instalação de painéis solares nas fábricas ou com a substituição de combustíveis fosseis por soluções neutras em emissões de carbono. A transição digital é, igualmente, um desafio extraordinário, ao qual creio que estamos a responder de forma muito positiva. Como referi anteriormente, as nossas empresas estão cada vez mais digitalizadas, têm uma participação ativa em projetos deste âmbito, por isso acho que estamos no bom caminho. Considerando que muitas destas empresas têm um consumo intensivo de energia, como é que a atual instabilidade dos mercados energéticos afetou, ou afeta, o setor? De facto, temos alguns subsetores, como o da fundição, que são fortes consumidores de energia. Outros não tanto. De qualquer forma, este é um tema muito importante para a AIMMAP e, por isso mesmo, temos vindo a desenvolver ações para promover a eficiência energética nas empresas e para as ajudar a baixar os custos com energia, através da compra coletiva de eletricidade e de gás natural. É verdade que, em 2021, pagámos a energia mais cara de sempre, mas mesmo assim, graças às iniciativas da AIMMAP e à redução das tarifas de acesso (a medida mais importante que o governo adotou nos últimos anos), em termos médios, pagámos um valor inferior ao do ano anterior. Já no primeiro semestre de 2023, com a redução dos preços e a manutenção das tarifas de acesso negativas, tivemos a energia mais barata de sempre. É uma volatilidade quase inacreditável, agravada pela instabilidade em outros fatores de produção determinantes, como o preço das matérias primas. Este ano, muitos destes fatores estabilizaram o que, juntamente com o aumento das vendas, fez com que o primeiro semestre de 2023 fosse o melhor de sempre para o setor, a todos os níveis. No entanto, o segundo semestre está novamente a ser muito difícil. Na maioria dos nossos subsetores, as encomendas estão a baixar significativamente. Simultaneamente, temos indicações de que os nossos concorrentes asiáticos estão a reduzir para metade os seus preços, o que só é possível com apoios de estado. Este facto está a neutralizar o efeito da chamada ‘globalização fragmentada’, ou seja, a tendência para se comprar dentro do mesmo bloco geográfico ou cultural, de que beneficiamos anteriormente. Toda esta instabilidade poderia, de alguma forma, ser apaziguada por uma maior alocação de verbas do PRR às empresas? Sim, claro. Eu admito que há investimentos públicos que são fundamentais para agilizar a economia, como a melhoria de infraestruturas ou a modernização da Administração Pública, por exemplo. Mas as verbas do PRR estão a ser usadas para financiar a despesa pública corrente. Se fossem canalizadas para as empresas, seriam usadas para gerar valor, com claro benefício para o país. A AIMMAP apresentou, em maio, a ‘Visão Estratégica 2030 do Setor Metalúrgico e Metalomecânico’. Quais são os principais objetivos desta iniciativa? O principal objetivo é consolidar o trabalho que fizemos nos últimos anos, mas com uma visão estratégica clara para
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